
Em maio, um morador do bairro encontrou a Lobinha agonizando de dor e a levou ao veterin�rio, mas a cadela n�o resistiu aos ferimentos. Relatos de outros habitantes do bairro d�o conta que, dias antes de ser resgatada, Lobinha teria sido agredida pelo seu tutor. O animal foi encontrado ferido e sozinho. Ao fazerem o exame de necropsia, sinais de abuso sexual foram constatados.
Camila j� foi encontrada sem vida. Em entrevista ao Estado de Minas, a terapeuta ocupacional Caroline Machado Barini contou que um dia, ao passar pelo tutor dela, percebeu que a cadela estava no cio e parecia sentir dor. Ela e uma amiga perguntaram ao homem se podia ver se seria poss�vel castr�-la. Depois que conseguiu o aval de um veterin�rio para a realiza��o do procedimento, ela voltou a procurar o tutor da cadela, mas ele disse que ela havia morrido.
“Eu consegui a castra��o para a Camila, mesmo ela estando no cio. Eu fui atr�s do dono dela e ele primeiro agradeceu. Eu disse que precisava peg�-la, por conta dos preparativos e da interna��o, e a� ele me falou que ela estava morta. Eu falei que n�o acreditava porque, em um primeiro momento, eu achei que ele s� n�o queria que a gente levasse ela para castrar. A� ele me levou at� o barraco dele e ela estava morta”, relata.
Abusos
Camila foi encontrada jogada nos fundos do barraco onde seu tutor fica. Ela estava sem as orelhas e com v�rias marcas pelo corpo. Em um v�deo que a moradora fez � poss�vel ver que a vulva da cadela estava manchada de sangue e bastante deformada.
“Quando ele me disse que iria jogar o corpo dela na barragem eu pedi a ele e falei que iria enterr�-la. N�s fizemos a necropsia, que apontou que ela foi abusada sexualmente”, conta Caroline.
No laudo emitido por uma cl�nica veterin�ria consta que Camila teve a vulva lacerada e o canal vaginal rompido. A causa da morte foi dada como “inconclusiva”, mas a especialista constatou que os ferimentos pelo corpo da cadela e a remo��o das orelhas aconteceram depois de sua morte.
“As altera��es visualizadas na regi�o genital, como a lacera��o presente na vulva e a ruptura do canal vaginal s�o compat�veis com les�o causada pela introdu��o de algum objeto/instrumento de comprimento superior a 8 cm, o que caracteriza viola��o sexual”, escreveu a veterin�ria.
J� no caso de Lobinha, a necropsia apontou que a cadela estava com edemas na vulva e a vagina dilatada. Em sua conclus�o, o veterin�rio respons�vel pela necropsia apontou que n�o foram encontrados espermatoz�ides no corpo da cadela, mas que o abuso sexual poderia ter sido feito com objetos.
“Os achados de vaginite hemorr�gica e ulcerativa associados ao hematoma renal e hemorragia retal s�o compat�veis com les�es de origem traum�tica infligida. Quadros de vaginite, semelhantes ao encontrado na cadela, podem ser causados inclusive por abusos sexuais frequentes. As les�es ulcerativas na comissura labial e na l�ngua podem tamb�m ser causadas pela conten��o do animal durante o ato”, afirmou o especialista.
Demora na investiga��o
Assim que teve acesso � conclus�o dos laudos confirmando os abusos contra as cadelas, Caroline e a amiga fizeram uma den�ncia na Delegacia Especializada de Crimes Contra o Meio Ambiente e Apropria��o Ind�bita, da Pol�cia Civil de Minas Gerais. O boletim de ocorr�ncia foi registrado no dia 19 de julho, no entanto, conforme as mulheres, at� esta sexta-feira (15/9) elas ainda n�o foram intimadas para mostrar os laudos veterin�rios e para depor.
A dupla e outros moradores do bairro t�m medo de que, enquanto alguma provid�ncia n�o � tomada pelo poder p�blico, outros animais possam ser vitimados e abusados.
“Eles sempre andam com muitos animais, principalmente o dono da Camila. Ele sempre � visto com cerca de dez cachorros e �s vezes alguns gatos. E a rotatividade dos animais � muito alta, toda semana ele consegue novos animais. Ele alega que n�o os vende, mas eu tenho pessoas conhecidas que j� compraram animais com eles. Normalmente, as cadelas ficam pouco tempo com ele, muito provavelmente porque ele costuma abusar sexualmente delas”, desabafa Caroline.
A reportagem procurou a Pol�cia Civil para saber como est� o andamento das investiga��es do caso, mas at� a publica��o desta mat�ria n�o obteve resposta.