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Estado de Minas CLIMA

Estudo prev� futuro t�rrido at� para �reas amenas de BH

Despidas de �rvores e sem ventila��o, vilas no Centro-Sul destoam da regional e entram no mapa da vulnerabilidade ao calor at� 2030


06/10/2023 04:00 - atualizado 06/10/2023 05:29
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Termo-higrômetro mede 33,6°C na Vila Novo São Lucas, na quarta-feira, no mesmo momento em que a Estação Pampulha marcava 30°C
Termo-higr�metro mede 33,6�C na Vila Novo S�o Lucas, na quarta-feira, no mesmo momento em que a Esta��o Pampulha marcava 30�C (foto: Fotos: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Relacionada �s ondas de calor que v�m castigando o centro do Brasil, a sensa��o de que os dias est�o mais quentes por mais tempo em Belo Horizonte � um aviso alarmante para regi�es da capital mineira que ainda n�o s�o as mais quentes. Bairros onde n�o se formavam ilhas de calor poder�o estar entre os mais afetados pelas altas temperaturas dentro de sete anos. � o que mostram as proje��es do estudo "Vulnerabilidade a Ondas de Calor 2030", encomendado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH)) e que mapeou 63 bairros mais expostos ao aquecimento at� 2030.

Na tentativa de controlar a eleva��o das temperaturas, informa a PBH, a administra��o municipal vem investindo em estudos como esse – abordado pelo Estado de Minas desde sua edi��o de ontem (5/9) –, e em a��es para reduzir a sensa��o de calor e seus impactos sobre a popula��o.

Na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, a arboriza��o e a proximidade com �reas de boa circula��o de ventos e parques ajudam a amenizar os efeitos do calor�o. Contudo, vilas e favelas dessa regi�o est�o entre os locais que mais podem ser afetados at� 2030 se forem mantidas as condi��es atuais e as mudan�as clim�ticas prosseguirem.

Pelo mapeamento das �reas mais vulner�veis a ondas de calor at� 2030, a regional Centro-Sul aparece como uma ilha cercada de �reas quentes principalmente das regionais Noroeste e Leste. Mas apresenta pequenas manchas de altas temperaturas em locais como as vilas Estrela, Santa Rita de C�ssia, Acaba-Mundo, Fazendinha e S�o Lucas, que despontam como �reas de maior vulnerabilidade.

Nesses espa�os, a ocupa��o de cada metro dispon�vel para as constru��es de habita��es suprimiu as �rvores e criou uma intricada rede de vias estreitas, vielas e becos de asfalto e cimento, sobrando, algumas vezes, apenas as margens de c�rregos polu�dos ainda usados para o despejo do esgoto dom�stico que corre pelas vias.

"Os segmentos mais fr�geis e vulner�veis da popula��o, notadamente crian�as de at� 5 anos e idosos acima de 65 anos, ser�o seriamente afetados. Al�m disso, as popula��es mais pobres possuem um maior d�ficit de adapta��o �s mudan�as clim�ticas devido ao pouco acesso aos recursos financeiros e �s prec�rias condi��es de moradia", indica o estudo.

Na Regional Barreiro, uma das mais amenas da capital devido � arboriza��o, parques, regime de ventos e a proximidade de �reas preservadas e altas como o Parque Estadual da Serra do Rola-Mo�a, o aquecimento pode bater � porta de alguns bairros em 2030 e inclu�-los entre os mais vulner�veis da capital mineira. De acordo com o mapeamento do estudo encomendado pela PBH, a vulnerabilidade poder� ser mais alta nos bairros Bonsucesso, Diamante, Independ�ncia, Itaipu, mas tamb�m pequenos aglomerados do Tirol, Independ�ncia e Urucuia.

Como a reportagem mostrou na quinta-feira, h� 63 bairros mais amea�ados e a Regional Venda Nova � a mais vulner�vel de Belo Horizonte. Nessa regional, 20 bairros s�o altamente vulner�veis, parcial ou totalmente. Em alguns, como o Cen�culo, Europa, Maria Helena, Minascaixa e Conjunto Minas, a situa��o � mais cr�tica. "A dura��o das ondas de calor tende a ser maior e se concentra da por��o central at� a por��o norte do munic�pio. Barreiro e Oeste s�o as regionais menos afetadas", aponta o estudo.

Ainda segundo o estudo, “a Regional Pampulha apresenta a maior varia��o desse �ndice (lugares mais amenos e tamb�m mais quentes) nos seus dois bairros mais vulner�veis, Confisco e Trevo. A regional Centro-Sul apesar de ter a menor vulnerabilidade, possui hotspots (ilhas de calor) de vulnerabilidade concentrados em suas vilas". 
Núbia lucra com a venda de picolés no Bonsucesso
N�bia lucra com a venda de picol�s no Bonsucesso, um dos bairros da Regi�o do Barreiro na lista dos mais vulner�veis ao aquecimento (foto: Fotos: Leandro Couri/EM/D.A Press)
 

EM BUSCA DE REFRESCO

Pelas janelas e portas abertas se ouve risadas e a conversa das ruas como se n�o houvesse paredes. Tudo para ver se algum vento bate, ainda que moment�neo, mas refrescante. Bacias de �gua evaporam tentando amenizar a secura e o calor. "Sou muito al�rgica. Se ligar ventilador, a minha rinite ataca, e n�o consigo fazer mais nada. A� fico nesse sufoco, o jeito � n�o ficar dentro de casa", desabafa a aposentada Margarida Maria de Alacoque, de 65 anos, nascida na Vila S�o Lucas, que pode vir a ser um dos locais mais quentes de Belo Horizonte dentro de sete anos, segundo o estudo "Vulnerabilidade a ondas de Calor 2030".

Na proje��o, a vila aparece como um dos poucos locais na Regi�o Centro-Sul que podem se tornar os mais vulner�veis. Na quarta-feira (4/10), enquanto a medi��o da Esta��o Pampulha do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) ainda registrava temperatura de 30°C, um termo-higr�metro usado pela reportagem acusava 33,6°C na vizinhan�a da aposentada.

E pessoas como Margarida j� sentem os efeitos do aumento calor na pele. "Na minha �poca, n�o havia tantas constru��es de barracos e casas aqui. Era tudo mato, nem luz tinha direito. Mas n�o fazia esse calor�o. O c�rrego que passa aqui era aberto e ajudava a esfriar o dia, mas transbordava e alagava as casas. Hoje, desce do morro carregando lixo e esgoto, mas quando chega aqui passa debaixo do asfalto", conta Margarida.
 
Sem ter como recorrer ao giro das p�s de ventiladores ou a um ar-condicionado, devido � sua condi��o de sa�de, uma das formas que ela e os moradores da vila encontraram para aplacar o calor � o consumo de chup-chup caseiro, vendido a R$ 3 na casa da vizinha de Margarida. "O chup-chup dela � um sucesso, nesse calor vende demais. Ela mesma faz. Quebra o coco, m�i amendoim e faz de polpa de goiaba do quintal tamb�m", conta Margarida.

A venda de picol�s � o que tamb�m aplaca o calor no Bonsucesso, que pode se tornar um dos mais quentes bairros do Barreiro e na lista dos mais vulner�veis da capital nos pr�ximos sete anos. Um contraste com o Bairro Buritis, um dos mais amenos e que tem como divisa com o Bonsucesso apenas o Anel Rodovi�rio. Enquanto o term�metro da Esta��o Pampulha do Inmet marcava 34,9°C, no Bonsucesso o calor era de 37,7°C.

"As vendas de picol�s aumentaram muito com o calor. E agora, com a chegada do Dia das Crian�as, v�o crescer ainda mais. O problema daqui � que n�o tem uma �rvore, s� asfalto e casas, pr�dios pequenos, da�, mesmo sendo alto, fica esse paradeiro, n�o vem um vento para ajudar", disse a confeiteira de picol�s de uma f�brica do bairro, N�bia Natividade Vieira, de 30 anos.

POL�TICAS DE AMENIZA��O

Para tentar aliviar a sensibilidade da capital mineira �s ondas de calor, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, desenvolveu uma s�rie de estudos de pol�tica clim�tica e emiss�es de gases de efeito estufa (GEE). Entre as solu��es j� adotadas ou em implementa��o, a administra��o municipal citou o uso de energias renov�veis, efici�ncia energ�tica em edif�cios p�blicos, moderniza��o das instala��es el�tricas e da ilumina��o p�blica, incentivo � mobilidade ativa e transporte p�blico coletivo, implanta��o gradual de ve�culos de menor emiss�o de GEE no transporte p�blico, a amplia��o da coleta seletiva e tratamento dos res�duos org�nicos, promo��o de �reas verdes e a regenera��o de ecossistemas.

Projetos de preserva��o das �reas verdes podem ajudar a reduzir o calor. Entre eles, o Projeto BH Verde, o Montes Verdes, as Reservas Particulares Ecol�gicas (RPEs), Selo BH Sustent�vel, a implanta��o das miniflorestas e agroflorestas urbanas, os jardins de chuva, o estudo do �ndice de Qualidade das Nascentes e a Biof�brica de Joaninhas.

O pr�prio estudo de vulnerabilidade �s ondas de calor encomendado pela PBH aponta solu��es que podem ser implementadas para reduzir os impactos das ondas de calor e aumentar as condi��es das popula��es sens�veis. "Algumas medidas podem ser tomadas para melhorar a resili�ncia da popula��o e da cidade diante das ondas de calor e das mudan�as clim�ticas passam por programas de cuidado e sa�de espec�ficos. Uso inteligente de �reas verdes (com rotatividade do uso de gramados, arboriza��o que beneficiem o sombreamento, amplia��o de espa�os perme�veis)", indica o estudo.

Tamb�m � necess�ria uma melhoria da acessibilidade �s �reas p�blicas abertas e manuten��o colaborativa dos espa�os p�blicos abertos e verdes entre poder p�blico, privado e organiza��o civil, aponta o documento. Outra sugest�o � a amplia��o dos hor�rios dos parques, com acesso 24 horas por dia nos per�odos mais quentes do ano.

Al�m disso, o estudo diz que o planejamento urbano deve ter um foco na mobilidade integrada entre pedestres, bicicletas e transportes coletivos, “implementando formas de fomento a deslocamentos n�o motorizados”.

O estudo indica, ainda, a adequa��o da geometria urbana �s necessidades de arrefecimento e de ventila��o, principalmente nos limites da cidade onde se concentram os fluxos de ventos. Ainda que um desafio, � preciso pensar tamb�m como se reduzir o tr�fego de ve�culos que geram gases poluentes em locais com pouca ventila��o. Das ruas para as edifica��es, o levantamento indica incentivos � instala��o de telhados e de pavimentos frios, conex�o de fragmentos de �reas verdes atrav�s de corredores ecol�gicos e monitoramento da qualidade do ar e do conforto t�rmico local, aumento da quantidade de �rvores em �reas vulner�veis e fomento � agricultura e � fruticultura urbana. 

Previs�o o tempo

A previs�o para esta sexta-feira � de c�u parcialmente nublado a nublado com pancadas de chuva e possibilidade de tempestade com trovoadas e rajadas de vento ocasionais, principalmente a partir da tarde, sobre a Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. A temperatura m�nima prevista ser� de 21°C e a m�xima de 32°C com umidade relativa do ar m�nima em torno de 40%, � tarde, segundo a Defesa Civil Municipal. 


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