Noite de horror para os pacientes que procuraram o Hospital Risoleta Neves, em Venda Nova, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte desde essa sexta-feira (13). Segundo pessoas que procuraram o hospital, h� falta de m�dicos e durante a madrugada poucos p pacientes foram atendidos.

Do lado de dentro, com o p� inchado e enrolado por uma faixa, est� Gleisson Carlos dos Santos, de 47 anos, trabalhador aut�nomo, que contou estar no hospital desde as 17h de ontem. “Estou com muita dor. Eles n�o me atendem. Dizem que tem de esperar.
Com dor nos rins, o a�ougueiro Jo�o Vitor da Cruz, de 22 anos, diz que est� no hospital desde 18h dessa sexta. “� um total descaso com a gente, paciente. N�o se importam. Mas tenho de esperar, pois n�o tenho outro lugar pra ir”.A professor Henriete Cristina Rodrigues, de 55 anos, conta que chegou �s 2h da madrugada de hoje. Ela sente dor nas costas, mas relata uma situa��o t�o grave quanto n�o ser atendida. “Tem gente com fome aqui, como eu, por exemplo. S� que n�o posso arriscar a ir � lanchonete, para fazer um lanche nesse �nterim, ser chamada. A�, perderia a minha vez. V�rias pessoas est�o na mesma situa��o”.
Mailsa dos Santos de Jesus � lojista e tem um tumor na cabe�a. "Cheguei de manh�zinha. Estou com muita dor, tanto, que n�o consegui ir trabalhar. Me colocaram assentada, aqui, dizendo que iriam me chamar. Mas j� s�o 10h, e nada”.

As pessoas que v�o ao guich� e pedem informa��o s�o encaminhadas � triagem para perguntar. O paciente vai at� o local e a resposta � sempre igual, “tem de aguardar, se quiser ser atendido, ou ent�o, pode ir embora”, responde um funcion�rio.
Gleisson tenta mais uma vez ser atendido. Diz que j� est� no hospital desde a noite anterior. A resposta, mais uma vez, � a mesma: “Tem de esperar”. Ele questiona, e o funcion�rio do hospital diz: “N�o tem jeito. Aguardar � a �nica solu��o. Estamos com 140 pacientes sendo atendidos ou aguardando l� dentro”. Diz isso, e fecha a porta. Gleisson volta a sentar-se numa das cadeiras -ali�s, o espa�o de espera est� lotado.
Revolta

Teve gente que, cansada de esperar, deixou o hospital e procurou ajuda numa UPA, em Venda Nova. Foi o caso de Marcos Ant�nio Oliveira Jorge, que chegou ao hospital com a m�e, Maria Neide, de 72 anos, enfartando.
“Cheguei e expliquei, que inclusive, ela estava na fila do SUS para a troca de stent. Perguntaram o nome e mandaram esperar. Reclamei e disseram que n�o havia m�dicos dispon�veis. Que havia apenas um e que ele estava ocupado.”
Foi quando ele chamou o irm�o, Marcelo, e juntos resolveram levar a m�e para a UPA. “Ela �a morrer. Carregamos ela e a levamos para a UPA. Chegando l�, atenderam de imediato. Levaram para a emerg�ncia. Imagine voc� carregando sua m�e e ela chorando. Isso revolta”, diz Marcos Ant�nio.
Dona Maria Neide permanece na UPA, mas segundo o filho, est� estabilizada. “Agora, estamos aguardando qual ser� a decis�o dos m�dicos, mas aqui, ela est� bem olhada. Fico mais tranquilo”.
O Hospital Risoleta Neves enviou nota ao ESTADO DE MINAS.
“O Hospital Risoleta Tolentino Neves est� vivenciando, nos �ltimos meses, um cen�rio de superlota��o, inclusive sendo noticiado pela imprensa.
O n�mero para o bom funcionamento do Pronto-Socorro s�o 90 pacientes e acima desse quantitativo o Plano de Capacidade Plena � acionado, com medidas para um contexto de satura��o.
Hoje (14/10), �s 7h, haviam 133 pacientes em atendimento dentro do Pronto-Socorro.
Infelizmente, a alta demanda impacta no tempo de espera e nas condi��es de atendimento. Mas ressaltamos que as equipes t�m se esfor�ado para prestar uma assist�ncia segura e qualificada com os recursos dispon�veis.
A saber, a classifica��o dos atendimentos � feita seguindo o Protocolo de Manchester, a partir dos sinais e sintomas dos pacientes, sendo priorizados os casos de emerg�ncia (pulseira vermelha), muito urgentes (pulseira laranja) e urgentes (pulseira amarela).
Al�m da gravidade, os usu�rios s�o direcionados para as especialidades conforme suas demandas de sa�de. Ressaltamos que a superlota��o no Risoleta � comum � de outros hospitais com Pronto-Socorro e UPAs, relacionada � insuficiente capacidade dos leitos de retaguarda, sazonalidade de doen�as, perda de capacidade das fam�lias de manterem planos de sa�de, entre outros fatores.
O Risoleta � o �nico Hospital Geral da regi�o, refer�ncia em urg�ncia e emerg�ncia para cerca de 1,5 milh�o de habitantes do Eixo Norte de BH e dos munic�pios vizinhos.”