Manifestantes antigoverno se aproximaram ainda mais da capital l�bia neste domingo, enquanto violentos confrontos voltaram a ocorrer na cidade de Benghazi, numa escalada que, de acordo com a organiza��o Human Rights Watch, pode terminar em massacre, com mais de 100 pessoas mortas pelas for�as de seguran�a at� agora.
Testemunhas relataram � AFP por telefone que as for�as do governo atacaram os manifestantes na cidade de Misrata, no Mediterr�neo, a 200 quil�metros da capital Tr�poli.
Os manifestantes tamb�m voltaram a ocupar as ruas de Benghazi, a 1.000 quil�metros da capital, onde a repress�o - apoiada por "mercen�rios africanos", segundo as testemunhas - atira contra a multid�o "indiscriminadamente'.
"Os advogados est�o protestando em frente ao tribunal de Benghazi, h� milhares de pessoas l�. Estamos chamando (o local) de 'Pra�a Tahrir 2'", disse � AFP o advogado Mohammed al-Mughrabi, referindo-se � pra�a onde os manifestantes se concentraram no Egito por 18 dias para derrubar o presidente Hosni Mubarak.
Na L�bia, o alvo dos protestos � o ditador Muamar Kadhafi, h� mais de quatro d�cadas no poder.
Snipers
Tamb�m em Benghazi, manifestantes "atacaram uma guarni��o" da pol�cia e "est�o sendo atacados por franco-atiradores", acrescentou al-Mughrabi, sem dar mais detalhes.
Al-Mughrabi estimou que "pelo menos 200 j� foram mortos no total (desde o in�cio dos confrontos na semana passada), mas n�o podemos checar isto no hospital".
"Estamos pedindo � Cruz Vermelha que envie hospitais de campanha. N�o podemos aguentar mais".
Massacres escondidos
Em entrevista � rede Al-Jazeera, um morador alertou que Benghazi est� se transformando em palco de "massacres escondidos".
"Parece uma zona de guerra entre manifestantes e as for�as de seguran�a", denunciou Fathi Terbeel, um dos organizadores dos protestos.
"Nossos n�meros mostram que mais de 200 pessoas j� foram assassindas. Que Deus tenha piedade delas", acrescentou.
O banho de sangue em Benghazi come�ou no s�bado, quando grupos que se dirigiam para os funerais das v�timas da v�spera atacou um quartel no caminho do cemit�rio, explicou � AFP Ramadan Briki, editor de um jornal local.
As pessoas jogaram coquet�is Molotov, e as tropas responderam com tiros, "deixando pelo menos 12 mortos e muitos outros feridos", contou Briki, do Quryna, citando fontes das for�as de seguran�a.
Sabotagem
Em outra parte do pa�s, um alto funcion�rio l�bio revelou � AFP que as for�as de seguran�a frustraram uma tentativa de sabotagem em po�os de petr�leo do campo de Sarir.
Seis l�bios foram presos no epis�dio, no qual "a quadrilha recebeu suas armas de fora da L�bia e recebeu instru��es pela internet", segundo a mesma fonte.
O balan�o de mortos nos protestos anti-Kadhafi desde ter�a-feira j� alcan�a 104, segundo a HRW, que cita m�dicos e testemunhas.
"Esta � uma imagem incompleta, porque as comunica��es com a L�bia s�o extremamente dif�ceis", explicou � AFP Tom Porteous, diretor do escrit�rio da HRW em Londres.
"Estamos muito preocupados de que, sob o 'blackout' de comunica��es que se instalou na L�bia desde ontem (s�bado), uma cat�strofe humanit�ria esteja acontecendo", alertou Porteous.
Ainda de acordo com o diretor da HRW, o governo interrompeu toda a comunica��o via internet no pa�s desde a noite de s�bado, e a interfer�ncia nos servi�os telef�nicos tornou "extremamente dif�cil conseguir informa��es".
Em meio ao caos do fim de semana, a Turquia repatriou mais de 250 cidad�os que estavam na L�bia, enquanto a �ustria anunciou neste domingo que est� enviando avi�es militares para Malta com o mesmo objetivo.
Kadhafi, de 68 anos, mais antigo ditador do mundo �rabe, ainda n�o fez coment�rios p�blicos sobre a revolta no pa�s.