
Analistas pol�ticos argentinos acreditam que o novo epis�dio for�ou um intervalo nos atritos da governante com setores econ�micos e com a grande imprensa. Eles consideram tamb�m que, a exemplo de outros l�deres vizinhos acometidos pela doen�a (Luiz In�cio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Fernando Lugo, Hugo Ch�vez e Jos� Alencar), a Casa Rosada reagiu de forma adequada ao assumir publicamente o problema e anunciar que o vice, Amado Boudou, assumir� o cargo no per�odo de licen�a da presidente, entre 4 e 24 de janeiro. O presidente da Venezuela, Hugo Ch�vez, foi o primeiro entre os v�rios l�deres latino-americanos que ligaram ontem para a presidente, entre eles a colega brasileira, Dilma Rousseff.
Os principais jornais argentinos dedicaram a capa e um extenso espa�o de cobertura para o estado de sa�de da presidente. Os di�rios Clar�n e La Naci�n, advers�rios do governo e envolvidos em uma longa queda de bra�o com Cristina, reservaram grande parte de suas edi��es ao caso, coberto ao longo do dia em seus websites. No do Clar�n, abaixo de v�rias reportagens sobre o tema, aparecia a not�cia da publica��o, no Di�rio Oficial argentino, da promulga��o da lei que declara de interesse p�blico a fabrica��o e distribui��o de papel-jornal. Na pr�tica, a medida torna estatal a empresa Papel Prensa, e o Clar�n e o La Naci�n deixam de ser seus acionistas majorit�rios.
A primeira apari��o p�blica ap�s o an�ncio do c�ncer foi em um ato para a apresenta��o de um programa para sanar d�vidas das prov�ncias (estados). A presidente procurou demonstrar for�a e pediu a empres�rios e trabalhadores prud�ncia e equil�brio nas reivindica��es, em um cen�rio econ�mico no qual os sindicatos se queixam de sal�rios e impostos, enquanto as empresas reclamam da perda de competitividade. Cristina aproveitou para recomendar ao vice, Amado Boudou, que “tome cuidado com o que vai fazer” durante os 20 dias em que assumir� a presid�ncia.
Sem oposi��o Na avalia��o do analista pol�tico Rosendo Fraga, diretor do Centro de Estudos Nueva Mayor�a, de Buenos Aires, o embate entre o governo e o dirigente da poderosa central sindical CGT, Hugo Moyano, assim como os atritos com o governador da Prov�ncia de Buenos Aires, Daniel Scioli, eram at� ter�a-feira os temas pol�ticos mais relevantes para 2012. “Agora, passou a ser a sa�de presidencial”, afirmou. Fraga analisa que quanto maior a personaliza��o da lideran�a pol�tica, como no caso da Argentina, mais importante � o tema da sa�de. “Ainda mais que, nesse caso, se trata da maior acumula��o de poder pol�tico-institucional desde 1983”, comenta o analista.
A not�cia pegou todo o pa�s de surpresa. Para o professor argentino Lu�s Fernando Ayerbe, coordenador do Instituto de Estudos Econ�micos e Internacionais da Unesp, gerou um clima de solidariedade na Argentina. “Sempre que algo assim acontece, as diferen�as com a oposi��o ficam um pouco adormecidas”, afirmou. “Houve um grande debate pol�tico nas �ltima semanas, mas essa not�cia (da doen�a) cria um intervalo.”
Tanto Ayerbe como Fraga veem como positivo o fato de o governo tratar com transpar�ncia a doen�a da presidente e divulgar o diagn�stico prontamente. O jornal La Naci�n trouxe uma reportagem na qual afirma que Cristina levou um grande susto ao ouvir a palavra c�ncer e teve um “momento inicial de consterna��o”, mas logo se recomp�s ao ser tranquilizada pelos m�dicos. Em seguida, o secret�rio de Comunica��o da Casa Rosada, Alfredo Scoccimarro, fez um comunicado breve e claro sobre o caso, a exemplo do que fizeram o ex-presidente brasileiro Luiz In�cio Lula da Silva e o presidente paraguaio, Fernando Lugo. Atitude contr�ria teve Ch�vez, que at� agora mant�m sigilo sobre seu estado de sa�de, alimentando especula��es.