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Estado de Minas

Quatro anos de torturas e priva��es nas pris�es de Bashar al-Assad

A tortura est� institucionalizada na S�ria, segundo v�rios testemunhos reunidos por organiza��es n�o governamentais


postado em 01/03/2012 15:16

Abu Mahmud, de 27 anos, relata com voz mon�tona os quatro anos que passou nos c�rceres do presidente s�rio Bashar al-Assad, descrevendo um universo similar ao de campos de concentra��o com pris�es arbitr�rias, torturas incessantes e condi��es de vida atrozes.

Este homem barbudo, libertado h� tr�s meses por causa das medidas do governo para acalmar a insurrei��o, n�o quis ser fotografado e nem deu o seu verdadeiro nome por precau��o. Ele acredita que a vit�ria da revolu��o ainda est� longe.

No final de 2007, "50 policiais chegaram durante a noite. Eu tinha 22 anos, estudava matem�tica na Universidade de Homs", contou.

Ningu�m explicou os motivos de sua pris�o. Desta forma come�aram seis semanas de torturas di�rias. "Eu ficava com os olhos vendados, as m�os amarradas, cabos el�tricos conectados em meu corpo. Ligavam a eletricidade e batiam o cabo na planta dos meus p�s", afirmou.

A tortura est� institucionalizada na S�ria, segundo v�rios testemunhos reunidos por organiza��es n�o governamentais. Os torturadores duvidavam de minha culpabilidade, disse Abu Mahmud. "Nas primeiras semanas n�o me fizeram nenhuma pergunta, s� me torturaram", acrescentou. Tr�s anos depois me disseram que eu era acusado de "pertencer a uma organiza��o secreta que queria derrubar o governo". "Na verdade, um amigo deu o meu nome quando foi torturado, mas a tortura faz voc� dizer qualquer coisa", falou.

As sess�es de tortura diminu�ram, mas as condi��es de vida eram terr�veis. Em um centro secreto de Damasco, onde ficou por dois dias, "�ramos 28 em uma cela de 6m². A gente se revezava, enquanto nove dormiam, nove ficavam abaixados e nove de p�".

Em seguida foi transferido para Sednaya, um estabelecimento para presos pol�ticos. "No primeiro dia me bateram com cabos nas pernas. No segundo dia rasparam minha cabe�a e me bateram de novo", acrescentou. "Durante 25 dias �ramos quatro em uma cela subterr�nea de 3m², com tr�s cobertores e sem aquecimento. Era janeiro (pleno inverno)", relatou.

Depois foi transferido para outra cela: 34 pessoas em 40m², foi o fim das torturas, "salvo quando cri�vamos problemas: se rez�vamos, se fal�vamos alto..."

No dia 27 de mar�o de 2008 aconeteceu uma rebeli�o. "Batemos nas portas, algumas quebraram, subimos no teto. Negociamos e conseguimos fazer com que nossas fam�lias fossem nos ver".

No dia 5 de junho "vi meus pais pela primeira vez. Nem sabiam que eu estava vivo", recordou.

Mas, no dia 5 de julho 1.500 soldados come�aram a torturar na cadeia. "Era o castigo pelo levante. Mas n�s recome�amos e conseguimos quebrar as paredes", contou.

Os amotinados, superiores em n�mero, tomaram o controle. "Fizemos com que os soldados subissem, pelados, no telhado. O governo ordenou que abrissem fogo. Morreram 50 pessoas, a metade prisioneiros, a outra metade soldados", acrescentou.

Os presos controlaram a cadeia por cinco meses, depois se renderam por falta de �gua e comida. Trinta e cinco entre eles n�o quiseram se entregar e foram mortos. Abu Mahmud foi transferido novamente.

O pesadelo acabou devido � revolta, que suavizou a amargura do jovem. "Eles estavam prestes a destruir a minha vida, mas eu estou feliz por estar livre", disse com um sorriso.

Estes sofrimentos mudaram a sua rela��o com a religi�o. "Minha f� � muito mais forte. Rezo muitas vezes, falo com Deus. Antes eu falava com todo mundo, agora estou distante. Eu n�o tenho confian�a nas pessoas", explicou Abu Mahmoud.

No entanto, n�o pega em armas. "Eu sou pac�fico, eu protesto. N�o tive sorte, tudo isso pode acontecer a qualquer um com Assad". "Mas se um dia eu ficar diante dele, n�o vou dizer nada. Vou mat�-lo", sussurrou, sorrindo pela primeira vez.


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