(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

As v�timas do conflito, o ponto mais espinhoso para a paz na Col�mbia


postado em 19/10/2012 16:27

Dar uma resposta satisfat�ria �s v�timas do conflito armado na Col�mbia, o mais longo do continente - com quase meio s�culo de dura��o - ser� um dos pontos mais complexos do processo de paz iniciado entre o governo e a guerrilha das Farc esta semana na Noruega, consideraram especialistas.

O problema das centenas de milhares de v�timas � um dos cinco pontos da agenda que ser� debatida em Havana a partir de 15 de novembro, e aflorou incomodamente nos discursos de instala��o da mesa de di�logo.

"As Farc devem se explicar para as v�timas", afirmou enf�tico o chefe da delega��o governamental, o ex-vice-presidente Humberto de la Calle. "N�o cometemos crimes contra o povo", respondeu Iv�n M�rquez, n�mero dois das For�as Armadas Revolucion�rias da Col�mbia, que lidera a equipe da guerrilha comunista.

Ao longo das �ltimas cinco d�cadas, o conflito interno colombiano envolvendo diversas guerrilhas de esquerda, grupos paramilitares de extrema direita, narcotraficantes e agentes do Estado deixou pelo menos 600.000 mortos, cerca de 15.000 desaparecidos e 3,7 milh�es de pessoas deslocadas pela viol�ncia.

"� preciso ouvir a voz das v�timas, que s�o muitas. � preciso fazer todo o esfor�o poss�vel para dar a elas a verdade e uma repara��o. Cinquenta anos de viol�ncia n�o � uma coisa qualquer", disse � AFP Luis Eduardo Celis, da Corpora��o Nuevo Arco Iris, que estuda o tema.

"Mas � necess�rio encontrar um equil�brio que permita acabar com o conflito. O processo de paz n�o pode ser conduzido somente com base nos interesses da v�timas, mas tamb�m nos interesses das sociedade", ressaltou este especialista.

O parlamentar de esquerda e defensor dos direitos humanos Iv�n Cepeda afirmou que a instala��o da mesa de negocia��es "suscita otimismo e entusiasmo", embora tenha reconhecido que os discursos dos delegados mostram "o qu�o dif�cil ser� este caminho".

"Nestes 50 anos, tanto as guerrilhas como o Estado cometeram crimes de lesa Humanidade. Nem o Estado pode lavar as m�os, nem as Farc. A voz das v�timas ser� essencial para o processo. Creio que com paci�ncia e perseveran�a podemos chegar a isso", disse � AFP este congressista, que teve o pai assassinado em 1994.

At� o ano passado, a unidade de direitos humanos da Procuradoria havia aberto investiga��es por mais 1.500 casos relacionados com homic�dios cometidos supostamente por agentes do Estado.

Entre essas v�timas est�o os casos conhecidos como "falsos positivos", civis assassinados por militares que os fizeram passar por guerrilheiros mortos em combate, com o objetivo de obter recompensas de superiores.

"Os militares est�o preocupados com o que possa acontecer com eles. Se perguntam se eles ser�o os �nicos a receber penas m�ximas de pris�o de 40 anos", disse Celis.

Antes do in�cio do processo de paz, o Congresso j� havia assentado as bases para eventualmente permitir que os guerrilheiros que abandonarem a luta armada sejam beneficiados com mecanismos como a redu��o ou a suspens�o de penas.

Sigifredo L�pez, ex-deputado regional mantido em poder das Farc entre 2002 e 2009, afirmou que "a paz n�o pode ser conquistada de costas para as v�timas, que s�o as �nicas que podem perdoar".

"Estamos dispostos a perdoar, mas deve ser formada uma comiss�o da verdade para todas as v�timas de todos os grupos armados e dos agentes do Estado", disse L�pez � AFP.

A quest�o do sequestro talvez seja um dos temas que mais marquem a sociedade colombiana.

Celis afirma que nos �ltimos 20 anos, as Farc cometeram milhares de sequestros de maneira sistem�tica. "Este � um crime de lesa Humanidade, e algu�m ter� que pagar por ele, mas n�o podem ser todos os guerrilheiros porque, se for assim, com que motiva��o ir�o para a mesa de di�logo?", disse.

Ismael M�rquez, presidente da associa��o civil Los que Faltan e que tem um filho desaparecido depois de ter sido supostamente sequestrado pelas Farc em 1999, disse que se sente "totalmente desamparado e marginalizado".

"In�meros familiares de todo o pa�s v�m clamando e insistindo que querem saber o que aconteceu com seus entes queridos. Se morreram no cativeiro, devem informar o que aconteceu", disse M�rquez � AFP.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)