
Temperaturas extremas, seca, cheias e a perda sem precedentes de gelo no �rtico marcaram o clima global em 2012, aumentando a preocupa��o a respeito da evolu��o das mudan�as clim�ticas, reportou esta quarta-feira a Organiza��o Meteorol�gica Mundial (OMM), em um relat�rio.
"A mudan�a clim�tica est� acontecendo diante dos nossos olhos e continuar� assim", declarou o diretor da OMM, Michel Jarraud, ao divulgar um relat�rio clim�tico que coincide com novas negocia��es sobre um tratado da ONU para conter os gases estufa.
O per�odo de janeiro a outubro de 2012 foi o nono mais quente desde que os registros come�aram em 1850, informou a OMM.
A temperatura terrestre e na superf�cie dos oceanos ao longo destes 10 meses foi cerca de 0,45 grau Celsius acima da m�dia de 1961-1990, de 14,2ºC, acrescentou.
"Observou-se em todo o mundo a ocorr�ncia de eventos extremos not�veis, mas algumas partes do hemisf�rio norte foram afetadas por extremos m�ltiplos", destacou Jarraud, chamando a aten��o para os epis�dios seguintes:
- ONDAS DE CALOR atingiram os Estados Unidos, que registraram 15.000 novos recordes de temperatura di�ria s� em mar�o, assim como o sul da Europa, grande parte da R�ssia e o noroeste da �sia.
A seca atingiu muitos pa�ses, afetando 9,6 milh�es de pessoas nas prov�ncias chinesas de Yuan e Sichuan.
- INUNDA��ES atingiram muitas partes do oeste da �frica e do Sahel entre julho e setembro, afetando cerca de tr�s milh�es de pessoas e matando ao menos 300.
Na regi�o de Krasnodar, no oeste da R�ssia, as inunda��es de julho mataram cerca de 200 pessoas e causaram danos a propriedades estimados em US$ 630 milh�es.
Algumas regi�es do sul da China enfrentaram as chuvas mais intensas dos �ltimos 32 anos em abril e maio.
- TEMPESTADES deixaram um rastro de danos no Caribe e na costa leste dos Estados Unidos, enquanto a bacia do Atl�ntico viveu uma temporada de furac�es acima da m�dia pelo terceiro ano consecutivo.
Segundo a OMM, no total 19 tempestades tropicais atingiram a regi�o at� agora, dez delas como furac�es.
Na segunda-feira, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, estimou os custos dos danos da supertempestade Sandy em mais de US$ 60 bilh�es s� em Nova York e Nova Jersey.
Os efeitos foram "muito maiores do que (o de furac�es similares) 100 anos atr�s", disse Jarraud, destacando que os n�veis do mar hoje est�o 20 cent�metros mais elevados, o que permite que a �gua avance mais para o continente no caso de uma tempestade.
A OMM tamb�m alertou para o derretimento sem precedentes do gelo marinho no �rtico, confirmando dados publicados em setembro pelo Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo dos Estados Unidos.
A cobertura de gelo �rtico encolheu para apenas 3,4 milh�es de quil�metros quadrados, atingindo seu ponto mais baixo em 16 de setembro, 18% a menos do que o recorde de baixa anterior, em 2007.
O novo registro tamb�m foi 49% mais baixo do que a m�dia de 1979-2000, correspondendo a uma perda adicional de gelo de cerca de 3,3 milh�es de quil�metros quadrados, mais ou menos o tamanho da �ndia, acrescentou a OMM.
"Em agosto, o gelo no oceano �rtico perdeu uma m�dia de cerca de 92.000 quil�metros quadrados de gelo por dia, a perda mais r�pida j� observada para um m�s de agosto", destacou o relat�rio.
O documento apontou para a Groenl�ndia, cuja perda de gelo terrestre � considerada particularmente s�ria pois pode causar a eleva��o do n�vel do mar, destacando ter registrado um recorde absoluto de calor para maio, quando os term�metros chegaram a 24,8ºC.
A cobertura de gelo, tanto do �rtico quanto da Groenl�ncia, parecia estar derretendo "relativamente mais r�pido" do que o previsto cinco anos atr�s, disse Jarraud, destacando que "a tend�ncia n�o apenas continua, mas est� se acelerando".
Ele alertou que as temperaturas mais elevadas ocorreram apesar da influ�ncia de resfriamento do fen�meno clim�tico La Ni�a no Oceano Pac�fico tropical no come�o do ano.
Falando de um tema familiar, Jarraud admitiu ser dif�cil atribuir qualquer evento clim�tico extremo �nico ou fen�meno de temperatura ao aquecimento global.
Mas tais eventos n�o "s�o incompat�veis com o aquecimento global" e s�o "provavelmente uma consequ�ncia disso", afirmou.
A divulga��o do relat�rio da OMM, baseado em dados clim�ticos preliminares de 2012, coincidiu com as negocia��es anuais sobre clima da ONU, celebradas este ano em Doha, Qatar.