O general Abdel Fatah al-Sisi, comandante do ex�rcito eg�pcio e homem forte do pa�s, afirmou neste domingo que o Egito "n�o ceder�" � viol�ncia dos islamitas, durante uma reuni�o com os principais chefes militares e da pol�cia.
"Quem imagina que a viol�ncia vai dobrar o Estado e os eg�pcios deve revisar sua postura. N�o permaneceremos nunca silenciosos ante a destrui��o do pa�s", afirmou, em sua primeira declara��o desde o in�cio, na quarta-feira, da violenta repress�o contra os partid�rios do presidente destitu�do Mohamed Mursi.
O comandante do ex�rcito fez as declara��es durante uma reuni�o com mais de 100 oficiais superiores do ex�rcito e da pol�cia, al�m do ministro do Interior, Mohamed Ibrahim. Mais de 750 pessoas morreram nos �ltimos cinco dias, sobretudo partid�rios de Mursi, assim com 70 policiais. Os partid�rios de Mursi, destitu�do pelo ex�rcito, anunciaram o cancelamento de algumas manifesta��es neste domingo no Cairo "por raz�es de seguran�a".
Os militantes islamitas haviam anunciado nove manifesta��es no Cairo como parte da "semana contra o golpe de Estado".Yasmine Adel, porta-voz da Alian�a contra o Golpe de Estado, declarou � AFP que "v�rias marchas foram canceladas por
raz�es de seguran�a".
No bairro de Dokki, no centro do Cairo, alguns moradores entraram na mesquita que os islamitas pretendiam usar como ponto de partida para uma passeata e colocaram no local um cartaz de um policial assassinado.
Nenhum manifestante estava presente, temendo a rea��o dos "comit�s populares", grupos de autodefesa formados em geral por jovens armados que atacam homens de barba longa e as mulheres que usam o v�u isl�mico integral. Patrulhas cidad�s interromperam carros com homens com barba e os retiraram dos ve�culos.
Como um aparente sinal da falta de organiza��o da Irmandade Mu�ulmana, cujos dirigentes em sua maioria est�o presos ou foragidos, v�rios comunicados contradit�rios anunciaram a anula��o ou manuten��o das nove manifesta��es programadas.
O ex�rcito bloqueava as grandes avenidas do Cairo para impedir as manifesta��es dos islamitas. A televis�o, no entanto, exibiu imagens de manifesta��es fora da capital eg�pcia.
Rea��es internacionais
Congressistas americanos defenderam neste domingo o corte da ajuda militar ao Egito. O senador John McCain, que prop�s a suspens�o da ajuda de 1,3 bilh�o de d�lares por ano concedida pelo governo americano depois da queda de Mursi no in�cio de julho, disse que Washington arrisca perder a credibilidade se continuar ignorando a violenta repress�o no Egito. "Organizaram um massacre", disse, a respeito das 750 pessoas mortas na repress�o das manifesta��es de rua dos �ltimos dias.
"Temos influ�ncia, mas quando n�o se usa esta influ�ncia, ent�o a influ�ncia � perdida", disse McCain, um "falc�o" republicano e frequente cr�tico da pol�tica externa de Obama, no programa "State of the Union" do canal CNN.
O senador Rand Paul, estrela em ascens�o do Partido Republicano, tamb�m defendeu o corte da ajuda ao Egito, no programa "Fox News Sunday", advertindo que n�o acredita que os Estados Unidos mantenham "o apre�o do povo eg�pcio quando observam um tanque americano na rua".
Obama cancelou na semana passada manobras militares conjuntas com o Egito, mas n�o suspendeu a ajuda ao Cairo, aliado chave no Oriente M�dio e um dos dois pa�ses �rabes que assinaram tratado de paz com Israel. A Casa Branca se recusa a chamar de "golpe" a destitui��o de Mursi, o que significaria cortar a ajuda, argumentando que busca estimular o pa�s a transitar para a democracia.
O senador democrata Richard Blumenthal disse que o governo deve "condicionar a futura ajuda a medidas espec�ficas para a vig�ncia da lei e o retorno � democracia".
"N�o devemos cortar toda a ajuda. N�o dispomos de boas op��es a respeito. Mas das duas, existe mais possibilidades de proteger os interesses americanos se trabalharmos com os militares", disse no "Fox News Sunday." Os dirigentes da Uni�o Europeia (UE) Herman Van Rompuy e Jos� Manuel Dur�o Barroso advertiram o governo eg�pcio que o bloco est� disposto a revisar as rela��es com o Cairo se a viol�ncia n�o cessar no pa�s.
Em um comunicado conjunto, os presidentes do Conselho da Europa e da Comiss�o Europeia alertam que o aumento da viol�ncia pode ter "consequ�ncias imprevis�veis" para o Egito e para a regi�o. Eles apelam � responsabilidade do governo e do ex�rcito para o retorno da calma.
"Os pedidos de democracia e por liberdades fundamentais da popula��o eg�pcia n�o podem ser ignorados, muito menos banhados em sangue", afirmam os l�deres europeus. "Em coopera��o com os s�cios internacionais e regionais, a UE seguir� firmemente comprometida no esfor�o de promover o fim da viol�ncia, a retomada do di�logo pol�tico e o retorno de um processo democr�tico".
"Com este objetivo, a UE, ao lado dos Estados membros, revisar� urgentemente nos pr�ximos dias as rela��es com o Egito e adotar� medidas para alcan�ar estes objetivos", afirma o texto. Na segunda-feira, representantes diplom�ticos dos 28 membros da UE ter�o uma reuni�o de emerg�ncia em Bruxelas sobre o Egito, antes da convoca��o de um encontro dos ministros europeus das Rela��es Exteriores nos pr�ximos dias.
O comunicado, que ressalta que o fim imediato da viol�ncia � crucial, aponta que "embora todos devam exercer a m�xima modera��o, destacamos a responsabilidade em particular do governo provis�rio e do ex�rcito para acabar com os confrontos".
"A viol�ncia e os assassinatos dos �ltimos dias n�o podem ser justificados nem tolerados. Os direitos humanos devem ser respeitados e defendidos. Os presos pol�ticos devem ser liberados".
No Vaticano, o Papa Francisco fez um novo apelo a favor da paz no Egito.
"Seguimos rezando pela paz no Egito", declarou o pont�fice no tradicional �ngelus dominical no Pal�cio Apost�lico na pra�a de S�o Pedro.