
Israel prosseguia nesta quarta-feira com sua ofensiva em Gaza, apesar da press�o internacional, que aumentou com as den�ncias da Alta Comiss�ria de Direitos Humanos da ONU sobre poss�veis crimes de guerra em uma opera��o que j� custou a vida de quase 650 palestinos. O Comit� Internacional da Cruz Vermelha (CICV), por sua vez, conseguiu uma breve suspens�o dos combates em duas zonas devastadas da Faixa de Gaza para permitir a passagem de comboios humanit�rios.
O chefe da diplomacia americana, John Kerry, que chegou nesta quarta-feira a Israel, buscava, por sua vez, alcan�ar um cessar-fogo entre o Estado hebreu e o movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza. "Sem d�vida, demos alguns passos, mas ainda h� muito trabalho", declarou Kerry durante um encontro com o secret�rio-geral da ONU, Ban Ki-moon. Ban expressou certo otimismo. "Estamos unindo nossas for�as para obter uma tr�gua o quanto antes (...) N�o temos tempo a perder", afirmou.
Kerry tamb�m se reunir� com o presidente palestino, Mahmud Abbas, em Ramallah (Cisjord�nia), e com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em Tel Aviv. A comunidade internacional denuncia os ataques com foguetes do Hamas contra Israel - que motivaram o in�cio da ofensiva terrestre - mas multiplica as cr�ticas contra a opera��o, j� que a maioria das v�timas dos bombardeios contra Gaza s�o civis.
A Alta Comiss�ria da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou os ataques indiscriminados do Hamas contra zonas civis, mas pediu uma investiga��o sobre poss�veis crimes de guerra cometidos por Israel, em uma reuni�o extraordin�ria do Conselho de Direitos Humanos em Genebra.
"Existe uma alta possibilidade de que o direito humanit�rio internacional tenha sido violado, o que pode constituir crimes de guerra", declarou Pillay, citando como exemplo a destrui��o de casas e os civis mortos, entre eles muitas crian�as, como resultado da opera��o israelense em Gaza.
O ministro das Rela��es Exteriores palestino, Riad Malki, acusou Israel de cometer um crime contra a humanidade e exigiu uma investiga��o internacional. "Israel est� cometendo crimes hediondos. Israel destr�i completamente bairros residenciais. O que Israel faz (...) � um crime contra a humanidade", declarou Malki durante a reuni�o de Genebra.
Menos foguetes
O ex�rcito israelense, que registrou 29 mortos desde quinta-feira - suas maiores perdas desde a guerra contra o Hezbollah liban�s em 2006 - destacava o �xito de suas opera��es, em especial em Shejaiya, um sub�rbio da cidade de Gaza (no norte da Faixa) onde os bombardeios mataram 70 pessoas.
"Durante as �ltimas 24 horas a situa��o est� mais sob controle", declarou o porta-voz do ex�rcito, Peter Lerner, acrescentando que os disparos de foguetes do movimento islamita contra Israel diminu�ram de intensidade. "Foi constatada na ter�a-feira uma diminui��o substancial dos disparos de foguetes. � dif�cil dizer se trata-se de uma tend�ncia, mas o n�mero � menor, 97", exp�s.
Nesta quarta-feira, o Comit� Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou a suspens�o dos combates em duas zonas devastadas da Faixa de Gaza para permitir a passagem de comboios humanit�rios.
Esta pausa nas hostilidades entre o movimento islamita Hamas e o ex�rcito israelense deve permitir a evacua��o dos feridos de Shejaiya e de Khuzaa, no sul do territ�rio, segundo C�cilia Goin, porta-porta do CICV.
Desde o in�cio da ofensiva, no dia 8 de julho, foram contabilizados 1.700 impactos de foguetes em territ�rio israelense e 420 proj�teis foram destru�dos no ar.
O objetivo anunciado por Israel � desarmar o Hamas, colocar fim ao lan�amento de proj�teis, destruir os t�neis utilizados pelos islamitas e deter as infiltra��es em Israel de combatentes palestinos.
Voos cancelados
Enquanto isso, os bombardeios e os disparos de tanques prosseguiam nesta quarta-feira em Gaza. Cinco palestinos, entre eles duas crian�as, morreram perto de Khan Yunes, no sul do reduto. Do lado israelense, um trabalhador estrangeiro morreu ao ser atingido por um proj�til lan�ado de Gaza.
Segundo a ONU, a maioria das v�timas palestinas s�o civis. O �ltimo balan�o dispon�vel � de 649 mortos, um n�mero dif�cil de verificar, levando-se em conta o caos que reina em Gaza, onde aparecem sob os escombros corpos de pessoas falecidas em dias anteriores.
O presidente palestino, Mahmud Abbas, reconheceu que seus esfor�os para alcan�ar uma tr�gua durante um giro pelo Oriente M�dio fracassaram. A dire��o palestina, reunida de urg�ncia na noite de ter�a-feira em Ramallah, fez um chamado a "manifesta��es populares gerais de solidariedade com Gaza e a Resist�ncia". Israel tentava se organizar nesta quarta-feira depois que v�rias companhias a�reas suspenderam seus voos a Tel Aviv por raz�es de seguran�a. Um foguete explodiu na v�spera perto do aeroporto internacional da cidade israelense.
As autoridades ordenaram a abertura de um aer�dromo no sul do pa�s e a companhia a�rea israelense El Al anunciou que aumentar� seu n�mero de voos. O presidente israelense, Shimon Peres, considerou que a suspens�o dos voos "se traduzir� em mais disparos de foguetes e em um risco maior n�o apenas (para Israel), mas para o mundo".