O ministro das Rela��es Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, defendeu nesta quinta-feira a posi��o do governo brasileiro que, em nota divulgada na quarta, dia 23, condenou “energicamente o uso desproporcional da for�a” por Israel em conflito na Faixa de Gaza.
“O que eu li � que o Brasil � um gigante econ�mico e cultural, e � um an�o diplom�tico. Eu devo dizer que o Brasil � um dos poucos pa�ses do mundo, um dos 11 pa�ses do mundo, que t�m rela��es diplom�ticas com todos os membros da ONU [Organiza��o das Na��es Unidas]. E temos um hist�rico de coopera��o pela paz e a��es pela paz internacional. Se h� algum an�o diplom�tico, o Brasil n�o � um deles, seguramente”, reagiu o chanceler brasileiro.
Figueiredo ainda reiterou a posi��o brasileira. “Condenamos a desproporcionalidade da rea��o de Israel, com a morte de cerca de 700 pessoas, dos quais mais ou menos 70% s�o civis, e entre os quais muitas mulheres, crian�as e idosos. Realmente, n�o � aceit�vel um ataque que leve a tal n�mero de mortes de crian�as, mulheres e civis", disse o ministro. "E � sobre esse fato que essa nova nota fala”, ressaltou.
O ministro lembrou que, na semana passada, o Itamaraty j� havia divulgado nota condenando o movimento isl�mico Hamas pelos foguetes lan�ados contra Israel, e tamb�m Israel pelo ataque � Faixa de Gaza. “Israel se queixa que, na �ltima nota, n�o repetimos a condena��o que j� t�nhamos feito. A condena��o que j� t�nhamos feito continua somos absolutamente contr�rios ao fato de o Hamas soltar foguetes contra Israel. Isso se mant�m. N�o h� d�vida. N�o pode haver d�vida disso”, afirmou Figueiredo.
Ele acrescentou que a �ltima nota do Itamaraty n�o omite nada que foi dito antes. "Ao contr�rio,a gente pede o cessar-fogo imediato. Cessar-fogo quer dizer o qu�? [Cessarem] os ataques das duas partes. N�o h� cessar-fogo unilateral, n�o � isso que a gente pede. A gente pede que as duas partes parem os ataques. Isso permanece.”
Segundo Figueiredo, as declara��es do porta-voz da Chancelaria israelense n�o devem, por�m, estremecer as rela��es de amizade entre os dois pa�ses. “Pa�ses t�m o direito de discordar. E n�s estamos usando o nosso direito de sinalizar para Israel que achamos inaceit�vel a morte de mulheres e crian�as, mas n�o contestamos o direito de Israel de se defender. Jamais contestamos isso. O que contestamos � a desproporcionalidade das coisas”, destacou.
O chanceler tamb�m defendeu a posi��o brasileira assumida no Conselho de Direitos Humanos das Na��es Unidas. O Brasil votou favoravelmente � condena��o da atual ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza e � cria��o de uma comiss�o internacional para investigar todas as viola��es e julgar os respons�veis.
“A maioria apoiou, inclusive a Am�rica Latina inteira. N�s estamos junto da nossa regi�o e apoiamos, neste caso, uma investiga��o internacional independente para determinar o que aconteceu, o que est� acontecendo. Eu acho razo�vel haver essa investiga��o internacional independente, e foi a favor disso que n�s nos manifestamos.”
Cr�ticas
A Confedera��o Israelita do Brasil (Conib) tamb�m reagiu � declara��o inicial do governo brasileiro. “A Confedera��o Israelita do Brasil vem a p�blico manifestar sua indigna��o com a nota divulgada pelo nosso Minist�rio das Rela��es Exteriores, na qual se evidencia a abordagem unilateral do conflito na Faixa de Gaza, ao criticar Israel e ignorar as a��es do grupo terrorista Hamas”, destaca o texto.
“Uma nota como a divulgada nesta quarta-feira s� faz aumentar a desconfian�a com que importantes setores da sociedade israelense, de diversos campos pol�ticos e ideol�gicos, enxergam a pol�tica externa brasileira”, criticou a Conib, representante da comunidade judaica brasileira, que disse compartilhar da preocupa��o do povo brasileiro e expressar “profunda dor pelas mortes dos dois lados do conflito”, al�m de tamb�m esperar um cessar-fogo imediato.
O porta-voz do Minist�rio das Rela��es Exteriores de Israel Yigal Palmor disse que “Israel espera o apoio de seus amigos em sua luta contra o Hamas, que � reconhecido como uma organiza��o terrorista por muitos pa�ses no mundo”. Jornais israelenses noticiaram cr�ticas mais duras do porta-voz. De acordo com o jornal judaico The Jerusalem Post, Palmor disse que “essa � uma demonstra��o lament�vel de por que o Brasil, um gigante econ�mico e cultural, continua a ser um an�o diplom�tico", e acrescentou que "o relativismo moral por tr�s deste movimento faz do Brasil um parceiro diplom�tico irrelevante, aquele que cria problemas em vez de contribuir para solu��es". (Com Ag�ncia Brasil)