A irm� do rei Felipe VI e filha de Juan Carlos I Cristina de Borb�n sentou-se pela primeira vez no banco dos r�us nesta segunda-feira, com a esperan�a de permanecer ali por pouco tempo, acusada de fraude fiscal em um julgamento por corrup��o envolvendo seu marido.
Na primeira sess�o de um super-julgamento que deve durar at� junho, tanto sua defesa quanto a promotoria mobilizaram um arsenal de argumentos diante das tr�s ju�zas de Palma de Mallorca, nas ilhas Baleares, para tentar evitar o julgamento da princesa.
Mas, � espera de que o tribunal decida, Cristina, de 50 anos, teve que se sentar junto de outros 17 acusados em uma sala dominada pela foto de seu irm�o, Felipe VI, chefe de Estado desde a abdica��o de seu pai, o rei Juan Carlos, em junho de 2014.
A sess�o, dedicada a quest�es de procedimento, durou quase 13 horas, com alguns intervalos. O julgamento ser� retomado em 9 de fevereiro e a corte anunciou que decidir� no mesmo dia se julgar� ou n�o a princesa.
"Borb�ns aos tubar�es!", "Espanha, amanh� ser� republicana!" - gritavam manifestantes na porta do Pal�cio da Justi�a.
De cal�a, jaqueta preta e len�o vermelho e branco, Cristina chegou uma hora antes acompanhada de seu marido, I�aki Urdangarin, principal acusado no caso. Com o semblante s�rio, os dois entraram sem falar com os jornalistas de todo o mundo que os esperavam na entrada do tribunal.
Cristina Federica Victoria Antonia da Sant�ssima Trindade de Bourbon e Gr�cia, segunda filha de Juan Carlos I, enfrenta acusa��es de crimes fiscais relacionados ao suposto desvio de 6 milh�es de euros (6,5 milh�es de d�lares) por Urdangarin e um ex-s�cio dele, Diego Torrs.
A princesa sempre afirmou desconhecer estes neg�cios e que confiou cegamente no marido, de quem recusou divorciar-se apesar das press�es de uma Casa Real determinada a limitar os danos de uma j� abalada imagem da Coroa.
"Tudo isto traz um sabor amargo para a monarquia e eu imagino que Felipe VI est� muito contrariado", explicou � AFP Jos� Apazarena, bi�grafo do monarca.
"Um privil�gio"
"N�o vai ter nenhum juiz corajoso neste pa�s que v� enviar a infanta Cristina para a cadeia. Em outros lugares da Europa, acredito que a infanta Cristina j� estaria na pris�o", lamentava Francisco Solana, um desempregado de 45 anos, com uma bandeira republicana sobre os ombros.
Sua declara��o ilustrava a indigna��o de milh�es de espanh�is diante da multiplica��o de esc�ndalos de corrup��o durante os dific�limos anos da crise econ�mica.
Urdangarin e Torres s�o suspeitos de prevarica��o, desvio, fraude, crime fiscal, tr�fico de influ�ncia, falsifica��o e lavagem de dinheiro. Eles teriam superfaturado contratos assinados entre 2004 e 2006 por uma entidade sem fins lucrativos, o Instituto N�os, com os governos regionais das Baleares e de Valencia.
Depois, estes benef�cios teriam sido desviados a 'empresas de fachada' encabe�adas pela Aizoon, de propriedade da princesa Cristina e seu marido.
O promotor pede pena de 19,5 anos de pris�o para I�aki Urdangarin e de 16,5 anos para seu s�cio.
A irm� do rei enfrenta um pedido de pena de 8 anos, mas apenas por parte de uma acusa��o popular - a associa��o ultradireitista M�os Limpas - j� que nem a promotoria, nem a Fazenda P�blica atuaram contra ela.
Esta � a base de sua esperan�a para escapar do julgamento.
Uma hora depois da abertura do processo sua defesa afirmou, citando jurisprud�ncias precedentes, que a infanta n�o pode ser julgada se for acusada apenas pela a��o popular, uma figura espec�fica do Direito espanhol.
"Pelo fato de ser apoiada em uma doutrina consolidada do Tribunal Supremo, ratificada pelo Tribunal Constitucional (...) respeitosamente solicitamos (...) a nulidade do auto de abertura de julgamento oral relacionado � responsabilidade de Cristina de Bourbon", afirmou Jes�s Mar�a Silva, um de seus advogados.
Tamb�m se manifestaram neste sentido a advogada da Fazenda P�blica e o promotor. Este �ltimo disse, inclusive, dispor de um novo relat�rio, segundo o qual a infanta n�o cometeu crime fiscal.
A acusa��o popular � um direito previsto na Constitui��o, defendeu, por sua vez, a representante da M�os Limpas.
"Todos os cidad�os somos iguais perante a lei e, portanto, n�o podem ser aplicadas doutrinas anacr�nicas", o que equivaleria a "um privil�gio", assegurou.
Durante a instru��o, Urdangarin se esfor�ou por desvincular a princesa, o pai dela e a Casa Real de todos os seus neg�cios.
No entanto, Torres sempre defendeu que Juan Carlos I estava a par da atividade do N�os.
"A Casa Real era informada, conhecia, supervisionava e, em algumas vezes, at� colaborava", reiterou neste domingo em entrevista pela televis�o.
Nesta segunda-feira, seu advogado voltou a pedir que Juan Carlos I e Felipe VI compare�am como testemunhas, algo que a justi�a j� tinha negado.
