Vinte e quatro horas ap�s os ataques reivindicados pelo grupo jihadista Estado Isl�mico (EI), que fizeram segundo um balan�o atualizado, 31 mortos e 270 feridos no aeroporto de Bruxelas e na esta��o de metr� de Maalbeek, no cora��o do bairro europeu, o procurador federal belga, Fr�d�ric Van Leeuw, confirmou em uma coletiva de imprensa que dois dos autores destes atentados eram os irm�os Khalid e Ibrahim El Bakraoui, j� procurados por suas liga��es com os ataques de 13 de novembro em Paris. Segundo o procurador belga, "o n�mero de v�timas pode, infelizmente, aumentar nas pr�ximas horas".
Ibrahim El Bakraoui teria detonado seus explosivos no aeroporto de Bruxelles-Zaventem. Ele foi identificado gra�as as suas impress�es digitais. O homem j� havia sido apontado em imagens de c�meras da seguran�a divulgadas na ter�a-feira pela pol�cia.
As imagens mostravam tr�s homens empurrando carrinhos de bagagem, pouco antes das duas explos�es que arrasaram o sal�o de embarque do aeroporto. Ibrahim, que nasceu em Bruxelas em 9 de outubro de 1986, seria o homem do meio. Ele teria abandonado em uma lata de lixo um computador contendo seu testamento, onde afirma "n�o saber mais o que fazer" porque � "procurado em todos os lugares", segundo o procurador belga.
O computador foi encontrado em um lixo no bairro de Schaerbeek, onde a pol�cia realizou na ter�a-feira opera��es de buscas que permitiram localizar "15 quilos de explosivo do tipo TATP, 150 litros de acetona, 30 litros de �gua oxigenada, detonadores, uma mala cheia de pregos, bem como material destinado a confeccionar artefatos explosivos".
Os irm�os El Bakraoui, conhecidos da pol�cia por assaltos a m�o armada, foram mencionados pelos meios de comunica��o belgas em conex�o com a ca�a ao suspeito-chave dos atentados de Paris, Salah Abdeslam, capturado na sexta-feira no munic�pio de Molenbeek, em Bruxelas, depois de quatro meses de buscas.
Khalid El Bakraoui teria alugado, sob uma identidade falsa, um apartamento que serviu de esconderijo em Charleroi (sul), de onde partiram alguns dos autores dos atentados de 13 de novembro, e um apartamento no bairro de Forest, igualmente em Bruxelas, onde uma opera��o policial de rotina em 15 de mar�o ajudou a encontrar o rastro de Abdeslam.
Quanto ao terceiro homem que aparece nas imagens das c�meras de seguran�a, ele continua foragido, de acordo com o procurador belga. "Ainda n�o foi identificado", afirmou, indicando que "em sua mochila estava a maior parte da carga explosiva" utilizada no ataque.
Alguns meios de comunica��o belgas afirmaram que poderia se tratar de Najim Laachraoui, um suposto c�mplice de Salah Abdeslam. A imprensa belga, que chegou a anunciar a deten��o de Laachraoui, se retratou pouco depois desta informa��o.
Mais de 40 nacionalidades
Com a confirma��o da participa��o dos irm�os El Bakraoui nos atentados de ter�a, os investigadores j� podem estabelecer uma rela��o direta entre a rede por tr�s dos ataques de Paris (130 mortos).
Tamb�m refor�a os temores sobre a capacidade das rede extremistas belgas de continuar a realizar ataques sangrentos, apesar do refor�o das medidas de seguran�a em toda a Europa e a press�o policial consideravelmente aumentada desde os ataques de Paris. "Dever�amos ter restabelecido o n�vel 4 (de alerta m�ximo) de amea�a terrorista ap�s a pris�o de Salah Abdeslam? N�o t�nhamos informa��es para prevenir a imin�ncia desta amea�a?", questionava nesta quarta-feira em uma edi��o especial o jornal Le Soir, que ressaltou a poss�vel exist�ncia de "c�mplices" que poderiam voltar a agir.
Os piores ataques terroristas ocorridos na B�lgica poderiam ter "atingido mais de 40 nacionalidades", segundo o ministro belga das Rela��es Exteriores, Didier Reynders. Ao menos uma peruana morreu, e dez franceses, dois brit�nicos e tr�s americanos ficaram feridos. Uma delega��o do FBI e da pol�cia de Nova York devem viajar para Bruxelas. O Departamento de Estado alertou os cidad�os americanos para "riscos potenciais se quiserem viajar para e pela Europa".
A B�lgica parou nesta quarta para observar um minuto de sil�ncio em mem�ria das v�timas em v�rios pontos da capital, como no cruzamento Schuman, no cora��o do bairro europeu, na presen�a do casal real, Philippe e Mathilde, e do primeiro-ministro Charles Michel. Centenas de pessoas se reuniram na Place de la Bourse (Pra�a da Bolsa), convertida em um memorial improvisado, onde houve aplausos ao fim do minuto de sil�ncio.
"Na noite passada, vim depositar uma vela e passei esta manh� em solidariedade com as v�timas e suas fam�lias. � importante estar aqui com outras pessoas", declarou � AFP Latifa Charaf, de 50 anos, uma professora de Bruxelas.
'Surrealismo belga'
O aeroporto da capital belga continuar� fechado pelo menos at� quinta-feira. V�rias esta��es de metr� reabriram sob a vigil�ncia de soldados, mas a movimenta��o era muito menor do que o habitual. "Vou pegar o metr�, n�o importa o que aconte�a, n�o vou desistir do meu estilo de vida por causa de um idiota que se explodiu", declarou um jovem chamado Vasco, que chegou de trem de Enghien, a 30 km de Bruxelas. "No trem, havia pessoas que estavam brincando sobre o que aconteceu ontem. Este � o surrealismo belga, n�o vai morrer", sorriu. A imprensa belga ecoou informa��es n�o confirmadas sobre o modus operandi do comando do aeroporto.
De acordo com v�rios meios de comunica��o, um motorista de t�xi levou os tr�s homens ao aeroporto que contatou a pol�cia. Foi ele quem "levou os investigadores ao endere�o onde buscou os tr�s homens na parte da manh�", e foi nesta casa que "a pol�cia ent�o descobriu um artefato explosivo contendo pregos, uma bandeira do EI e armas", de acordo com Het Laatste Nieuws.