Com o escudo da Chapecoense no cora��o e a lembran�a viva da trag�dia a�rea que mudou sua vida, Johan Ram�rez, o menino colombiano que ajudou no resgate dos sobreviventes do time catarinense, sonha em ser jogador de futebol.
Com 15 anos, Ram�rez participa de um torneio em La Ceja, perto do monte onde, no dia 28 de novembro, o avi�o da empresa boliviana LaMia caiu, matando 71 pessoas. Dentre �s v�timas, 19 jogadores e membros da comiss�o t�cnica da Chape, que iria disputar a primeira final da Copa Sul-americana contra o Atl�tico Nacional, morreram.
"Eu gostaria de jogar no Nacional ou na Chapecoense", falou Ram�rez � AFP, depois de dar uma assist�ncia na vit�ria do seu time contra o San Jos�. "S�o os dois times que eu levo no cora��o. O Nacional, porque sempre gostei durante toda a vida, e a Chape porque pude ajudar com os sobreviventes", acrescentou com voz t�mida.
Quando est� dentro das quatro linhas, os companheiros o chamam de "Chape", e no bairro onde mora, onde pedem para tirar fotos, � o "Jovem Anjo". O apelido foi dado pela imprensa colombiana, por ajudar a socorrer os jogadores Jakson Follmann e Alan Ruschel e o tripulante boliviano Erwin Turimi.
- "Sem esperar nada em troca" -
O governo brasileiro convidou Ram�rez para as homenagens �s v�timas. O menino recebeu do presidente Michel Temer uma camisa 10 da sele��o, com seu nome nas costas.
O adolescente cruzou o Oceano Atl�ntico para conhecer as instala��es do Real Madrid e o �dolo James Rodr�guez, que deu de presente a camisa utilizada no Mundial de Clubes de 2016.
Al�m disso, ganhou uma bola da Liga dos Campe�es com aut�grafos de todos os atletas merengues. "S�o as coisas da vida, porque eu ajudei sem esperar nada em troca", explicou.
Johan e seu pai, Miguel �ngel Ram�rez, lembram com detalhes a noite fria de novembro, quando o acidente despertou a solidariedade do mundo com o clube catarinense, que ia disputar a primeira decis�o de um torneio continental em sua hist�ria.
Os dois descansavam em sua cabana nas montanhas de La Uni�n, onde Johan foi para ajudar seu pai com o trabalho duro do campo, como costuma fazer. Quando o barulho da queda do avi�o soou, os dois assistiam televis�o e se assustaram com o som, muito diferente das aeronaves que costumam sobrevoar a regi�o antes de aterrissarem no aeroporto Jos� Mar�a C�rdova.
"Foi um estrondo muito impressionante, porque o nosso rancho sacudiu muito", falou Miguel �ngel, t�pico campon�s da regi�o de Antioquia.
- "Realizar sonhos" -
Pai e filho se assustaram, mas n�o notaram nada estranho. Voltaram a ver a programa��o da televis�o, que come�ou a ser interrompida com a not�cia que alertava o desaparecimento do avi�o.
Bombeiros, policiais e uma brigada de resgate chegaram ao local. "Aqui tem um, aqui tem outro", escutavam Johan e o pai, que em poucos minutos chegaram ao local do acidente.
O conhecimento da regi�o - montanhosa e lamacenta - ajudou os socorristas, que pensavam em cortar �rvores para evacuar os seis sobreviventes.
Os Ram�rez mostraram uma rota de sa�da mais curta e menos complexa, atravessando as planta��es de feij�o e ervilha, que foram destru�das e causaram um preju�zo de 20.000 d�lares.
"Nesse momento os cultivos n�o importavam. Quer�amos salvar nossos irm�os do Brasil", garantiu Miguel �ngel, que junto de seu filho continuou ajudando os trabalhos de resgate at� �s tr�s horas da manh�.
Agora, o "Jovem Anjo" continua seus estudos e busca uma oportunidade em algum time de futebol.
N�o sabe como seria sua rea��o caso se encontrasse com algum dos sobreviventes ou seus familiares e seu cora��o se divide quando pensa na possibilidade do confronto entre Atl�tico Nacional e Chapecoense, que participam da Copa Libertadores-2017.
"Que ganhe o melhor", concluiu Ram�rez.