Apesar dos cortes no abastecimento de v�veres, �gua e eletricidade, centenas de solicitantes de asilo se negaram a deixar um campo de reten��o administrado pela Austr�lia na ilha de Papua Nova Guin� e fechado pelas autoridades nesta ter�a-feira (31).
Os funcion�rios do campo de reten��o da ilha de Manus j� abandonaram o local. Um migrante contou que os estrangeiros deixados nessa instala��o preferiram se trancar ali, com medo do que poderia acontecer se sa�ssem.
Camberra dirige uma pol�tica muito dura em rela��o aos imigrantes que tentam chegar ao seu litoral de forma irregular, confinando-os nos acampamentos em Manus, ou no microestado insular de Nauru.
A Austr�lia justifica sua pol�tica, evocando a luta contra os coiotes e a necessidade de dissuadir os migrantes - procedentes de Ir�, Iraque, Som�lia e Afeganist�o, em sua maioria - de embarcar na perigosa travessia.
O pa�s n�o aceita nenhum refugiado que chegue pelo mar em seu territ�rio, nem mesmo aqueles que cumprem os crit�rios do direito ao ref�gio.
Os defensores dos Direitos Humanos pedem h� anos o fechamento desses campos, denunciando os graves problemas psicol�gicos dos detidos, as tentativas de automutila��o e de suic�dio.
No ano passado, a Justi�a de Papua Nova Guin� determinou que a deten��o de refugiados em Manus e em Camberra era anticonstitucional e aceitou o fechamento do campo, onde se encontram mais de 600 pessoas, antes do fim de outubro.
As autoridades determinaram sua transfer�ncia para tr�s centros "de transi��o", tamb�m em Manus. O Ex�rcito de Papua Nova Guin� dever� tomar o controle do acampamento a partir de agora.
Muitos refugiados se fecharam no campo, enquanto a imprensa informa sobre a hostilidade da popula��o local.
- N�o s�o bem-vindos -
"Os refugiados se mostram intransigentes e se negam a sair do centro. T�m medo, mas se recusam a ir embora", declarou Behruz Boochani, iraniano, no Twitter.
"A eletricidade ser� cortada depois das 17h. Os refugiados sabem que ser� muito dif�cil continuar ali, ficaremos pacificamente", declarou, acrescentando que eles trancaram a porta com a chave por dentro, "para sua pr�pria prote��o".
"N�o h� nenhuma seguran�a aqui", completou.
Alguns refugiados declararam � Fairfax Media que os moradores locais haviam come�ado a saquear o campo sob o olhar impass�vel das autoridades.
O ministro australiano de Imigra��o, Peter Dutton, ressaltou que os solicitantes de ref�gio n�o s�o bem-vindos � Austr�lia.
Foram informados de "que havia lugares alternativos, seguros, nos quais ser�o mantidos os servi�os de sa�de e outros", declarou em um comunicado, insistindo em que "jamais se realocar� um [refugiado] aqui".
Os defensores de direitos humanos afirmam que esses centros de transi��o n�o s�o considerados seguros e que os refugiados est�o indefesos diante da agressividade dos moradores.
"S�o vulner�veis aos ataques dos moradores. J� tivemos muitas v�timas por causa desse tipo de ataque", disse � AFP Ian Rintoul, ativista de Direitos Humanos.
Rintoul afirmou que um recurso foi interposto ao Supremo Tribunal Supremo de Papua Nova Guin� para impedir o fechamento do campo e exigir que se restabele�a o fornecimento de �gua e de eletricidade. Al�m disso, ele afirmou que existe um "medo real" de que o Ex�rcito seja autorizado a usar a for�a contra os migrantes.