O m�tico Yeti, tamb�m conhecido como o Abomin�vel Homem das Neves, � na verdade um urso das altas montanhas da �sia, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (29) na revista cient�fica Proceedings of the Royal Society B.
Os cientistas conclu�ram que o DNA dessa imensa e furtiva criatura meio-humana que, segundo a lenda, habita pontos inacess�veis do Himalaia, pertence a tr�s subesp�cies de ursos: negro asi�tico, pardo tibetano e pardo do Himalaia.
Cada uma dessas subesp�cies habita diferentes nichos no Himalaia, e � prov�vel que todas elas tenham sido confundidas em diferentes momentos com o Yeti, disseram os cientistas.
"Nossa descoberta sugere fortemente que os elementos biol�gicos que sustentam a lenda do Yeti podem ser encontrados em ursos locais", disse Charlotte Lindqvist, da Universidade de Buffalo, que dirigiu o estudo.
Embora n�o seja o primeiro a reduzir o mito do Yeti a ursos, este estudo re�ne uma riqueza sem precedentes de evid�ncias gen�ticas obtidas a partir de ossos, dentes, pele, cabelos e amostras fecais anteriormente atribu�das � criatura misteriosa.
Todos estes elementos - procedentes de cole��es privadas e de museus ao redor do mundo - s�o, na realidade, os restos de 23 ursos distintos, segundo os pesquisadores.
Lindqvist e sua equipe reconstru�ram os genomas mitocondriais completos de cada esp�cime, o que levou a descobertas importantes sobre esses carn�voros da regi�o e sua hist�ria evolutiva.
"Os ursos pardos que vagam pelas altas altitudes do planalto do Tibete e os ursos pardos nas montanhas ocidentais do Himalaia parecem pertencer a duas popula��es separadas", disse � AFP.
"A divis�o ocorreu cerca de 650.000 anos atr�s, durante um per�odo de glacia��o", acrescentou.
- "Homem-urso das neves" -
As duas subesp�cies provavelmente permaneceram isoladas uma da outra desde ent�o, apesar de sua relativa proximidade, afirmou Lindqvist.
O urso pardo do Himalaia (Ursus arctos isabellinus), cujo pelo castanho avermelhado � mais claro do que o do urso pardo tibetano, est� listado como "criticamente amea�ado" na Lista Vermelha da Uni�o Internacional para a Conserva��o da Natureza.
Durante o s�culo XX, o fasc�nio no Ocidente, principalmente nos Estados Unidos e na Gr�-Bretanha, pela lenda do Yeti foi intenso.
Em um livro que narra sua caminhada pela passagem de Lhagba La, perto do Monte Everest, em 1921, o tenente-coronel Charles Howard-Bury descreve "pegadas bastante semelhantes �s de um homem descal�o".
Ele as atribuiu a um lobo grande atravessando a neve macia, mas seus guias disseram que tinham sido deixadas por um "metoh-kangi", ou seja, um "homem-urso das neves".
O relat�rio de um membro da Royal Geographical Society em 1925 alimentou ainda mais o mito, ao afirmar que tinha visto uma figura humana atravessando uma geleira a uma grande altitude.
Pelo menos duas expedi��es foram organizadas na d�cada de 1950 com o objetivo de encontrar o Yeti, descobrindo pegadas e esp�cimes de cabelo, com relatos de observa��es que continuaram ao longo da segunda metade do s�culo.
"O trabalho cient�fico pode ajudar a explorar mitos como o Yeti", afirmou Lindqvist.
"Mesmo que n�o haja provas" da presen�a de criaturas cuja exist�ncia continua a ser contestada, "� imposs�vel descartar completamente que elas existem", acrescentou. "As pessoas adoram um mist�rio".
