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Estado de Minas

Viol�ncia do Rio al�m do tr�fico: o silencioso auge das mil�cias


postado em 30/04/2018 09:00 / atualizado em 30/04/2018 11:30

Soldados do Exército Brasileiro patrulham a praia de Ipanema, no Rio de Janeiro(foto: CARL DE SOUZA / AFP)
Soldados do Ex�rcito Brasileiro patrulham a praia de Ipanema, no Rio de Janeiro (foto: CARL DE SOUZA / AFP)

No in�cio dos anos 2000, as comunidades do Rio de Janeiro e seus moradores, que viviam aterrorizados, viam com bons olhos essa "prote��o" oferecida por ex-policiais e agentes corruptos. Mas essa aposta acabou saindo muito cara, como demonstrou o assassinato de Marielle Franco.


As mil�cias nasceram, teoricamente, como rivais do inimigo n�mero um do Rio, sob a coniv�ncia de autoridades que as consideraram um mal menor.


Sem fazer muito barulho, elas se expandiram at� dominar boa parte da cidade por meio de extors�es, venda ilegal de servi�os b�sicos e tamb�m de disputas armadas com traficantes.


Apesar dos representantes infiltrados em prefeituras, na C�mara Municipal e na Alerj, o medo gerado pelas mil�cias mal aparecia nos jornais brasileiros. Mas, ap�s o assassinato da vereadora Marielle Franco, est� sob os holofotes.


Ativista negra e forte cr�tica da viol�ncia policial, Marielle participou de uma Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) que, em 2008, desmascarou e puniu milicianos, at� ent�o intoc�veis.


O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), mentor pol�tico de Marielle e que presidiu a CPI, at� hoje precisa ser escoltado por seguran�as, pelas constantes amea�as de morte.


Uma m�quina de fazer dinheiro


As mil�cias surgiram h� cerca de 20 anos no contexto do abandono governamental de muitos bairros do Rio, demonstrando tamb�m a corrup��o entrincheirada em for�as policiais mal remuneradas e violentas.


S�o consideradas herdeiras dos "esquadr�es da morte" que eram, na ditadura militar (1964-85), contratadas por comerciantes, ou por caciques pol�ticos, para "limpar" o sub�rbio do Rio de criminosos e advers�rios inc�modos, explicou � AFP Jos� Cl�udio Souza Alves, especialista da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).


As mil�cias s�o formadas por agentes e ex-agentes de seguran�a do estado, como policiais militares, policiais civis, bombeiros, agentes penitenci�rios e at� militares, que usaram um "discurso moral, de limpeza dos traficantes de droga" para come�ar a cobrar "taxas de seguran�a", explicou � AFP a soci�loga Thais Duarte, coautora de "'No sapatinho': a evolu��o das mil�cias no Rio de Janeiro (2008-2011)".


Diferentemente dos traficantes, as mil�cias t�m forte "enraizamento no aparato estatal" e se aproveitam de seu "grande conhecimento sobre as a��es de seguran�a p�blica" para se expandir pelo territ�rio - se precisar, pelas balas - e controlar servi�os p�blicos, como a distribui��o de g�s, Internet, televis�o por assinatura e as redes de transporte local, que cobram pre�os abusivos.


Uma mil�cia pode faturar mais de 20 milh�es de reais por m�s em um �nico bairro da zona oeste do Rio, seu principal reduto.


Elas funcionam como uma esp�cie de m�fia e, como muitos de seus membros s�o agentes em atividade, conseguem blindar den�ncias e dificultam as investiga��es.


"Os traficantes entram geralmente em estere�tipos socialmente negativos, de favelas, negros, enquanto os milicianos s�o brancos, economicamente mais abastados, mais velhos, o que garante uma legitimidade e for�a para que continuem atuando no territ�rio", avalia Duarte.


O combate �s mil�cias


Esse poderoso bra�o econ�mico � articulado a uma proje��o da pol�tica municipal e estadual, que lhes d� prote��o e expans�o.


"As mil�cias vendem vota��o de �reas inteiras. Oferecem um controle militarizado para o candidato que comprar esses votos para que n�o toquem em seus interesses", explica Jos� Cl�udio Souza Alves.


E n�o � apenas isso. "Os pr�prios milicianos se elegem e passam a controlar toda essa organiza��o", completa.


Suas disputas de poder se refletiram na violenta campanha de 2016, quando cerca de 15 candidatos a prefeito e a vereador foram assassinados, incluindo o presidente da Portela, Marcos Falcon.


Embora a "Liga da Justi�a" seja a maior e domine bairros inteiros, as mil�cias est�o espalhadas por quase todo o Rio, caracterizando-se pelo baixo perfil.


O ponto de inflex�o foi em maio de 2008, com o sequestro e a tortura de uma equipe de jornalistas do jornal "O Dia". Foi depois disso que o Minist�rio P�blico, investiga��es da Pol�cia e a pr�pria CPI come�aram a se concentrar nas mil�cias, levando � pris�o de algumas de suas lideran�as. De l� para c�, pouco mudou, por�m.


Desde o assassinato de Marielle, as for�as de seguran�a tamb�m come�aram a fazer uma s�rie de opera��es midi�ticas e pol�micas contra as mil�cias. A �ltima delas foi em uma festa com 159 detidos, mas apenas 20 dessas pessoas teriam rela��es com essa "m�fia".


Para Souza, a �nica forma de combater as mil�cias "� atacando seu poder econ�mico".


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