Os thrillers de mulheres estupradas que buscam vingan�a ocuparam um lugar esqu�lido, com frequ�ncia controverso, do cinema de terror desde a d�cada de 1970.
E em meio ao surgimento de movimentos como MeToo e Time's Up contra a cultura sexual e a iniquidade de g�nero em Hollywood, a cineasta francesa Coralie Fargeat lan�ou um estremecedor filme de vingan�a na era p�s-Harvey Weinstein.
Protagonizado pela atriz e modelo italiana Matilda Lutz, "Revenge" ("Vingan�a") faz uma forte cr�tica aos privil�gios dos homens e a culpabiliza��o das v�timas.
O filme estreou no Festival de Cinema de Toronto em setembro de 2017, um m�s antes de explodirem as den�ncias contra o outrora poderoso magnata de Hollywood, e que acabaram atingindo outros pesos-pesados da ind�stria.
Mas Fargeat, que estreia como diretora com seu pr�prio roteiro, sustentou que isso � apenas "a ponta do iceberg".
"� necess�rio (haver) uma grande mudan�a na nossa sociedade e isso n�o vai acontecer em tr�s, quatro, ou cinco meses, porque � a raiz da sociedade que tem que mudar", afirmou ao jornal Los Angeles Times.
Na sexta-feira, o filme estrear� nos Estados Unidos e nos servi�os de streaming. J� est� dispon�vel em algumas salas do mercado latino-americano como Col�mbia e M�xico, segundo o site IMDB.
- 'N�o mais' -
Lutz ("O Chamado 3") interpreta Jen, uma jovem que sai de f�rias para uma casa remota com seu namorado Richard, que � casado, vivido pelo ator belga Kevin Janssens.
O fim de semana rom�ntico acaba quando os amigos de ca�a de Richard, Stan (Vincent Colombe) e Dimitri (Guillaume Bouchede), aparecem sem ser convidados.
Jen rapidamente desperta seus instintos predat�rios. E seu estupro, muito impactante apesar de n�o ser evidenciado na tela, desencadeia uma onda de viol�ncia doentia.
Lutz, que se inspirou em Marilyn Monroe, mostra como uma jovem que s� queria se divertir se transforma em uma assassina a sangue frio.
Esse tipo de filme de vingan�a costuma ser feito principalmente por homens: "A �ltima casa � esquerda" de Wes Craven, "Doce vingan�a" de Meir Zarchi, "Sob o dom�nio do medo" de Sam Peckinpah, e "Millennium: Os homens que n�o amavam as mulheres" de Niels Arden Oplev, s�o exemplos.
Fargeat disse que n�o se prop�s apenas a causar barulho, ou falar de pol�tica de g�nero, mas assegurou que este g�nero � o seu "tipo de filme".
O n�vel de viol�ncia revira o est�mago e �s vezes parece ser um pouco gratuito.
Cada golpe, disparo e apunhalada tem um custo, e leva muito do que parece ser sangue de verdade, e n�o xarope de milho vermelho.
Em Toronto, os param�dicos tiveram que atender um espectador que sofreu um ataque epil�ptico durante uma cena em que a personagem tira um caco de vidro do p�, informou a imprensa local.
Lutz, de 26 anos e que mora na Calif�rnia, disse ao Times que o filme mudou a sua vis�o e lhe deu confian�a.
"Sempre fui forte, mas sempre me preocupei com o que as outras pessoas achavam de mim, do meu corpo (...) Na praia, na rua, se um homem me via e inclinava a cabe�a, caminhava para o outro lado porque tinha medo do que podia acontecer... Mas n�o mais".