Washington, 22 - As raz�es foram distintas, mas crian�as brasileiras enfrentaram uma crise de separa��o de seus parentes ao entrar nos EUA a partir do M�xico em 2016, durante o governo Barack Obama. No primeiro semestre daquele ano, cerca de 100 menores foram enviados a abrigos nos EUA, n�mero que supera os 49 que est�o na mesma situa��o agora.
A diferen�a � que os casos anteriores foram espalhados em um per�odo mais longo de tempo, enquanto os recentes se concentraram em pouco mais de um m�s. S� em maio, 26 menores brasileiros foram separados de suas fam�lias e enviados a abrigos, segundo dados fornecidos pela embaixadora Luiza Lopes, diretora do Departamento Consular de Brasileiros no Exterior do Itamaraty. Outros 23 casos foram registrados desde o in�cio do m�s.
"A origem da crise de 2016 n�o foi a pol�tica de toler�ncia zero nem uma determina��o para que houvesse a separa��o dos menores de seus pais", observou a diplomata. A principal raz�o da pr�tica era a aplica��o de leis americanas destinadas ao combate do tr�fico de pessoas e o aumento do rigor da fiscaliza��o sobre a entrada de menores no pa�s - depois da crise provocada pela chegada de milhares de crian�as e adolescentes de pa�ses da Am�rica Central sem a companhia de adultos.
"As raz�es foram distintas, mas as consequ�ncias foram as mesmas", afirmou Lopes. Entre os motivos para a separa��o estava a suspeita de que o adulto que acompanhava o menor n�o era seu pai ou m�e. A embaixadora se lembra de pelo menos um caso em que isso se comprovou verdadeiro. Os que estavam sozinhos tamb�m eram enviados para abrigos, assim como os que indicavam que pretendiam ficar nos EUA de maneira irregular.
Casos do tipo eram praticamente inexistentes antes de 2016, observou Lopes, mas estavam em ascens�o. Em 2014, 11 menores foram enviados a abrigos, quase o dobro dos 6 que enfrentaram a mesma situa��o no ano anterior. O n�mero subiu para 30, em 2015, e saltou para 100, no primeiro semestre de 2016. A partir da metade do ano, a curva foi descendente, at� atingir 3 registros em um m�s.
Mas a situa��o perdurou em 2017, no primeiro ano do governo Trump. Entre janeiro e dezembro, 74 menores brasileiros que cruzaram a fronteira a partir do M�xico foram enviados a abrigos. "Esse n�mero foi registrado no ano todo. Agora, n�s tivemos 49 em um curto espa�o de tempo", ressaltou a embaixadora.
Em 2016, quase todos os brasileiros foram enviados para abrigos em Chicago, considerados os melhores do pa�s. Mas, com a pol�tica de Trump, as institui��es ficaram sobrecarregadas. Dos 49 brasileiros, 29 est�o em Chicago. Os demais se dividem entre Arizona, Texas, Fl�rida e Nova York.
Como agora, as idades dos menores tamb�m variavam. Em junho de 2017, por exemplo, Lopes recebeu do consulado em Chicago o relato da chegada de tr�s menores a um dos abrigos da cidade, com idades de 5, 9 e 16 anos.
Segundo a embaixadora, as separa��es que ocorreram antes da "toler�ncia zero" de Trump seguiam determina��es legais muito claras e ocorriam em casos espec�ficos. "Agora, os casos deixaram de ser limitados � quest�o de suspeita de tr�fico e passaram a ser pr�tica absolutamente generalizada."
Com a "toler�ncia zero", todos os que cruzam a fronteira de forma ilegal passaram a ser processados criminalmente sob acusa��o de violar as leis de imigra��o dos EUA. Antes, eles eram alvo de processos de deporta��o. Os que estavam com crian�as e conseguiam comprovar a paternidade ou maternidade, al�m de afastar qualquer suspeita de maus-tratos, costumavam ser libertados com os filhos. Soltos, eles respondiam o processo em liberdade.
Muitos n�o retornavam para audi�ncias e desapareciam do radar das autoridades. Agora, h� v�rios casos de pessoas que n�o t�m antecedentes criminais que est�o sendo deportadas por ordens emitidas h� anos nesses processos. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Cl�udia Trevisan, correspondente)
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Com Obama, 100 crian�as do Brasil estiveram detidas
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