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Estado de Minas

A quebra do Lehman Brothers e a mudan�a irrevers�vel dos bancos centrais


postado em 04/09/2018 08:42

O cataclismo desencadeado em 2008 pela fal�ncia do Lehman Brothers for�ou os bancos centrais a expandirem os limites de seu mandato, uma muta��o que muitos consideram irrevers�vel.

A queda do banco americano marcou, com dez anos de recuo, o fim da era cl�ssica das institui��es guardi�es da moeda, at� ent�o respons�veis pelo controle das taxas de juros de curto prazo e pela conten��o das press�es inflacion�rias.

Porque "subestimamos, nos mandatos dos bancos centrais, o papel crucial que eles deveriam desempenhar em caso de instabilidade financeira muito forte", ressalta Eric Dor, diretor de Estudos Econ�micos do IESEG em Lille.

A partir do outono de 2008, o Banco Central Europeu (BCE), o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos e o Banco do Jap�o (BoJ) se tornaram bombeiros, combatendo m�ltiplos inc�ndios com novos meios.

A primeira emerg�ncia foi reviver o mercado interbanc�rio, paralisado. Em seguida, foi necess�rio apoiar o crescimento e reduzir o desemprego, contendo o risco de inadimpl�ncia dos Estados sobre suas d�vidas, que quase estouraram a zona do euro.

- Endividamento -

O BCE, o Fed e o BoJ n�o apenas reduziram suas principais taxas de juros: eles tamb�m inundaram o sistema financeiro com liquidez, atrav�s de empr�stimos gigantescos a bancos e programas de recompra de d�vida p�blica e privada, dos quais apenas o Fed se libertou at� o momento.

Esses rem�dios anticrise s�o agora parte da "caixa de ferramentas convencional" da pol�tica monet�ria, observou no in�cio de maio Vitor Constancio, pouco antes de deixar a vice-presid�ncia do BCE.

E parece ilus�rio esperar recuper�-los, j� que os bancos centrais enfrentam um incha�o infinito da d�vida dos Estados, empresas e indiv�duos, ressalta o economista Patrick Artus, da Natixis.

Neste contexto, "j� n�o podem normalizar sua pol�tica monet�ria por medo dos efeitos devastadores para as empresas 'zumbis', artificialmente mantidas vivas pelos juros baixos, e os pa�ses altamente endividados", prev�.

As institu��es monet�rias tamb�m ter�o que garantir que bancos e previd�ncias privadas mantenham t�tulos do governo, a fim de manter o custo dos empr�stimos soberanos o mais baixo poss�vel.

Esse estado de "repress�o financeira � parte da a��o futura dos bancos centrais", assegura Frederik Ducrozet, economista da Pictet Wealth Management.

- Baixa infla��o -

Apesar dos enormes recursos implantados, os bancos centrais tamb�m est�o lutando para preencher sua meta de infla��o de cerca de 2%, que reflete a sa�de da economia.

"Nos fazem acreditar que isso acontece em decorr�ncia de uma falta de demanda, mas, como Don Quixote ao atacar moinhos de vento, os bancos centrais est�o lutando contra um inimigo imagin�rio", aponta Eric Dor.

Fora do campo de controle de bancos centrais, est�o a concorr�ncia global exacerbada em bens e servi�os e a "uberiza��o" da economia desacelerando os pre�os nos pa�ses desenvolvidos.

"A taxa de infla��o provavelmente vai continuar a subir muito mais lentamente nos ciclos de recupera��o p�s-Lehman do que antes", atesta Holger Schmieding, economista do Berenberg.

O BCE confia, no entanto, que a infla��o vai voltar ao controle de seu mandato, dizendo que os aumentos salariais na zona do euro acabar�o por sustentar os pre�os.

Mas esse resultado ser� obtido apenas por meio de um est�mulo monet�rio "muito mais importante do que antes para apoiar a demanda agregada", observa Schmieding.

A maioria dos economistas acredita que a pr�xima crise n�o vir� do mundo banc�rio, que aparece "muito mais bem armado do que antes, incluindo de capital, para enfrentar um crash", assegura Artus.

Incapazes de antecipar a grande crise de 2008, os bancos centrais fortaleceram desde ent�o seu papel de monitoramento, como o BCE, que atua com um supervisor de grandes bancos e exerce uma supervis�o "macroprudencial" para detectar bolhas financeiras.


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