O professor Lyal S. Sunga fez parte da Comiss�o de Peritos do Conselho de Seguran�a da ONU que relatou os crimes cometidos durante os cem dias do genoc�dio. Ele contou ao Estado o que viu:
"Chegamos a Kigali em 29 de outubro de 1994. Ruanda � um pa�s de sol, solo rico em ferro e gente bonita, e essas foram minhas primeiras impress�es. Nossa tarefa, no entanto, nos colocou cara a cara com os horrores de um dos piores crimes do s�culo 20.
Jamais esquecerei o que vi l�. Em Nyamirambo, 6 mil pessoas foram mortas em tr�s dias pela interahamwe (mil�cia hutu) de um lado e pela guarda presidencial do outro, numa demonstra��o de premedita��o e planejamento. Encontramos uma mulher com seu filho, forte e bonito aos 10 anos de idade, exceto pela desfigura��o grosseira do golpe de machete com for�a total na frente do rosto.
Em 1� de novembro, fomos para N�tarama, onde 400 dos cerca de 5 mil corpos ainda n�o haviam sido enterrados desde o ataque, em 15 de abril. Foi l� que senti pela primeira vez o fedor de carne humana decomposta, um cheiro que permeia todo o seu ser.
Meu colega forense me apoiou no banco da primeira fila da Igreja de N'tarama, para evitar que eu escorregasse na gordura humana e ca�sse na massa de cad�veres. Em Nyarabuye, fiquei para tr�s do time e me vi andando sobre larvas negras mortas que tinham comido carne humana. Isso me chocou.
Em 2015, voltei � Igreja de N�tarama. O zumbido reconfortante de pessoas em movimento substituiu o sil�ncio e o mau cheiro humano de 1994. Ruanda foi transformada de cen�rio de morte e destrui��o em um lugar limpo, eficiente, seguro e vibrante em duas d�cadas."
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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INTERNACIONAL
'Vi um dos piores crimes do mundo'
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