Em Hebron, os filhos de colonos israelenses cantam e dan�am ao redor de Itamar Ben Gvir. Seu her�i pode virar deputado, al�ado por um partido de extrema direita considerado racista e anti-�rabe.
� o dia da grande festa do Purim, o carnaval hebraico, em Hebron, localidade da Cisjord�nia ocupada, onde centenas de colonos judeus, movidos por convic��es ideol�gicas vivem sob a prote��o das for�as israelenses, em meio a 200.000 palestinos.
Itamar Ben Gvir mora nesta cidade, santa tanto para judeus quanto para mu�ulmanos. Neste dia, ele se sente como um peixe na �gua, em meio a dezenas de judeus fantasiados que se deixam levar pelo som dos c�nticos religiosos, executados em uma esp�cie de trio el�trico. Homens e mulheres dan�am separados.
� dia de festa e a maioria dos participantes n�o quer falar nem de pol�tica, nem das elei��es legislativas de 9 de abril. Quem o faz, como Yehudit Katz, apoia Itamar Ben Gvir.
Ele e seu partido, o Poder Judeu, prop�em "a melhor solu��o e a mais justa para todos aqueles que vivem aqui em Israel, �rabes e judeus", diz Katz.
Muitos colonos consideram que a Cisjord�nia, territ�rio palestino ocupado por Israel h� mais de 50 anos, faz parte de Israel.
Perguntado se o Poder Judeu � racista, Yehudit Katz responde: "claro que n�o". "Sua solu��o � conservar os n�o judeus, como os �rabes, que sejam leais ao Estado de Israel".
Itamar Ben Gvir, advogado de 42 anos, est� exultante. "Com a ajuda de Deus, estaremos na Knesset [o Parlamento israelense] porque vamos vencer", garante.
A perspectiva de o Poder Judeu conseguir um assento no Parlamento desatou um debate sobre o car�ter democr�tico de Israel.
- A sombra do kahanismo -
Um debate que coincidiu com outro sobre a participa��o nas elei��es de partidos �rabes israelenses, acusados por seus advers�rios, como Ben Gvir, de apoiar o "terrorismo" anti-israelense.
Sob press�o do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, dois partidos religiosos nacionalistas aceitaram abrigar Michael Ben Ari e Ben Gvir, duas personalidades do Poder Judeu.
O objetivo do premi� � tentar manter-se no cargo consolidando o bloco da direita para formar uma coaliz�o depois das elei��es.
Os advers�rios do Poder Judeu recorreram � comiss�o eleitoral e ao Tribunal Supremo para desqualificar Ben Ari e Ben Gvir. Conseguiram com Ben Ari, autor de declara��es consideradas racistas, mas n�o com Ben Gvir.
O Poder Judeu se identifica com o rabino americano-israelense Meir Kahane, fundador do partido anti�rabe Kach e inspirador de Baruch Goldstein, autor, em 1994, do massacre de 29 palestinos que rezavam em Hebron. Israel, Estados Unidos e Uni�o Europeia incluem Kach na lista de organiza��es "terroristas".
Ben Gvir, que confirma ter um retrato de Baruch Goldstein em sua sala, � afiliado a um "movimento racista, designado como organiza��o terrorista", refor�a Adalah, uma ONG �rabe-israelense de defesa dos direitos humanos.
O Poder Judeu e seus dirigentes n�o s�o racistas, mas lutam contra "os inimigos de Israel" e n�o contra os �rabes em geral, afirmou Ben Gvir perante o Tribunal Supremo.
- Problemas com a Justi�a na juventude -
Pesquisas de opini�o atribuem � sua lista, na qual Ben Gvir aparece em s�timo lugar, entre cinco e sete assentos de um total de 120.
Em 1995, com apenas 19 anos, ap�s a assinatura dos acordos de Oslo com os palestinos, se postou diante das c�meras exibindo o que, segundo ele, era a ins�gnia do carro do ent�o primeiro-ministro Isaac Rabin, assassinado por um extremista judeu naquele ano.
"Chegamos a este s�mbolo. Chegaremos at� ele", disse na ocasi�o.
Desde sua adolesc�ncia, foi denunciado 53 vezes, mas se vangloria de ter sido declarado inocente em 46 casos. Foi por conselho dos ju�zes - alardeia - que estudou direito para poder se defender sozinho.
Defende os colonos acusados de viol�ncia, como os judeus radicais julgados por um inc�ndio que matou um beb� de um ano e seis meses em 2015 na Cisjord�nia.
O Poder Judeu quer for�ar "os inimigos de Israel a emigrar para conservar o car�ter judeu do Estado de Israel", diz o partido em sua p�gina na Internet.
Michael Ben Ari j� ocupou um assento em uma lista de direita entre 2009 e 2013, mas o partido Poder Judeu nunca entrou no Parlamento, embora em 2013 tenha estado prestes a consegui-lo.