Os defensores da Opera��o Lava Jato, sob suspeita de parcialidade pol�tica para prejudicar o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, tentam blindar nesta segunda-feira a maior investiga��o anticorrup��o do Brasil e o ministro da Justi�a, Sergio Moro.
A 'bomba' foi lan�ada neste domingo pelo site The Intercept Brasil, que publicou mensagens trocadas nos �ltimos anos entre os procuradores da opera��o e o juiz Sergio Moro, que em janeiro passou a integrar o governo do presidente Jair Bolsonaro.
O site The Intercept, cofundado por Glenn Greenwald - que em 2013 publicou as informa��es de Edward Snowden sobre os programas de vigil�ncia maci�a implementados pela NSA americana - garante que as mensagens publicadas no domingo s�o "apenas o in�cio" de uma longa s�rie.
O assunto incendiou as redes sociais, com duas hashtags: "#EuApoioLavaJato" e "#EuApoioTheInterceptBR".
O vereador Carlos Bolsonaro aderiu � batalha virtual.
"� impress�o minha, ou s� no Brasil, uma imprensa utiliza uma invas�o ilegal de algo privado, ignorando a invalidade judicial e ilegalidade, mas n�o se importa em divulgar, com o �nico intuito de queimar o governo Bolsonaro e favorecer o sistema? Acho que j� vi isso antes!".
Entre as mensagens publicadas pelo The Intercept, destaca-se um di�logo de outubro passado, quando procuradores buscaram impedir que Lula, preso desde abril de 2018, fosse entrevistado por medo de que sua apari��o beneficiasse Fernando Haddad, candidato do PT �s elei��es presidenciais.
O ex-presidente Lula, mesmo preso, era o favorito nas pesquisas divulgadas at� ter sua candidatura vetada pela justi�a eleitoral.
Outras negocia��es mostram que o principal procurador da for�a tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, estava preocupado com a inconsist�ncia das acusa��es apresentadas contra Lula para conden�-lo como benefici�rio de um apartamento no Guaruj� entregue pela construtora OAS em troca de contratos na estatal Petrobras.
Lula, que foi condenado por esse caso a 8 anos e 10 meses de pris�o, sempre se declarou inocente e denunciou uma "persegui��o judicial" para impedir o PT de voltar ao poder.
Fernando Haddad exigiu uma investiga��o sobre o que poder� se tornar o "maior esc�ndalo institucional da hist�ria da Rep�blica".
- Mercados atentos -
As revela��es acontecem em um momento em que Bolsonaro tenta deixar para tr�s os problemas dentro do governo para avan�ar com as reformas econ�micas que os mercados consideram indispens�veis para dinamizar o pa�s, amea�ado pela recess�o.
A consultora financeira MCM considerou nesta segunda-feira que os vazamentos "repercutir�o na esfera pol�tica".
O caso representa "mais um desgaste para o ministro Moro e sua agenda anticorrup��o" e "fortalece o discurso do PT de que Lula foi condenado injustamente", acrescentou.
A Infinity Assets -outra consultoria-, demonstrou menos alarde e afirmou que os juristas consultados "foram enf�ticos em dizer que se trata de conversa em Off, portanto, em �mbito privado e nada fora do corriqueiro, sendo natural em processos da dimens�o da Lava Jato".
"Obviamente, at� na aus�ncia de algo mais concreto, a oposi��o deve tentar se aproveitar, por�m o espa�o � restrito".
- Procuradores: revela��es "tendenciosas" -
A for�a-tarefa da Lava Jato no Minist�rio P�blico Federal (MPF) reconheceu que "seus membros foram v�timas de uma a��o criminosa de um hacker" e afirmou que a publica��o das mensagens � tendenciosa e tem a inten��o de atacar a Opera��o.
O MP garante, contudo, que "os procuradores da Lava Jato n�o v�o se dobrar � invas�o imoral e ilegal, � extors�o ou � tentativa de expor e deturpar suas vidas pessoais e profissionais".
Moro, por sua vez, considerou que nas mensagens que o citam "n�o se vislumbra nenhuma anormalidade ou direcionamento da atua��o enquanto magistrado, apesar de terem sido retiradas de contexto e do sensacionalismo das mat�rias".