(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas EUROPA

Matteo Salvini tenta for�ar elei��es antecipadas na It�lia

L�der da Liga, partido de ultradireita, o ministro do Interior deve submeter ao parlamento voto de desconfian�a no governo, para for�ar elei��es antecipadas


postado em 19/08/2019 04:00 / atualizado em 18/08/2019 21:30

Matteo Salvini venceu na Sicília, onde eleitores aprovaram a política de portos fechados(foto: Eliano Imperato/AFP)
Matteo Salvini venceu na Sic�lia, onde eleitores aprovaram a pol�tica de portos fechados (foto: Eliano Imperato/AFP)

Depois de apenas 14 meses desde a forma��o do atual governo, a It�lia pode estar �s portas de uma elei��o legislativa antecipada ou de um impasse pol�tico mais prolongado – ambas as possibilidades resultantes da fragmenta��o partid�ria, que dificulta a composi��o de maioria no parlamento. Amanh�, o ministro do Interior e vice-premi�, Matteo Salvini, considerado o homem-forte da atual coaliz�o, deve submeter um voto de confian�a ao gabinete de coaliz�o do premi� Giuseppe Conte – um independente.

Salvini, l�der da Liga, de ultradireita, alega diverg�ncias com o parceiro, o Movimento Cinco Estrelas (M5S), legenda de protesto criada pelo comediante Beppe Grillo, que tem como l�der parlamentar o tamb�m vice-premi� Luigi di Maio, titular da pasta do Desenvolvimento Econ�mico. � parte as diferen�as reais, o chefe da Liga faz uma aposta pelo poder. Se o M5S elegeu a maior bancada em 2018, a ultradireita venceu as elei��es europeias de maio e hoje lidera as pesquisas de opini�o, com cerca de um ter�o das inten��es de voto.

“Por que, ent�o, n�o se demite?”, questionou uma terceira parte interessada na crise. O ex-premi� Matteo Renzi, do Partido Democr�tico (PD, centro-esquerda), joga com a possibilidade de unir-se a Di Maio no apoio a uma nova maioria, ou a um governo “t�cnico” que evite a convoca��o imediata de elei��es. Atento � disputa cada vez mais �cida entre os (ainda) parceiros de coaliz�o, bem como ao desconforto do premi�, Renzi reviu o veto assumido no ano passado e iniciou contatos com o M5S.

Embora Salvini tenha invocado inicialmente o veto ao projeto de uma autoestrada, a colis�o frontal com Conte se deu em torno da imigra��o. O ministro do Interior desautorizou o premi� e vetou o acesso a um porto da Sic�lia de um navio da ONG espanhola Open Arms com 140 estrangeiros. Conte, que havia negociado com parceiros europeus recorreu a uma carta aberta para condenar a “deslealdade” do vice-premi� – “pela en�sima vez, o que n�o posso aceitar”. Tamb�m criticou, com ironia, a “obsess�o de reduzir o tema da imigra��o � f�rmula dos ‘portos fechados’”.

O l�der da Liga n�o economizou veneno na resposta, tamb�m p�blica, � “cartinha” do premi�, e come�ou por desafiar “o gentil presidente do Conselho (de Ministros)” a “dizer cara a cara” o que tinha escrito. “Os italianos me pagam n�o para fazer o papel da boa alma, mas para defender as fronteiras e garantir a seguran�a – essa � a minha obsess�o”, prosseguiu Salvini.

No s�bado, ele autorizou o desembarque de 27 menores de idade a bordo do navio humanit�rio, mas o poss�vel recuo n�o parecia ter qualquer efeito poss�vel na crise de gabinete. Luigi di Maio, o l�der do M5S, j� em tratativas com Matteo Renzi para um poss�vel acordo com o PD, considerou tardios os acenos a uma recomposi��o. “Agora, ele j� quebrou os ovos. Cada um � art�fice do pr�prio destino. Boa sorte”, afirmou.

M�LTIPLA ESCOLHA O l�der direitista joga com a carta das elei��es animado pelas f�rias de ver�o passadas na Sic�lia, onde foi assediado na praia para selfies com um p�blico que deu vit�ria estrondosa para a Liga nas elei��es europeias – justamente pelo impacto sofrido na ilha com o desembarque de milhares de imigrantes. Mas a convoca��o antecipada dos italianos �s urnas � apenas uma das op��es para o presidente Sergio Mattarella, a quem o parlamentarismo italiano d� a primazia para resolver a crise.

O pr�prio premi� pode se antecipar ao voto de desconfian�a e apresentar a demiss�o. Nesse caso, o chefe de Estado tem autoridade para convid�-lo a tentar recompor a maioria. Ainda que Conte seja derrubado, Mattarella assume as r�deas da situa��o. Antes de tomar uma decis�o, tem a prerrogativa de consultar os l�deres partid�rios para sondar as possibilidades de o parlamento eleger um novo gabinete. � um processo que pode se estender por algumas semanas.

O atual parlamento foi eleito com a expectativa de elaborar e aprovar uma reforma do sistema pol�tico-eleitoral capaz de sanar a instabilidade cr�nica no pa�s. 


Os quatro cavaleiros

Quais s�o as principais for�as pol�ticas italianas
>> A direita sem verniz

A Liga, o partido antieuropeu e anti-imigra��o liderado por Matteo Salvini, � uma das estrelas de uma nova gera��o da direita europeia. Como as legendas afins da Fran�a e da Alemanha, elegeu a imigra��o como espantalho e a Uni�o Europeia como moinho de vento a ser combatido como se fosse um drag�o. Com essa plataforma, saiu das urnas como a legenda mais votada no pa�s, nas elei��es europeias do fim de maio. Originalmente, era um movimento de tend�ncia separatista, a Liga Norte, mas transitou para o campo da extrema-direita populista – com sucesso, at� aqui. Na �ltima elei��o legislativa, superou o partido For�a It�lia, do ex-premi� Silvio Berlusconi, e firmou-se como o n�cleo do campo conservador, mas distanciou-se das posi��es de centro com a profunda guinada anti-EU.

>> No come�o era piada

O Movimento Cinco Estrelas (M5S) foi criado pelo comediante Beppe Grillo (foto) como um protesto debochado contra o viciado sistema pol�tico italiano. O discurso contra a corrup��o e os favorecimentos, contra os acordos de bastidores e a falta de coer�ncia dos partidos estabelecidos foi propulsor de uma ascens�o mete�rica. Na �ltima elei��o legislativa, a legenda nascida como piada de protesto saiu das urnas com a maior bancada do parlamento – e a primazia, segundo o sistema pol�tico italiano, para encabe�ar o governo. Esbarrou na rejei��o dos demais, at� o momento em que encontrou um ponto de converg�ncia com as aspira��es do l�der da Liga, Matteo Salvini. O acordo in�dito de coaliz�o resultou em um governo improv�vel e algo err�tico, que caminha para o ep�logo depois de 14 meses.
 
>> Herdeiros da esquerda

Em meio � geleia geral da pol�tica partid�ria italiana, o Partido Democr�tico (PD), do ex-premi� Matteo Renzi (foto), se perfila como exce��o, embora seja fruto de uma profunda metamorfose ideol�gica. A legenda � descendente do hist�rico Partido Comunista Italiano (PCI), o filho mais bem-sucedido de sua fam�lia pol�tica no mundo ocidental. Em meados dos anos 1980, sobreviveu sem maiores danos � Opera��o M�os Limpas, que dizimou a Democracia Crist� e o Partido Socialista. Mas as ru�nas do Muro de Berlim soterraram o velho PCI e deram caminho a uma forma��o de centro-esquerda que governou o pa�s em diferentes per�odos nas �ltimas tr�s d�cadas. Atingido tamb�m pelo desgaste que fez do M5S uma das grandes for�as do parlamento, o PD ensaia agora o rompimento com mais um tabu para retornar ao governo em coaliz�o com a legenda de protesto.

>> O show vai continuar

Os �ltimos anos n�o pareciam ter sido t�o generosos com Silvio Berlusconi (foto), magnata da m�dia, dono do festejado time de futebol do Milan, personagem com o perfil cl�ssico do populista capaz de empolgar um eleitorado fatigado com a pol�tica tradicional. Foi com esse repert�rio que o Cavaliere se lan�ou, na d�cada de 1990, a ocupar o espa�o aberto � direita pela implos�o da Democracia Crist�. Se o nome de um partido diz algo sobre o conte�do, a marca escolhida por Berlusconi ilustra a natureza de sua empreitada. For�a It�lia � o grito de guerra dos torcedores da Squadra Azzurra, a sele��o de futebol. Premi� em duas ocasi�es, o bilion�rio parecia fora do jogo ap�s ser condenado por evas�o fiscal e tr�fico de influ�ncia, mas retornou nas elei��es europeias. Agora, seu partido pode ser o fiel da balan�a na crise.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)