
A temperatura mundial m�dia de 2015 a 2019 caminha para se tornar a maior de qualquer per�odo de cinco anos j� registrado na hist�ria, anunciou a ONU na v�spera de uma reuni�o de l�deres mundiais sobre o clima.
"Atualmente, calcula-se que estamos 1,1ºC acima da era pr�-industrial (1850-1900) e +0,2ºC que em 2011-2015", destaca o relat�rio "Unidos na Ci�ncia" da Organiza��o Meteorol�gica Mundial (OMM).
Os �ltimos dados confirmam a tend�ncia dos quatro anos anteriores, que j� foram os mais quentes desde 1850, quando a temperatura m�dia mundial come�ou a ser registrada. Julho de 2019, quando v�rias ondas de calor afetaram a Europa, foi o m�s mais quente da hist�ria.
Mas h� disparidades regionais: os polos esquentam mais r�pido e as zonas costeiras s�o amea�adas antes de outras regi�es. "Os efeitos da mudan�a clim�tica n�o s�o sentidos de maneira igual", afirma o cientista chefe da ag�ncia meteorol�gica brit�nica, Stephen Belcher.
"Alguns pa�ses sentem alguns efeitos, como ondas de calor mais intensas ou inunda��es mais graves, mais cedo que outros", completa. O relat�rio, publicado dois dias depois das grandes manifesta��es de estudantes pelo clima em todo o planeta e na v�spera do encontro de l�deres mundiais em Nova York para a Assembleia Geral anual da ONU, faz um balan�o da falta de a��o dos Estados para reduzir as emiss�es de gases do efeito estufa.
E os cientistas s�o at� "conservadores", afirmou uma das coordenadoras do estudo, Leena Srivastava. Na realidade, os governantes "devem agir com muito mais urg�ncia", ressaltou ao apresentar o relat�rio neste domingo.
- Sem recuo nas emiss�es -
A lista de not�cias ruins sobre o estado do planeta � longa e est� detalhada no documento da OMM. Os cientistas afirmam que aumento do n�vel dos oceanos acelera e o ritmo subiu na �ltima d�cada a quatro mil�metros por ano, em vez de tr�s, em consequ�ncia do derretimento acelerado das calotas polares no Norte e Sul, algo confirmado por diversos estudos e an�lises de sat�lite.
As ind�strias de carv�o, petr�leo e g�s prosseguiram com seu avan�o em 2018. As emiss�es de gases do efeito estufa tamb�m aumentaram e em 2019 ser�o "no m�nimo t�o elevadas" quanto no ano passado, preveem os cientistas que coordenaram o relat�rio.
A concentra��o de CO2 na atmosfera deve alcan�ar um novo recorde no fim do ano, 410 part�culas por milh�o, de acordo com dados preliminares. Para o professor Dave Reay, da Universidade de Edimburgo, esta � a pior not�cia do informe.
"� como receber uma conta de cart�o de cr�dito depois de cinco anos de gastos sem pagar", escreveu. E seguindo com a met�fora banc�ria, ele completa: "Alcan�amos o m�ximo mundial de nosso cr�dito de carbono. Se as emiss�es n�o come�arem a cair, o pre�o ser� infernal".
No atual est�gio dos compromissos dos pa�ses para reduzir as emiss�es de gases do efeito estufa, o planeta ficar� de 2,9ºC a 3,4ºC mais quente at� 2100.
Os cientistas consideram que os esfor�os de luta contra o CO2 dos pa�ses devem ser multiplicados por cinco para conter o aquecimento global a 1,5ºC, como prev� o Acordo de Paris de 2015. Ou no m�nimo por tr�s para conter o aumento da temperatura a 2ºC, o limite m�ximo estipulado pelo acordo.
"A brecha nunca foi t�o grande entre o que o mundo deseja alcan�ar e a realidade clim�tica dos pa�ses", destaca o documento. Esta � a brecha que o secret�rio-geral da ONU, Antonio Guterres, quer abordar na reuni�o sobre o clima convocada para segunda-feira, que deve reunir quase 60 governantes. Guterres acredita que diversos l�deres devem prometer alcan�ar a neutralidade em carbono at� 2050.