Um ano e meio depois do assassinato da vereadora Marielle Franco no Rio de Janeiro h� dois suspeitos presos e se conhecem alguns detalhes da investiga��o, mas a principal pergunta - Quem mandou matar Marielle? - continua sem resposta.
O caso voltou � tona nesta semana depois que uma reportagem da TV Globo citou na ter�a-feira um testemunho que vincula o presidente Jair Bolsonaro a um dos suspeitos, provocando uma r�plica cheia de insultos do presidente nas redes sociais.
Na quarta-feira, o Minist�rio P�blico do Rio desmentiu a validade do testemunho.
- Como foi o assassinato?
Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados em 14 de mar�o de 2018 �s 21H30 na regi�o central do Rio.
A vereadora negra de 38 anos - identificada com a defesa da minoria LGBT e com as den�ncias de viol�ncia policial nas favelas - voltava para casa depois de participar de um debate com jovens negras, quando seu carro foi baleado: ela foi atingida por quatro disparos na cabe�a e o motorista por tr�s tiros nas costas, segundo um relat�rio policial citado pela GloboNews.
Os investigadores afirmam que os tiros partiram de um outro ve�culo.
Os investigadores logo esbarraram em um primeiro obst�culo, ao descobrirem que cinco das onze c�maras de vigil�ncia instaladas no trajeto de Marielle haviam sido misteriosamente desconectadas no dia anterior ao crime.
- Quem matou Marielle Franco?
Dois ex-policiais militares foram presos em mar�o deste ano sob a suspeita de serem os autores do crime: Ronnie Lessa, de 48 anos, suspeito de ter feito os disparos, e Elcio de Queiroz, de 46 anos, suposto motorista do carro em que estavam.
Lessa vivia no mesmo condom�nio que o ent�o deputado Jair Bolsonaro na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio.
Lessa e Queiroz tamb�m tinham v�nculos com as mil�cias paramilitares que aterrorizam v�rias favelas.
Essas mil�cias, formadas no Rio h� cerca de duas d�cadas para supostamente combater o tr�fico nas favelas, s�o integradas por v�rios ex-policiais e acabaram se transformando em m�fias que cobram altas taxas em troca de "prote��o".
Seus abusos foram denunciados em v�rias ocasi�es por Marielle Franco, que foi assessora parlamentar do ent�o deputado Marcelo Freixo, que presidiu a CPI das Mil�cias da Assembleia Legislativa do Rio em 2008. O relat�rio final da CPI pediu o indiciamento de 225 pol�ticos, policiais, agentes penitenci�rios, bombeiros e civis.
- Quem ordenou o crime?
At� o momento ningu�m foi oficialmente apontado como autor intelectual do assassinato.
O Minist�rio P�blico do Rio considerou em mar�o "indiscut�vel que Marielle Franco foi v�tima de uma execu��o sum�ria devido � sua atividade pol�tica e �s causas que defendia".
Em um primeiro momento, Marcello Siciliano, um vereador do Rio que j� teve seu nome v�rias vezes relacionado �s mil�cias, foi considerado o principal suspeito, segundo detalhes do processo vazados pela imprensa.
Na �ltima sexta-feira, o portal de not�cias Uol revelou um documento confidencial que incrimina o ex-deputado estatal do Rio, Domingos Braz�o, que tamb�m teria v�nculos com as mil�cias.
Braz�o "arquitetou o homic�dio da vereadora Marielle Franco e visando manter-se impune, esquematizou a difus�o de not�cia falsa sobre os respons�veis pelo homic�dio", segundo uma den�ncia enviada em setembro pela ent�o procuradora-geral da Rep�blica, Raquel Dodge, ao Superior Tribunal de Justi�a (STJ).
A Uol tamb�m revelou que Braz�o teria pago 500.000 reais a milicianos para que executassem a vereadora.
- Como o nome de Bolsonaro apareceu?
A reportagem da TV Globo indica que Elcio de Queiroz esteve horas antes do crime no complexo residencial do Rio onde Ronnie Lessa e Bolsonaro eram vizinhos.
Segundo esse relat�rio, baseado no testemunho do porteiro do condom�nio, Queiroz teria pedido que interfonassem para a casa de Bolsonaro, de n�mero 58, para conseguir a autoriza��o de entrada no condom�nio. Bolsonaro teria dado a permiss�o.
O porteiro registrou o n�mero de casa do presidente em uma planilha com as entradas e sa�das de ve�culos, segundo uma c�pia do documento obtido pela TV Globo.
Entretanto a promotora Simone Sibilio explicou na �ltima quarta-feira que o porteiro "mentiu" e que os registros da cabine de controle de entradas do condom�nio e as investiga��es demonstraram que o suspeito pediu que o porteiro interfonasse para a casa de Ronnie Lessa. A promotora informou tamb�m que Lessa e Queiroz sa�ram juntos do local.
Na reportagem, a TV Globo ressaltou registros de que Bolsonaro n�o estava em casa no dia da morte de Marielle, mas na C�mara dos Deputados em Bras�lia.
O ministro da Justi�a, Sergio Moro, pediu na quarta-feira a abertura de uma apura��o sobre as "inconsist�ncias" na investiga��o do Rio, diante da "eventual tentativa de vincula��o indevida do nome do presidente no crime".