Escolhida por Merkel desiste de sua sucess�o como chanceler da Alemanha

A sucessora designada por Angela Merkel, Annegret Kramp-Karrenbauer, anunciou nesta segunda-feira, 10, que desistiu de se candidatar ao cargo de chanceler da Alemanha, no ano que vem, e deixar� a presid�ncia da Uni�o Democrata-Crist� (CDU). Ela foi v�tima de uma alian�a de seu partido com populistas radicais de direita na elei��o para o governo do Estado da Tur�ngia.

Ontem, Kramp-Karrenbauer, conhecida pelas iniciais AKK, afirmou que iniciar� o processo para escolha de um novo l�der antes de deixar a chefia da legenda. Merkel acrescentou que ela deve continuar no cargo de ministra da Defesa, que ocupa desde julho.

Protegida e escolhida por Merkel, Kramp-Karrenbauer vinha sendo cada vez mais questionada a respeito de sua capacidade de substituir a chanceler, que comanda o pa�s h� 15 anos, mas planeja sair de cena na pr�xima elei��o.

Na semana passada, a incapacidade dela de disciplinar o diret�rio da Tur�ngia foi mais um golpe em sua credibilidade. A CDU regional a desafiou, apoiando um l�der local que assumiu com ajuda do partido Alternativa para Alemanha (AfD), rompendo com o consenso do p�s-guerra contra extremistas de direita.

A CDU est� dividida entre advers�rios e partid�rios de uma coopera��o com a AfD, sobretudo nos Estados do leste, que pertenciam � Alemanha Oriental, onde a extrema direita � mais forte. A decis�o de AKK de n�o concorrer ao cargo de chanceler coloca um grande ponto de interroga��o no futuro da Alemanha, no momento em que sua economia, a quarta maior do mundo, beira a recess�o e a Uni�o Europeia tenta se recuperar do impacto do Brexit.

Merkel ocupa papel de destaque na arena global desde 2005. Ela ajudou a UE a passar pela crise da zona do euro e abriu as portas para os imigrantes em fuga de guerras no Oriente M�dio em 2015 - uma medida que ainda divide o bloco governista.

A escolha de AKK como l�der refletia um desejo de continuidade na pol�tica centrista de Merkel, frente ao advogado Friedrich Merz, favor�vel a uma guinada clara � direita. Merz defende a necessidade de recuperar os eleitores conservadores que passaram a votar na AfD. Agora, seu nome passa a ser cotado como candidato a substituir Merkel. Logo ap�s sua elei��o, AKK pediu a uni�o do partido em um cen�rio pol�tico cada vez mais fragmentado, no qual as principais legendas - CDU e o SPD (social-democratas) - perderam eleitores para a AfD e os Verdes.

Sucess�o

O desejo de Merkel de manter seu cargo de chanceler mesmo desistindo da lideran�a do partido n�o facilitou a tarefa de AKK. "Separando a chancelaria e a presid�ncia do partido, abandonamos uma pr�tica estabelecida na CDU", disse ontem Kramp-Karrenbauer, em uma referencia cr�tica a Merkel.

Ap�s o an�ncio de AKK, iniciou-se uma especula��o de quem pode ser o pr�ximo chefe de governo da Alemanha. Merz, de 64 anos, � um velho inimigo de Merkel desde os anos 90. Se assumir a presid�ncia da CDU, a tend�ncia � que ele pressione Merkel a abandonar o poder prematuramente.

Outro cotado � Armin Laschet, de 58 anos. Laschet governa a Ren�nia do Norte-Westf�lia, Estado mais importante da CDU. Pr�ximo a Merkel, ele tem uma boa aceita��o entre os membros do SPD, que apoia o atual governo de Merkel.

O ministro da Sa�de, Jens Spahn, � muito elogiado por seu trabalho. No espectro pol�tico, est� � direita do partido e tamb�m faz parte do campo 'anti-Merkel', a quem criticou em 2015 por sua pol�tica migrat�ria. No entanto, analistas questionam como uma sigla conservadora como a CDU reagir� � pouca idade de Spahn - ele tem 39 anos - e ao fato de ele ter se assumido homossexual.(Com ag�ncias internacionais).

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.