
Terceiro pa�s com mais mortes por COVID-19, atr�s apenas dos Estados Unidos e da It�lia, a Espanha mant�m seus 47 milh�es de habitantes em confinamento desde 14 de mar�o, uma medida que durar� pelo menos at� 9 de maio.
Mas sair n�o significa voltar � vida de antes. Os mais novos devem estar acompanhados de um adulto, n�o podem brincar com os vizinhos nem se distanciar mais de um quil�metro da casa, tudo isso por n�o mais de uma hora, entre as 9h e as 21h. E os parques ainda est�o fechados.
"Ficar a dois metros de dist�ncia (entre crian�as e terceiros) no centro de Madri � imposs�vel. Sa�mos cedo para n�o encontrar outras crian�as", diz uma bibliotec�ria que n�o quis se identificar, m�e de um menino de 5 anos e de uma menina de 8, que mora em um apartamento sem varanda no Bairro de La Latina.
"Eles n�o conseguiram dormir esta noite. Estavam muito ansiosos", continua. "Sabem muito bem que n�o podem tocar em nada. Eles n�o t�m medo da verdade (...) N�s, adultos, temos mais medo", admite.
A Espanha, que nas �ltimas 24 horas registrou o menor saldo de mortes di�rias desde 20 de mar�o, com 288 novos �bitos, adotou em 14 de mar�o um dos mais r�gidos confinamentos do planeta. Com um total de 23.190 mortes at� a tarde de ontem, � o terceiro pa�s mais afetado no mundo pela pandemia iniciada na China no final de 2019, atr�s dos Estados Unidos (mais de 55 mil) e It�lia (26.644), seguida pela Fran�a (22.856) e Reino Unido (20.732).
Com a quarentena, estendida at� 9 de maio. O presidente do governo, Pedro S�nchez, apresentar� amanh� um plano para amenizar as medidas a partir da segunda quinzena. Mas, se as infec��es continuarem a diminuir, a partir do dia 2, os adultos poder�o caminhar ou se exercitar, como em outros pa�ses europeus.
A It�lia, que registrou ontem o menor n�mero di�rio de mortos por COVID-19 em seis semanas (260 mortos), projeta as primeiras etapas de desconfinamento a partir de 4 de maio.
Em Londres, o primeiro-ministro Boris Johnson, que esteve hospitalizado devido ao v�rus, retomar� suas atividades hoje. Os brit�nicos aguardam o an�ncio de seus planos para relan�ar a economia e sair do confinamento.
Na Fran�a, seu colega Edouard Philippe divulgar� tamb�m hoje sua "estrat�gia de desconfinamento", que deve come�ar em 11 de maio, com a pol�mica reabertura das escolas.
ESTADOS UNIDOS
Em Nova York, a cidade mais atingida do mundo, com mais de 15 mil mortes, o prefeito Bill de Blasio disse ontem que espera ter, at� 1º de junho, um plano para reabrir a cidade ap�s a quarentena imposta em decorr�ncia da pandemia do novo coronav�rus. Ele afirmou tamb�m que os n�meros de pessoas recebendo tratamento contra a COVID-19 na cidade seguem est�veis ou em decl�nio. Eram 768 em UTIs.

...Desespero no Equador
Em um hospital de Guayaquil, no Equador, os mortos da pandemia chegam a se amontoar at� mesmo nos banheiros. Alguns foram embrulhados em mortalhas por enfermeiros porque "a equipe do necrot�rio n�o estava recebendo material", revela um profissional da sa�de.
O homem, que aceitou falar por telefone sem se identificar devido ao medo de ser demitido, compartilha o "pesadelo" que viveu no sistema de sa�de saturado de Guayaquil, um dos maiores focos de propaga��o do novo coronav�rus na Am�rica Latina. O que testemunhou, diz ele, � "traum�tico".
"As pessoas est�o sozinhas, tristes, a medica��o lhes causa danos gastrointestinais, alguns defecam, se sentem mal e pensam que sempre v�o estar assim e veem que o paciente ao lado come�a a ter falta de ar e gritar que precisa de oxig�nio".
As mortes se multiplicaram rapidamente, segundo o funcion�rio. "A equipe do necrot�rio n�o estava estocando e o que nos restou fazer muitas vezes foi cobrir os corpos e acumul�-los nos banheiros". Somente quando "seis ou sete s�o empilhados, eles v�m busc�-los", conta este enfermeiro de 35 anos e tr�s de servi�o em um dos centros hospitalares que enfrentam a pandemia no Equador, onde h� oficialmente 22.719 infectados, incluindo 576 mortos, a grande parte em Guayaquil, e den�ncias graves de subnotifica��o.
Segundo o relato do enfermeiro, depois que os necrot�rios ficam lotados, cont�ineres refrigerados chegam ao hospital para receber os corpos, sendo que alguns deles ficam por at� dez dias "embrulhados em capas que s�o como uma mala de viagem preta". Alguns familiares "rompem a tampa (...) e os flu�dos saem. Isso � um desastre sanit�rio", comenta. E em meio � emerg�ncia, "todo mundo fugiu” – equipe administrativa, psic�logos, dentistas que deveriam estar ajudando a fazer os registros.
PESADELOS
O enfermeiro quase n�o sente o consolo de ter visto o n�mero de mortos diminuir na semana passada. Na volta para casa, os tormentos o acompanham. Ap�s 24 horas de servi�o, com dor nos p�s, tenta descansar. Mas logo � despertado pelo pesadelo: corre at� cair e "abrir a porta do banheiro com a quantidade de cad�veres". "Voc� n�o consegue voltar a dormir", confessa.
"Saio do meu quarto com m�scara, n�o posso abra�ar ningu�m. Nem os animais de estima��o". De vez em quando, pensa na marca que a pandemia est� deixando nele. "Te marca o fato de n�o poder colaborar mais al�m de colocar uma c�nula, sabendo que (o paciente) precisa de um ventilador e voc� n�o tem outra op��o. Te dizem: bom, coloque o oxig�nio e o soro lento e deixe-o l�. Mas e se fosse minha m�e? E se fosse meu pai? Isso te mata, te mata psicologicamente".
E MAIS...
'Receita de Trump' intoxica
A cidade de Nova York registrou aumento nos casos de intoxica��o por desinfetante, ap�s o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter sugerido que a inje��o do produto poderia combater o coronav�rus. Centro de controle de envenenamento local recebeu 30 chamadas relacionadas aos produtos nas 18 horas seguintes � declara��o – mais que o dobro do normal. Trump, depois, afirmou que estava sendo "sarc�stico" quando fez o coment�rio.
Restri��o � cloroquina
As autoridades de sa�de do Canad� acompanharam outros especialistas e alertaram sobre o perigo do uso da cloroquina e hidroxicloroquina, usadas para combater a mal�ria, para prevenir ou tratar a COVID-19. "A cloroquina e a hidroxicloroquina podem causar efeitos secund�rios graves. Estes medicamentos s� devem ser utilizados sob a supervis�o de um m�dico", advertiu a Ag�ncia de Sa�de P�blica do Canad�.