A Amaz�nia, chamada por muitos de "o pulm�o do mundo", est� ficando sem oxig�nio para atender os pacientes nos hospitais da floresta peruana, advertiu uma autoridade m�dica regional nesta quinta-feira (14).
"O pulm�o do mundo morre por falta de oxig�nio e essa � a nossa triste realidade", disse � AFP por videochamada o diretor de Sa�de da regi�o amaz�nica de Loreto, Carlos Calampa, uma das mais afetadas pelo novo coronav�rus no Peru.
Calampa afirmou que a falta de oxig�nio � um problema s�rio porque as comunidades amaz�nicas j� somam 14 ind�genas mortos por coronav�rus e centenas de contagiados.
"N�o vamos precisar de oxig�nio s� para Iquitos (principal cidade da regi�o), mas para a periferia; envi�-lo a Nauta, Requena, Yurimaguas seria dif�cil pela falta de transporte pelos rios", informou o m�dico.
Na Amaz�nia peruana praticamente n�o h� estradas e o principal meio de transporte � o fluvial.
Em Loreto, onde nasce o rio Amazonas, "temos 193 profissionais contagiados e 12 falecidos. Fica muito dif�cil montar equipes de a��o r�pida na regi�o", disse Calampa.
Nos corredores do hospital de Iquitos, v�-se os pacientes ligados a bal�es de oxig�nio de cor verde.
Em Requena, um caix�o apareceu em um lix�o, segundo imagens exibidas na TV,
Na cidade de Iquitos, um bal�o de oxig�nio � vendido entre 880 e 1.470 d�lares, pre�os elevad�ssimos em rela��o ao de antes da pandemia, segundo l�deres comunit�rios.
Loreto fica na remota fronteira com Brasil, Col�mbia e Equador. � a regi�o mais extensa e povoada do Peru. Ali foram reportados ao menos 2.107 casos de COVID-19 e 95 falecidos.
Na regi�o, muito poucas comunidades t�m �gua pot�vel. Em algumas aldeias, as pessoas fazem m�scaras com folhas de bananeira para se proteger.
- "Queremos ponte a�rea" -
"Temos a comunidade de Bellavista Callar�, que � a mais atingida pela pandemia. Foram reportadas sete pessoas falecidas, estamos muito preocupados", disse � AFP Francisco Hern�ndez Cayetano, l�der da Federa��o de Comunidades Ticuna e Yaguas do Baixo Amazonas, em Loreto.
Ele explicou que a aldeia de Callar�, com mais de 2.000 habitantes, tem um posto m�dico desabastecido de medicamentos.
"Precisamos urgentemente de rem�dios, oxig�nio e equipamentos de seguran�a. Queremos uma ponte a�rea", disse Hern�ndez.
"Fa�am alguma coisa pela popula��o Ticuna, que est� morrendo. N�s tamb�m somos peruanos, mas nesta parte da fronteira, estamos esquecidos. Queremos salvar nossos av�s", expressou.
Os contagiados s�o tratados com xarope de lim�o, gengibre e cebola que eles pr�prios preparam.
Entre os mortos est� o prefeito do distrito de Masisea, Silvio Vall�s, de 42 amos, da etnia shipibo-konibo, a mais numerosa na regi�o amaz�nica de Ucayali, fronteiri�a com o Brasil.
O ministro peruano da Sa�de, V�ctor Zamora, admite que a situa��o em Loreto � cr�tica pela falta de oxig�nio.
"A situa��o em Iquitos � muito cr�tica, continua sendo muito delicada. O minist�rio comprou 9.000 metros c�bicos de oxig�nio e 60 bal�es que transportamos em uma porte a�rea, mas s�o insuficientes para a capacidade que Loreto tem", disse Zamora � emissora TV Per�.
"Mesmo assim, nossos compatriotas em Iquitos seguem desesperadamente precisando deste elemento vital. No mercado nacional do Peru estamos ficando sem bal�es de oxig�nio porque o consumo � muito grande", comentou o ministro.
Agilio Semperi, presidente do Conselho Machiguenga do Rio Urubamba, disse � AFP que as comunidades s� tem postos m�dicos e que para chegar ao hospital mais pr�ximo, teriam que viajar v�rios dias pelo rio.
"Precisamos da interven��o do Estado nas comunidades nativas para poder resguard�-las", disse � AFP este l�der da �rea florestal da regi�o de Cusco.
Em 30 de mar�o, comunidades ind�genas peruanas e uma ONG internacional pediram a restri��o da entrada na Amaz�nia para impedir a propaga��o do coronav�rus entre os ind�genas, que est�o entre os povos "mais vulner�veis do planeta" diante da pandemia.
O Peru registrava at� esta quinta-feira 2.267 mortos por COVID-19 e 80.604 casos confirmados.