De Bruxelas a Budapeste, passando por Madri e Roma, dezenas de milhares de europeus foram �s ruas neste domingo (7) para denunciar o racismo, em uma onda de protestos gerada pelo assassinato do afro-americano George Floyd por um policial branco em Minneapolis, nos Estados Unidos.
Em Madri, cerca de 3.000 manifestantes - conforme estimativa da pol�cia local - se reuniram em frente � embaixada dos Estados Unidos para condenar a morte de Floyd, de 46 anos, repetindo suas �ltimas palavras: "N�o consigo respirar".
Tamb�m entoaram mensagens como "N�o h� paz sem justi�a", ou "Voc�s, racistas, voc�s s�o terroristas!".
Em Roma, uma manifesta��o espont�nea surgiu na famosa Piazza del Popolo, com milhares de jovens ajoelhados em sil�ncio e de punhos erguidos, por quase nove minutos. Este foi o tempo, durante o qual o policial manteve o joelho pressionado no pesco�o de Floyd, at� ele vir a falecer.
Quando se levantaram, tamb�m gritaram: "N�o consigo respirar!", repetindo as �ltimas palavras de Floyd.
Milhares de brit�nicos se manifestaram em Londres pelo segundo dia consecutivo e em outras cidades, como Bristol. Nesta cidade do sudoeste, com um passado escravagista, uma est�tua do traficante de escravos Edward Colston foi derrubada de sua base e chutada pelos manifestantes quando j� estava no ch�o, segundo imagens da emissora BBC.
Depois, a arrastaram pela cidade portu�ria e a atiraram, pintada com tinta vermelha, no rio Avon, sob gritos de alegria.
Outra est�tua foi alvo de revolta neste domingo em frente ao Parlamento de Londres - a do ex-primeiro-ministro brit�nico Winston Churchill, her�i da Segunda Guerra Mundial. "Era um racista", escreveram sobre seu nome no pedestal.
A manifesta��o no centro da capital degenerou em incidentes com a pol�cia nas primeiras horas da noite, ap�s ter come�ado pac�fica � tarde em frente � embaixada americana.
Em Bruxelas, cerca de 10.000 manifestantes, segundo a pol�cia, reuniram-se no Pal�cio da Justi�a.
Houve atos de vandalismo depois da manifesta��o e a pol�cia deteve 150 pessoas, informou a prefeitura de Bruxelas.
Milhares tamb�m protestaram na Holanda, em Zwolle (ao norte) e em Maastricht (ao sul). Em Budapeste, pelo menos mil pessoas foram at� a frente da embaixada americana manifestar seu rep�dio ao racismo. Tamb�m houve protestos em Copenhague, Su�cia e Canad�.
Na Alemanha, os jogadores de quatro equipes da Bundesliga se ajoelharam, em apoio � luta contra o racismo. Na Su��a, milhares de manifestantes, vestidos de preto, caminharam por Lausanne.
- De joelhos -
Em Madri, os manifestantes se ajoelharam por um minuto em sil�ncio, em sinal de protesto contra os abusos policiais cometidos contra a popula��o negra. O gesto foi iniciado pelo jogador de futebol americano Colin Kaepernick, em 2016, em um est�dio, no momento em que tocava o hino dos Estados Unidos.
Na sequ�ncia, caminharam pacificamente rumo � emblem�tica Puerta del Sol, no cora��o da capital.
Para Leinisa Semedo, uma tradutora de espanhol de 26 anos do Cabo Verde, "o racismo n�o conhece fronteiras".
"Morei na China, em Portugal e agora na Espanha. E em todos os pa�ses onde vivi, sofri discrimina��o pela cor da minha pele", desabafou.
Na manifesta��o em Roma, que contou com muitos migrantes africanos, Michael Taylor, origin�rio de Botsuana, compareceu com toda sua fam�lia.
"Eu sou um africano branco e, �s vezes, sinto medo e desprezo apenas porque sou estrangeiro", disse ele � AFP. "Imagine como seriam as coisas se eu fosse negro", completou.
"� realmente dif�cil viver aqui", disse Morikeba Samate, senegal�s de 32 anos, uma das dezenas de milhares de migrantes que chegaram � It�lia ap�s uma perigosa viagem pelo Mediterr�neo.
"Eles acham que somos todos ladr�es", reclamou.
Em Barcelona, no nordeste da Espanha, centenas de manifestantes lotaram a Plaza de Sant Jaume, onde est� localizado o governo regional. Usando m�scaras e mantendo dist�ncia uns dos outros, espalharam cartazes em ingl�s para denunciar o racismo na Espanha e na Europa.
A organiza��o Comunidade Negra, Africana e Afrodescendente na Espanha (CNAAE) convocou manifesta��es em dez cidades do pa�s: de Pamplona, no norte, at� o arquip�lago das Can�rias, na costa oeste da �frica.
Na Tail�ndia, onde um protesto antirracismo foi proibido, mais de 200 pessoas participaram de um encontro virtual, conectando-se ao aplicativo de videoconfer�ncias Zoom para assistir a v�deos sobre o movimento "Black Lives Matter". Tamb�m ergueram os punhos contra a viol�ncia policial.
A indigna��o que levou milhares de americanos a irem �s ruas ap�s o assassinato de George Floyd, em 25 de maio, nos EUA, tem se espalhado, progressivamente, pelo mundo.
No s�bado tamb�m houve grandes manifesta��es contra o racismo em Fran�a, Alemanha, Austr�lia, Tun�sia e outros pa�ses.