Milhares de americanos encheram as ruas do pa�s nesta sexta-feira com passeatas festivas ou silenciosas, para lembrar o 155� anivers�rio da aboli��o da escravatura, em pleno per�odo de tens�o e reflex�o sobre a discrimina��o e o racismo sofrido pela comunidade negra.
Muitas manifesta��es aconteceram de Nova York a Los Angeles por ocasi�o do "Juneteenth" (contra��o de junho com 19, em ingl�s), dia de 1865 em que os �ltimos escravos foram libertados no Texas.
Este ano, a morte de v�rios negros pela pol�cia levou o pa�s a lembrar o racismo que marcou seu passado e est� impregnado na sociedade. Cententas de pessoas denunciaram hoje, ante o monumento em mem�ria de Martin Luther King em Washington, "o racismo, a opress�o e a viol�ncia policial", atendendo a um chamado das equipes locais de basquete.
Perto da Casa Branca, outro grupo de manifestantes passeava pela rec�m-batizada Black Lives Matter Plaza. "N�o poderemos eliminar todos os policiais racistas, mas queremos tirar a maioria deles e fazer com que prestem contas", disse Joshua Hager, 29. Sua companheira, Yamina Benkreira, desejou que a hist�ria dos negros seja mais bem ensinada, para que os jovens "tomem consci�ncia" das discrimina��es.
O afro-americano George Floyd, 46 anos, foi morto em 25 de maio na a��o de um policial branco em Minneapolis que o asfixiou durante quase nove minutos, com o joelho sobre seu pesco�o, apesar das s�plicas para conseguir respirar.
O v�deo da a��o provocou protestos de costa a costa contra a injusti�a racial e a brutalidade policial. "A triste verdade � que este n�o foi um caso isolado", disse o irm�o de George Floyd, Philonise, durante reuni�o no Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre o racismo.
Milh�es de pessoas sa�ram �s ruas sob o lema "Black Lives Matter" (As Vidas dos Negros Importam). Para inflamar ainda mais o cen�rio, um agente de Atlanta matou na semana passada um jovem negro ao atirar pelas costas quando ele fugia de um confronto com a pol�cia.
Os dois policiais envolvidos nas mortes foram acusados de assassinato. Os crimes levaram os parlamentares de v�rios estados americanos a aprovarem reformas das for�as de seguran�a.
- Injusti�a inimagin�vel -
O presidente Donald Trump denunciou a morte de Floyd e Brooks, mas com um forte discurso de "lei e ordem" e cr�ticas aos manifestantes. O republicano organiza para amanh� um grande ato de campanha em Tulsa, Oklahoma. Ele causou indigna��o ao programar o com�cio para hoje e teve que adi�-lo.
Tulsa vive atormentada pelas lembran�as de um dos piores dist�rbios raciais da Hist�ria. Ali, at� 300 negros foram massacrados por uma multid�o branca em 1921.
Por ocasi�o do Juneteenth, Trump divulgou hoje uma mensagem dirigida � comunidade negra americana, denunciando "a injusti�a inimagin�vel da escravid�o". Mas tamb�m lan�ou uma advert�ncia no Twitter aos "manifestantes, anarquistas, saqueadores e delinquentes" que se dirigem a Tulsa. "Eles t�m que entender que n�o ser�o tratados como em Nova York, Seattle ou Minneapolis. Ser� muito diferente!", afirmou, referindo-se a protestos violentos ocorridos naquelas cidades.
As manifesta��es das �ltimas semanas levaram os americanos a mergulhar na hist�ria de um pa�s dilacerado pela escravid�o, sistema que garantiu o seu desenvolvimento econ�mico. Grandes empresas, como Nike, Twitter e NBA, deram folga a seus funcion�rios hoje, para que comemorassem a data.
Apesar dos avan�os alcan�ados pelo movimento pelos direitos civis nos anos 1950 e 1960, a minoria negra americana (13% da popula��o) � a grande esquecida. Mais pobre e mais atingida por problemas de sa�de, est� sub-representada em n�vel pol�tico e sobrerrepresentada entre a popula��o carcer�ria.
