Os Estados Unidos intensificaram seu confronto com a China nesta sexta-feira (7), ao sancionar as principais autoridades de Hong Kong, ap�s ordenarem fortes restri��es contra os gigantes chineses de m�dia social TikTok e WeChat.
Na mais dif�cil decis�o de Washington em rela��o a Hong Kong desde que Pequim imp�s uma lei de seguran�a estrita naquele territ�rio, o Tesouro anunciou o congelamento de todos os ativos americanos da chefe do Executivo, Carrie Lam, bem como de dez outros altos funcion�rios.
A medida tamb�m penaliza qualquer transa��o financeira dos Estados Unidos com os 11 funcion�rios, incluindo Chris Tang, Comiss�rio da Pol�cia de Hong Kong, e Luo Huining, diretor do Escrit�rio de Liga��o, um bra�o de Pequim no centro financeiro internacional.
"As medidas de hoje enviam uma mensagem clara de que as a��es das autoridades de Hong Kong s�o inaceit�veis", disse o secret�rio de Estado americano, Mike Pompeo.
Pompeo apontou que a lei, vista pelos ativistas como uma arma legal para silenciar dissidentes, violou as promessas feitas pela China antes de o Reino Unido devolver sua ent�o col�nia, em 1997.
O Tesouro disse que Lam "� diretamente respons�vel por implementar as pol�ticas de repress�o de liberdade e processos democr�ticos de Pequim".
A lei de seguran�a foi imposta no final de junho em Hong Kong, ap�s os grandes protestos pr�-democracia do ano passado.
Desde ent�o, as autoridades atrasaram as elei��es, alegando a crise sanit�ria do novo coronav�rus e, de acordo com Pequim, emitiram mandados de pris�o para seis ativistas pr�-democracia no ex�lio.
- Tique-taque para o TikTok -
A nova ofensiva contra a China ocorre depois que Donald Trump imp�s restri��es significativas nos Estados Unidos na noite de quinta-feira contra os aplicativos TikTok, de v�deos curtos, e WeChat, de envio de mensagens.
Por decreto, Trump deu aos americanos 45 dias para parar de fazer neg�cios com essas plataformas.
O presidente citou riscos � seguran�a nacional para justificar as medidas, que tamb�m colocaram em quest�o as opera��es americanas da matriz do WeChat, a empresa Tencent, um poderoso 'player' na ind�stria de videogames e uma das companhias mais ricas do mundo.
A China reagiu denunciando "manipula��o pol�tica arbitr�ria e repress�o" por parte dos Estados Unidos, de acordo com o porta-voz do Minist�rio das Rela��es Exteriores da China, Wang Wengbin.
O porta-voz acusou Washington de "sobrepor interesses ego�stas acima dos princ�pios do mercado e das regulamenta��es internacionais".
Usu�rios da rede social Weibo, equivalente chinesa do Twitter, lamentaram a medida adotada contra o WeChat. "Como os estudantes estrangeiros entrar�o em contato com suas fam�lias quando vetarem o WeChat?", questionaram.
- Tencent despenca na bolsa -
As novas restri��es afundaram as a��es da Tencent na bolsa de valores de Hong Kong, que chegaram a despencar 10% antes de fechar em queda de 5,04%.
O decreto de Trump afirma que o TikTok, cujos videoclipes variam de tutoriais de tintura de cabelo a dan�as e piadas sobre a vida cotidiana, poder ser usado pela China para rastrear funcion�rios federais dos EUA, criar arquivos sobre pessoas para chantage�-las e realizar espionagem corporativa.
O TikTok, que nega compartilhar dados com o governo chin�s, diz ter ficado "chocada" com o decreto "emitido sem o devido processo".
O aplicativo de propriedade da ByteDance, com sede na China, prometeu buscar "todas as solu��es dispon�veis" para garantir a conformidade com a lei e amea�ou tomar medidas legais.
O WeChat � uma plataforma de mensagens, m�dia social e pagamento eletr�nico que afirma ter mais de um bilh�o de usu�rios, muitos dos quais o preferem aos e-mails.
- Repercuss�es para os EUA? -
Daniel Castro, da Funda��o de Tecnologia da Informa��o e Inova��o (ITIF), com sede em Washington, disse que as medidas dos EUA provavelmente sair�o pela culatra.
"As alega��es de riscos de seguran�a devem ser apoiadas por fortes evid�ncias, n�o por insinua��es infundadas", disse.
"As empresas de tecnologia dos Estados Unidos podem perder uma fatia significativa do mercado global se outros pa�ses seguirem um padr�o semelhante e os bloquearem em seus mercados devido a preocupa��es com a vigil�ncia do governo americano", acrescentou.
Trump estabeleceu em setembro o prazo para que o TikTok, com 175 milh�es de usu�rios no pa�s, seja comprado por uma empresa americana ou banido dos EUA, levando a Microsoft a acelerar as negocia��es para fechar a transa��o.
Washington tamb�m tem se confrontado com a Huawei, gigante chinesa de telecomunica��es e smartphones, que o governo Trump acusa de ser uma ferramenta de espionagem de Pequim.
A partir disso, segundo os servi�os de Intelig�ncia dos Estados Unidos, a China preferiria que Donald Trump, considerado por Pequim um personagem "imprevis�vel", perdesse a reelei��o nas presidenciais americanas de novembro.
De acordo com William Evanina, diretor do Centro Nacional de Contraintelig�ncia e Seguran�a, "a China vem expandindo seus esfor�os de influ�ncia antes de novembro de 2020 para delinear o ambiente pol�tico nos Estados Unidos".
"Pequim reconhece que todos esses esfor�os podem afetar a campanha presidencial", acrescentou o funcion�rio que monitora as amea�as � elei��o, como do Ir� e R�ssia.
