A virologista Marion Koopmans, citada pela emissora, informou que o paciente holand�s era uma pessoa idosa com sistema imunol�gico enfraquecido. De acordo com ela, os casos em que os pacientes permanecem infectadas com o v�rus por um longo tempo, com melhoras e pioras, s�o mais conhecidos. Mas uma reinfec��o verdadeira, como nos casos holand�s, belga e chin�s, requer teste gen�tico do v�rus na primeira e na segunda infec��o para ver se as duas cepas se diferem.
Apesar disso, Marion disse que reinfec��es j� eram esperadas. "Que algu�m apare�a com uma reinfec��o, n�o me deixa nervosa", disse. "Temos que ver com que frequ�ncia isso acontece."
J� o caso belga foi o de uma mulher que contraiu a covid-19 pela primeira vez em mar�o e depois em junho. O virologista Marc Van Ranst disse que em casos como o dela, em que os sintomas foram relativamente leves, o corpo pode n�o ter criado anticorpos suficientes para prevenir uma reinfec��o, embora eles possam ter ajudado a frear a doen�a.
O especialista tamb�m informou � emissora belga VRT que n�o ficou surpreso com a reinfec��o de Hong Kong. "Acho que nos pr�ximos dias veremos outras hist�rias semelhantes. Essas podem ser exce��es, mas existem e n�o s�o apenas uma", disse Van Ranst. "N�o � uma boa not�cia."
Um homem de Hong Kong, de 33 anos, se tornou o primeiro caso documentado de reinfec��o da covid-19 no mundo, segundo informaram pesquisadores da Universidade de Hong Kong, nesta segunda-feira, 24. O paciente recebeu alta ap�s ser curado do v�rus em abril, mas, no in�cio deste m�s, testou positivo novamente ap�s retornar da Espanha.
Segundo as autoridades sanit�rias locais, a princ�pio, pensou-se que o homem poderia ser um "portador persistente" do Sars-CoV-2 - o v�rus causador da covid-19 -, mantendo o agente em seu corpo desde a infec��o anterior.
No entanto, os cientistas afirmaram que as sequ�ncias gen�ticas das cepas de v�rus contra�das pelo homem em abril e agosto s�o "claramente diferentes". Essa descoberta pode ser um retrocesso para quem baseia sua estrat�gia contra a pandemia na suposta imunidade obtida ap�s a transmiss�o da doen�a.
O paciente n�o teve sintomas na 2ª vez, sugerindo que apesar da exposi��o pr�via n�o ter prevenido a nova infec��o, a indica��o � de que o sistema imune preservou algum tipo de mem�ria em rela��o ao v�rus. "A segunda infec��o foi completamente assintom�tica - o sistema imune dele preveniu que a doen�a se agravasse", afirmou ao The New York Times Akiko Iwasaki, imunologista da Universidade de Yale que n�o participou do estudo, mas analisou a publica��o cient�fica a pedido do jornal americano.
A l�der t�cnica da resposta � pandemia da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), Maria Van Kerkhove, comentou o caso nesta segunda-feira, durante coletiva de imprensa. "N�o precisamos tirar conclus�es precipitadas, mesmo que este seja o primeiro caso de reinfec��o documentado".
Ela acrescentou que embora a reinfec��o seja poss�vel, porque em outros coronav�rus a resposta imune decai ap�s um per�odo, ainda n�o h� estudos conclusivos quanto � dura��o da imunidade ao Sars-CoV-2.
USP e Fiocruz investigam
A confirma��o do primeiro caso de reinfectado pela covid-19 em Hong Kong pode ter impacto direto no desenvolvimento de uma vacina. A reinfec��o indica que a imunidade contra o v�rus seria tempor�ria. Assim, uma dose �nica do imunizante n�o seria suficiente para garantir prote��o por longo prazo. Al�m disso, quem j� teve a doen�a tamb�m teria de receber a vacina. No Brasil, a Universidade de S�o Paulo (USP) e a Fiocruz investigam 20 suspeitas de reinfec��o.
H� em todo o mundo, sob investiga��o, v�rios casos de pessoas que se curaram mas voltaram a testar positivo tempos depois. A reincid�ncia poderia indicar reinfec��o ou retorno da mesma infec��o ap�s um per�odo de lat�ncia.
Existem pelo menos dezesseis poss�veis casos em investiga��o pela USP e mais quatro no Rio coordenados pela Fiocruz.
O primeiro caso reportado pela USP, no in�cio de agosto, foi de uma t�cnica em enfermagem de 24 anos que voltou a ter sintomas pouco mais de um m�s ap�s testar positivo. Na primeira vez, em 13 de maio, os sintomas acabaram em dez dias e ela passou os 38 seguintes assintom�tica. Depois, em 27 de junho, acordou com forte dor de cabe�a, muscular e de garganta, mal-estar, febre, perda de olfato e paladar.
No quinto dia em que os sintomas voltaram, deu novo positivo. Os sintomas sumiram 12 dias ap�s, mas a dor de cabe�a e a perda parcial do olfato persistiram at� 6 de agosto, quando a pesquisa foi divulgada. Na �poca, ela ainda testava positivo.
O governo paulista anunciou na semana passada que o Hospital das Cl�nicas da capital preparou um ambulat�rio espec�fico para pacientes que apresentem sinais de poss�vel reinfec��o. O objetivo, diz o Estado, n�o � s� dar seguimento ao atendimento, mas saber se houve recorr�ncia de reinfec��o ou h� outro v�rus em curso que n�o o covid-19.