A pequena ilha italiana de Lampedusa, cujo principal centro de recep��o est� saturado em meio � pandemia do novo coronav�rus, recebeu mais cerca de 370 migrantes, que viajavam em um antigo barco de pesca na noite de s�bado (29), enquanto o navio humanit�rio "Sea-Watch-4", com uma quantidade similar de pessoas a bordo, aguardava um porto de desembarque.
O pesqueiro transportava 367 migrantes, conforme dados revisados para baixo pelas autoridades locais. Entre eles, h� 13 mulheres e 33 menores.
Localizado ao largo de Lampedusa e amea�ando afundar devido aos fortes ventos, o barco foi escoltado pela Guarda Costeira italiana e pela pol�cia at� o porto de Lampedusa, noticiou a ag�ncia italiana de not�cias Ansa.
Os migrantes, cuja nacionalidade n�o foi divulgada, desembarcaram em pequenos grupos e foram submetidos a controles de temperatura, antes de serem transferidos para um centro da ilha administrado por uma par�quia.
Em sua chegada, foram "recepcionados" por um grupo de manifestantes da Liga de extrema direita, que se reuniu no porto.
- "Situa��o sem precedentes" -
O centro de acolhimento de urg�ncias de Lampedusa j� est� superlotado, com 1.160 migrantes, dez vezes sua capacidade m�xima.
Referindo-se a uma "situa��o sem precedentes", o prefeito de Lampedusa, Tot� Martello, anunciou um encontro na segunda-feira com representantes dos sindicatos profissionais da ilha para convocar uma "greve geral".
"Vamos parar. O governo nacional continua a manter um sil�ncio terr�vel", disse ele em um comunicado.
"Se um barco pesqueiro deste tamanho chega com centenas de pessoas, e ningu�m o detecta, isso significa que n�o h� controles no Mediterr�neo. O que fazem os navios militares? N�o estamos em guerra, por que n�o os utilizam para interven��es de seguran�a no mar e para transferir migrantes?", questionou.
Desde sexta-feira, antes deste desembarque em massa, cerca de 30 pequenos barcos, principalmente da costa tunisiana, chegaram � ilha com 500 migrantes a bordo, de acordo com a imprensa italiana.
A Sic�lia registrou neste domingo 34 novos casos de covid-19, entre eles 4 migrantes, o que eleva o n�mero de cont�gios a 1.114.
O presidente da regi�o da Sic�lia, Nello Musumeci, alertou no domingo que uma "crise humanit�ria e de sa�de" se aproxima.
A regi�o "n�o pode continuar a pagar pela indiferen�a de Bruxelas e pelo sil�ncio de Roma", reclamou Musumeci, no poder gra�as a uma alian�a da direita e da extrema direita.
H� uma semana, ele aprovou um decreto para fechar todos os centros de acolhimento na Sic�lia (regi�o da qual Lampedusa faz parte), denunciando condi��es de higiene inaceit�veis, devido � epidemia. Sua decis�o foi rejeitada pela Justi�a italiana.
Ontem, a Guarda Costeira italiana tamb�m transferiu 49 pessoas para Lampedusa, a maioria mulheres e crian�as. O grupo foi resgatado no Mediterr�neo pelo barco fretado pelo artista urbano Banksy, o "Louise Michel".
Os 150 passageiros restantes deste navio foram transferidos na noite de s�bado para o navio humanit�rio "Sea-Watch 4", que hoje tem 350 pessoas a bordo e procura um porto para desembarcar.
Muitos dos migrantes apresentam um quadro de desidrata��o, ou t�m ferimentos graves, segundo a ONG M�dicos Sem Fronteiras.
- Um lugar seguro -
"Pedimos um lugar seguro para todos os sobreviventes", escreveu a tripula��o do "Louise Michel", ao anunciar a transfer�ncia de passageiros no s�bado.
Assim batizado em homenagem a uma anarquista francesa do s�culo XIX e decorado com um grafite do artista brit�nico, "Louise-Michel" zarpou em 18 de agosto do porto espanhol de Borriana, perto de Val�ncia.
Sua capit� � Pia Klemp, uma ativista alem� de direitos humanos conhecida por ter comandado outros navios de resgate, como o "Sea-Watch 3". Klemp est� sendo investigada pela Justi�a italiana por "ajudar na imigra��o ilegal", entre outras acusa��es.
Banksy, cuja identidade � um mist�rio, explicou no s�bado ter comprado o barco porque "as autoridades da UE ignoram de forma deliberada os pedidos de socorro feitos por n�o europeus".
Neste domingo, uma embarca��o de migrantes, rebocada pela pol�cia, pegou fogo acidentalmente quando se aproximava da costa da Cal�bria, no sul da It�lia, deixando quatro mortos, dois desaparecidos e cinco feridos, segundo as for�as de seguran�a.
De acordo com os �ltimos dados do Alto Comissariado das Na��es Unidas para Refugiados (ACNUR), as tentativas de cruzar o Mediterr�neo - a rota de migra��o mais mortal do mundo - est�o aumentando.
Entre o in�cio de janeiro e o final de julho passado, as tentativas de sa�da da L�bia aumentaram 91%, em rela��o ao mesmo per�odo de 2019, representando 14.481 pessoas que realizaram a perigosa travessia.