Um professor de hist�ria que exibiu caricaturas de Maom� durante uma aula sobre liberdade de express�o foi decapitado perto de Paris nesta sexta-feira (16), e seu agressor foi morto pela pol�cia, em um ataque que o presidente Emmanuel Macron qualificou de "atentado terrorista islamita".
O assassinato ocorre tr�s semanas ap�s um ataque a faca na capital francesa perto da antiga sede da revista Charlie Hebdo, que publicou essas charges.
A v�tima foi decapitada no meio da rua, perto da escola Bois d'Aulne, onde ele trabalhava, em Conflans-Sainte-Honorine, uma pequena cidade de 35 mil habitantes a 50 quil�metros de Paris.
A Procuradoria Nacional Antiterrorista abriu uma investiga��o por "assassinato em conex�o com uma empreitada terrorista" e "associa��o criminosa terrorista".
Macron dirigiu-se imediatamente ao local do ataque, acompanhado de seu ministro do Interior, G�rald Darmanin, que interrompeu uma viagem ao Marrocos e voltou a Paris. Tamb�m integrava a comitiva o ministro da Educa��o, Jean-Michel Blanquer.
Depois de se reunir com funcion�rios do col�gio, Macron pediu � "toda na��o" que se una em torno dos professores para "proteg�-los e defend�-los".
"Todos n�s estaremos juntos. N�o passar�o, o obscurantismo e a viol�ncia que o acompanha n�o vencer�o", acrescentou Macron.
O atacante gritou "Al� � grande" antes de ser morto pela pol�cia.
Segundo uma fonte ligada ao caso, quatro pessoas do entorno familiar do agressor, entre elas um menor de idade, foram detidas na noite desta sexta.
- Como��o e incompreens�o -
Segundo uma fonte judicial, a pol�cia encontrou um documento de identidade do agressor, segundo o qual ele teria nascido em 2002 em Moscou. Mas os investigadores ainda t�m que fazer uma identifica��o formal.
A pol�cia investiga ainda uma mensagem postada no Twitter, que mostra uma foto da cabe�a da v�tima.
Acompanha a imagem uma mensagem dirigida ao presidente Emmanuel Macron, "o l�der dos infi�is", e o autor do tu�te disse que quis "executar" a pessoa que "se atreveu a menosprezar Maom�".
Os fatos ocorreram por volta das 17h locais (12h de Bras�lia) desta sexta.
A pol�cia da cidade de Conflans Saint-Honorine foi alertada sobre a presen�a de um indiv�duo suspeito que rondava uma escola, informou a Procuradoria de Paris.
Ao chegar, os policiais encontraram a v�tima decapitada a 200 metros da escola. Tentaram prender um homem que segurava uma faca, mas ele os amea�ou, o que levou os policiais a dispararem contra ele.
O choque e a incompreens�o dominavam os moradores da cidade, com os quais a AFP p�de falar. Todos descreveram o bairro onde ocorreu o ataque como "tranquilo" e "sem incidentes".
Rodrigo Arenas, co-presidente da FCPE, a maior associa��o de pais de alunos, disse ter recebido um informe de "um pai extremamente irritado", depois que uma caricatura de Maom� foi mostrada em sala de aula.
O professor teria, segundo Arenas, "convidado os alunos mu�ulmanos a deixar a sala", antes de mostrar a caricatura do profeta agachado, com uma estrela desenhada nas n�degas, e a legenda "nasce uma estrela".
Segundo o pai de um aluno que estava em sala e que disse que o professor n�o quis chocar algumas crian�as, a sequ�ncia causou muita pol�mica entre alguns pais.
- "Saudar a mem�ria" do professor -
O ataque provocou uma onda de indigna��o na Fran�a. Na Assembleia Nacional, os deputados se levantaram para "saudar a mem�ria" do professor e denunciar o "abomin�vel ataque".
H� apenas tr�s semanas, duas pessoas ficaram feridas ap�s um ataque realizado com um fac�o por um paquistan�s de 25 anos pr�ximo �s antigas instala��es do seman�rio sat�rico Charlie Hebdo.
O autor deste atentado islamita disse aos investigadores que queria vingar a republica��o das charges de Maom� pelo Charlie Hebdo no in�cio de setembro.
Foi com a mesma justificativa que a revista foi atacada em janeiro de 2015 por dois jihadistas, que fizeram um massacre, matando grande parte dos membros da reda��o, incluindo alguns dos mais famosos cartunistas da Fran�a.
Sob o t�tulo "Tout �a pour �a" ('Tudo isso por isso', em tradu��o livre), o Charlie Hebdo voltou a republicar os desenhos na ocasi�o do julgamento dos atentados de 2015, que est�o em andamento em Paris.
Em resposta, milhares de manifestantes protestaram em v�rias cidades do Paquist�o contra o Charlie Hebdo e a Fran�a.
A Al Qaeda tamb�m havia amea�ado atacar de novo a reda��o do Charlie Hebdo, que ap�s os ataques de 2015 se mudou e mant�m seu novo endere�o em segredo.
Na noite desta sexta-feira, o seman�rio expressou pelo Twitter seu "horror e indigna��o depois de que um professor no exerc�cio de sua profiss�o tenha sido assassinado por um fan�tico religioso".
Desde a onda sem precedentes de atentados jihadistas que come�ou em 2015 na Fran�a e causou a morte de 258 pessoas, v�rios ataques foram perpetrados em todo o pa�s.