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Estado de Minas INTERNACIONAL

Depoimento de executivos de tecnologia vira simulacro da polariza��o nas redes


29/10/2020 15:57

Pela segunda vez em 2020, l�deres de grandes empresas de tecnologia tiveram de se apresentar perante o Congresso dos Estados Unidos para discutir problemas em suas opera��es. Mas desta vez, a discuss�o n�o foi sobre concorr�ncia desleal, como em julho, e sim sobre liberdade de express�o e interfer�ncia pol�tica nas redes sociais. Em um debate na quarta-feira, 28, que durou pouco menos de quatro horas, Mark Zuckerberg, do Facebook, Sundar Pichai, do Google, e Jack Dorsey, do Twitter, tiveram de responder a perguntas que evidenciaram a polariza��o presente na internet atualmente.

De um lado, conservadores acusam as empresas de censurar suas ideias; do outro, liberais e democratas afirmam que as companhias precisam fazer mais para evitar a dissemina��o de desinforma��o em suas plataformas. Marcado no in�cio do m�s, o depoimento tinha uma fun��o clara: discutir se seriam necess�rias mudan�as na Se��o 230, lei introduzida em 1996 nos EUA e que garante regras sobre liberdade de express�o e modera��o de conte�do na internet. De forma resumida, a regra diz que as plataformas e sites n�o s�o respons�veis pelo conte�do ali publicado por terceiros. Ao fazer isso, a norma garante a liberdade de express�o e evita que as plataformas sejam inundadas por processos judiciais, o que ajudou a internet a crescer, especialmente em seus primeiros anos.

No entanto, h� quem acredite que a mesma regra hoje seja usada para fazer com que as plataformas se esquivem de ter atitudes mais pr�-ativas com rela��o a desinforma��o ou discursos de �dio. "A internet mudou e as empresas que nela atuam n�o s�o mais startups de garagem. S�o corpora��es que t�m poder na economia, na cultura e na opini�o p�blica", ressaltou o senador republicano Roger Wicker, presidente do Comit� de Com�rcio do Senado dos EUA, no qual ocorreu a sess�o.

Apesar de ser o tema proposto para o debate, poss�veis mudan�as na Se��o 230 acabaram ficando em segundo plano durante a discuss�o. Quem mais falou sobre o tema foi Mark Zuckerberg, que se mostrou favor�vel a uma mudan�a na regula��o, sugerindo maior transpar�ncia nos processos de modera��o de conte�do. O executivo do Facebook protagonizou ainda um momento curioso no in�cio do debate: teve de pedir um recesso de cinco minutos porque estava com problemas para se conectar � sess�o.

Sundar Pichai, do Google, contemporizou a quest�o: "Sejam cuidadosos se forem mudar a Se��o 230 e tenham no��o dos impactos que isso pode causar em toda a internet", disse. � uma frase importante: uma mudan�a na regula��o pode n�o s� afetar a liberdade de express�o, mas tamb�m criar regras que s� possam ser atendidas por grandes empresas, inibindo a inova��o e a livre concorr�ncia no mercado.

Durante o debate, falou-se ainda sobre o refor�o na transpar�ncia na forma como as empresas moderam os conte�dos dentro de suas plataformas - algo que os tr�s l�deres das gigantes concordaram ser uma necessidade, mas n�o entraram em detalhes como deve ser feito.

Quem melhor se pronunciou sobre o tema foi Jack Dorsey, do Twitter, que comentou ser uma possibilidade o uso de algoritmos criados por terceiros para filtrar conte�do dentro de sua plataforma. "� algo que pode aumentar significativamente o poder das pessoas para escolher como recebem seu conte�do", disse o executivo. Mark Zuckerberg, por sua vez, citou os relat�rios de transpar�ncia do Facebook, publicados trimestralmente, e presen�a de uma equipe de 35 mil moderadores de conte�do, como bons sinais de que a transpar�ncia est� aumentando.

O debate sobre as equipes de modera��o de conte�do tamb�m apareceu com for�a - republicanos chegaram a perguntar se as empresas contratam pessoas para essas equipes com base em suas convic��es ideol�gicas, algo que foi negado pelas empresas. (Faz sentido: preencher cotas de ideologia poderia ser considerada uma atitude discriminat�ria na sele��o de candidatos, podendo gerar processos trabalhistas).

J� a senadora democrata Amy Klobuchar chegou a dizer que as empresas deveriam ter apenas modera��o humana de conte�do, porque tem dinheiro para isso. Hoje, o Facebook diz gastar US$ 3 bilh�es com modera��o; o Google, mais de US$ 1 bilh�o, enquanto Dorsey n�o soube precisar a quantia. A discuss�o sobre uso de algoritmos tamb�m foi importante no debate - em um raro momento em que um republicano n�o falou de censura, a senadora Deb Fischer questionou a transpar�ncia desses m�todos.

Debate pol�tico predominou
A discuss�o sobre as mudan�as nas regras da Se��o 230 para as plataformas, por�m, tem forte sabor pol�tico: em maio, o presidente americano Donald Trump assinou uma ordem executiva pedindo a revis�o da lei, ap�s o Twitter rotular algumas de suas publica��es como falsas, imprecisas ou potencialmente danosas - por diversas vezes neste ano, Trump declarou informa��es que n�o eram verdadeiras, por exemplo, sobre a pandemia do novo coronav�rus.

O tom de rivalidade e polariza��o marcou a din�mica do debate: na maior parte de sua dura��o, senadores republicanos questionaram os l�deres das tr�s empresas sobre porque tinham chamado a aten��o sobre declara��es de Trump, mas n�o de outras pessoas que, por exemplo, negaram a exist�ncia do Holocausto. Em resposta, os senadores democratas alegaram que as empresas t�m ajudado os conservadores a ter suas vozes mais ouvidas, mesmo quando suas declara��es se aproximam da desinforma��o e de discurso de �dio. "Os executivos est�o sendo acusados de atacar os conservadores, mas na verdade, t�m feito justamente o contr�rio, cedendo terreno para eles", disse o democrata Brian Schatz, do Hava�.

Seu colega de partido Richard Blumenthal, de Connecticut, acusou os republicanos, que t�m maioria no Senado neste momento, de promover o depoimento para influenciar as elei��es. "Meus colegas republicanos est�o fazendo bullying com as gigantes de tecnologia e o timing desta sess�o � inexplic�vel, a seis dias do pleito. Trump quebrou todas as regras nas plataformas, promovendo desinforma��o danosa", declarou.

Mesmo �menor�, Dorsey foi o mais atacado dos tr�s
Dos tr�s l�deres das empresas de tecnologia, Jack Dorsey foi quem esteve mais sob a mira dos congressistas americanos. H� motivos para isso: sua empresa, o Twitter, foi a mais vocal das tr�s a respeito de rotular desinforma��o e discurso de �dio que poderia ter surgido a partir de declara��es de Trump e outros pol�ticos conservadores. Dorsey tamb�m parece ser o que mais saiu arranhado do debate. Ele teve momentos complicados, quando chegou a dizer que negar o Holocausto n�o � desinforma��o no Twitter, ou afirmar que sua plataforma n�o influencia as elei��es.

� uma quest�o complexa, at� pelo tamanho do Twitter na compara��o com as outras redes sociais - enquanto Google e Facebook tem bilh�es de usu�rios, o Twitter nunca ultrapassou a marca de 500 milh�es de pessoas em sua plataforma. Por outro lado, desde a elei��o de Trump, a rede social de Dorsey se tornou o epicentro de discuss�es pol�ticas e econ�micas - � de l� que as ideias s�o levadas para outras plataformas, abertas como Facebook e YouTube, ou fechadas como o WhatsApp.

J� Pichai sofreu com um problema menor: praticamente todos os senadores pronunciaram seu nome de forma errada: "pick-eye" era a pron�ncia mais comum (o correto � "pixai"). N�o � um mero detalhe: nas redes sociais, muitos levantaram a quest�o de como a pron�ncia incorreta mostra a dist�ncia entre os pol�ticos e o universo da tecnologia, com os primeiros nem se preocupando em aprender o nome corretamente.


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