
Uma equipe de cientistas est� sendo enviada ao sul do oceano Atl�ntico para estudar o iceberg gigante A68a.
Um dos maiores icebergs do mundo, o A68a tem 3,9 mil km² e atualmente est� em alto mar, em uma parte do territ�rio ultramarino da Ge�rgia do Sul, que pertence ao Reino Unido.
� poss�vel que o iceberg encalhe por l�. Se isso acontecer, poder� tornar a vida extremamente dif�cil para os pinguins e focas da Ge�rgia do Sul, que � um para�so da vida selvagem. O enorme peda�o de gelo pode atrapalhar a busca dos animais por peixes e krill (crust�ceos microsc�picos).
O instituto de pesquisas British Antarctic Survey (BAS) lidera a expedi��o.
Os pesquisadores v�o se aproximar do A68a no navio real de pesquisas James Cook.
Eles usar�o ve�culos rob�ticos subaqu�ticos e instrumentos de amostragem para ver como o iceberg est� influenciando a regi�o.
Os grandes icebergs mudam a temperatura do mar ao seu redor e introduzem enormes volumes de �gua doce conforme derretem. Isso afeta toda a vida marinha — desde os organismos microsc�picos que fazem parte do pl�ncton at� as maiores criaturas do oceano, as baleias.
O A68 se desprendeu da Ant�rtida em 2017 e tem se movido constantemente para o norte desde ent�o.
Nos �ltimos meses e semanas, ele perdeu muito do seu tamanho, tanto que acabou de perder o t�tulo de "maior iceberg do mundo".

No entanto, sua escala (aproximadamente do tamanho de uma cidade pequena) permanece intimidante, especialmente quando vista em imagens de sat�lite a apenas 90 km da costa da Ge�rgia do Sul.
Os pesquisadores devem chegar ao local no final de janeiro.
Eles v�o posicionar dois planadores subaqu�ticos (rob�s que deslizam sob a �gua) que ficar�o quase quatro meses dentro e ao redor do A68a.
"Provavelmente colocaremos um em cada extremidade do iceberg", diz Povl Abrahamsen, ocean�grafo do BAS.
Monitoramento por rob�s
Os planadores monitoram a temperatura e a salinidade da �gua do mar, fazem medi��es da concentra��o de clorofila e do qu�o clara � a �gua, explica Abrahamsen.
"Vamos posicionar os planadores, mas eles ser�o pilotados do Reino Unido por equipes do National Oceanography Centre (Centro Oceanogr�fico Nacional) e do BAS."
Os dados de clorofila dar�o uma indica��o de quanto fitopl�ncton existem na �gua. Esses organismos est�o bem na base da cadeia alimentar. Eles s�o comidos pelos pequenos crust�ceos do krill, que por sua vez s�o comidos pelos principais predadores da regi�o.
"H� um ecossistema bastante eficiente em torno da Ge�rgia do Sul", diz o ecologista da BAS, Geraint Tarling.
"Ao contr�rio de regi�es mais temperadas e tropicais, onde voc� tem uma cadeia alimentar bastante complexa, na Ge�rgia do Sul o fitopl�ncton vai direto para o krill, que vai direto para os pinguins, focas e baleias. � uma cadeia curta. Ent�o, se observarmos mudan�as no fitopl�ncton, veremos quase inevitavelmente os efeitos mais adiante", explica Tarling.
O iceberg atualmente est� se movendo com ajuda de corrente mar�tima chamada Corrente Circumpolar Ant�rtica (CCA).

Quando essa corrente encontra a plataforma continental na Ge�rgia do Sul, ela se volta para o sudeste. E parece que o A68a mudou de dire��o com ela nos �ltimos dias.
A expectativa � que a corrente d� a volta na ilha, mas sempre h� o risco de parte do iceberg passar por algum lugar com �guas rasas e encalhar.
A profundidade do A68a abaixo da linha de �gua � de cerca de 200 m, diz Stef Lhermitte, da Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda. Ele acabou fazer essa medi��o com dados do sat�lite americano IceSat-2.
Esse sat�lite da Nasa (a ag�ncia espacial dos EUA) em um alt�metro a laser para medir a eleva��o do gelo flutuante acima da superf�cie do mar. Com essa informa��o, alguns c�lculos razoavelmente simples fornecem a medida do calado — a parte submersa do iceberg.
O futuro do iceberg
Um dos piores lugares para o A68a se ancorar seria o sudeste da Ge�rgia do Sul.
Isso poderia interferir na disponibilidade de krill levado pela corrente para a borda norte da plataforma continental, tornando mais dif�cil para os pinguins e focas encontrarem o alimentar de que precisam para se sustentar e alimentar seus filhotes.
Pode n�o chegar a isso, � claro. O A68a poderia simplesmente passar pela Ge�rgia do Sul e continuar se movimentando.

O cientista Ted Scambos, da Universidade do Colorado, nos EUA, diz que tamb�m existe a possibilidade de uma "desintegra��o espetacular" do iceberg.
Ele aponta para a ponta de gelo que est� se desenvolvendo ao redor do iceberg: uma protuber�ncia subaqu�tica que pode ser vista em imagens de sat�lite de alta resolu��o.
Nas imagens, surge uma �gua de cor mais clara na base do penhasco do iceberg que indica a presen�a dessa protuber�ncia subaqu�tica, causada pelo aumento do degelo na superf�cie. Ondas e �guas superficiais mais quentes causam esse degelo maior devido � eros�o.
De acordo com Scambos, a ponta de gelo desequilibra a flutua��o do A68a. Quando isso � combinado com um fluxo da �gua for�ando caminho para dentro das fendas e fissuras principais do iceberg, existe a possibilidade de uma desintegra��o catastr�fica.
"Se ele foi inundado com a �gua do degelo, pode repentinamente 'espalhar-se' � medida que milhares de peda�os se partem e caem no oceano", diz Scambos.
A68a n�o est� ligado diretamente ao aquecimento global
O A68a tem pouco a ver com as mudan�as clim�ticas. Ele veio de uma parte da Ant�rtica onde ainda � muito frio: a plataforma de gelo Larsen C.
A Larsen C � uma massa de gelo flutuante formada por geleiras que se desprenderam do lado oriental da pen�nsula Ant�rtida e foram para o oceano. Ao entrar na �gua, as frentes flutuantes das geleiras se erguem e se unem para formar uma �nica sali�ncia.
O surgimento de icebergs na borda dianteira dessa plataforma � um acontecimento esperado. A plataforma "gosta" de manter o equil�brio e a libera��o de icebergs � uma forma de equilibrar o seu peso, j� que a entrada de mais gelo das geleiras que vem da terra � constante.
Ao longo de d�cadas, a Larsen C cria grandes icebergs como o A68a.
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