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Estado de Minas RIO DE JANEIRO

Hist�ria de amor de Hector Babenco pela vida e pelo cinema representa Brasil no Oscar


04/02/2021 11:46

A trajet�ria de Hector Babenco, amante do cinema e da vida, representa o Brasil no Oscar este ano. "Ele n�o queria ir embora, estava sempre construindo novos roteiros para sobreviver", diz � AFP sua vi�va, B�rbara Paz, diretora de um document�rio sobre os �ltimos anos do renomado cineasta argentino, naturalizado brasileiro, falecido em 2016.

Para Babenco, respons�vel por sucessos como "O beijo da mulher aranha" (1985) e "Carandiru" (2003), o cinema era fonte de vida e a vida era fonte de cinema. E foi filmando que ele sobreviveu ao c�ncer por 32 anos.

"Babenco - Algu�m tem que ouvir o cora��o e dizer: parou" � intimista e se desenvolve como um conto que explora as mem�rias, os sonhos e del�rios do cineasta, falecido aos 70 anos. Segundo a diretora, muitos - inclusive pessoas pr�ximas - se surpreenderam ao assistir o longa.

"Acho que o Hector tinha v�rias camadas, v�rios escudos, era um homem muito bravo, genioso, inteligente (...) Esse filme aproximou ele do ser humano por quem me apaixonei e por quem eu queria que todo mundo se apaixonasse", relata.

Apesar de reunir todos os ingredientes de trag�dia, "Babenco", cujas filmagens come�aram em 2010 e se intensificaram no �ltimo ano de vida do diretor, n�o se rende ao melodrama.

"Hector ia me matar, porque ele detestava", brinca Paz. "Sempre quando estava montando e chegava ali no choro ou muito melodrama, eu voltava. Porque ele era assim, apesar dos pesares, tinha muito humor. Era um cara da vida".

Os dois se conheceram na Feira Liter�ria Internacional de Paraty (Flip), em 2007. "Acho que eu trouxe um pouco de energia para ele e ele me trouxe uma calmaria", diz Paz sobre seus anos juntos. Naquele ponto, ele "j� tinha dado v�rios sustos" na fam�lia.

"Estava sempre na imin�ncia de morrer e nunca morria, ent�o todo mundo j� achava que ele n�o ia morrer mais", lembra.

Certa vez, muito debilitado no hospital, Babenco viu um homem com uma maleta que, segundo ele, "n�o era padre, n�o era m�dico". Mas n�o havia ningu�m e sua esposa questionou: "Hector, isso n�o foi a morte? N�o foi um susto, um sonho seu?"

Ali mesmo, ele teve uma ideia para um personagem. A morte com sua maleta foi encarnada por Selton Mello em "Meu Amigo Hindu" (2015), �ltimo filme do cineasta, estrelado por Willem Dafoe.

Atrasado pela pandemia do coronav�rus, o document�rio "Babenco" estreou no Brasil em 26 de novembro, mas desde 2019 viajou pelo mundo em festivais e colecionou pr�mios, como em Veneza, onde venceu Melhor Document�rio na Mostra Venice Classics e o Bisato D'Oro.

O filme � a aposta do Brasil para figurar entre os indicados de duas categorias do Oscar 2021: filme internacional e document�rio. A Academia vai divulgar uma pr�-sele��o em 9 de fevereiro e a lista final em 15 de mar�o.

- "Um andarilho" que escolheu o Brasil -

Nascido em Mar del Plata, Argentina, filho de imigrantes judeus, Hector Babenco foi um cidad�o do mundo. Passou pela Fran�a, It�lia, Espanha e at� "aprendeu a fazer cinema nos filmes do Orson Welles", enquanto fazia figura��o, conta Paz.

Como diretor, esteve � frente de produ��es no Brasil, Argentina, EUA, M�xico e Fran�a.

"Ele dizia que ele n�o tinha raiz, que era um andarilho, um beatnik. Isso machucava um pouco ele", conta a vi�va.

"Os brasileiros acham que eu sou argentino e os argentinos acham que eu sou brasileiro", desabafa Babenco no filme. Mas foi o Brasil que ele escolheu, ressalta Paz.

"Ele se sentia um brasileiro. O fato desse filme ter sido escolhido acho que � a maior emo��o e homenagem que poderia existir pra ele", afirma.

No document�rio, o pr�prio cineasta explica sua atra��o pelo pa�s: "no Brasil, a realidade supera a fic��o numa propor��o muito mais r�pida que na Argentina". Ela � "mais rica, mais contradit�ria, mais ca�tica", acrescenta.

B�rbara Paz n�o ousa presumir o que Babenco diria do Brasil atual, mas relata suas dificuldades como artista em meio �s repres�lias sofridas pela cultura no governo do presidente Jair Bolsonaro.

Ela afirma que o financiamento inicial do filme saiu de seu bolso e depois contou com alguns coprodutores privados. Na corrida pelo Oscar, ela fez uma campanha de crowdfunding que j� atingiu a primeira meta, de 200 mil reais. O governo federal n�o deu qualquer ajuda.

"'Bacurau', 'Vida Invis�vel', 'Babenco', muitos filmes premiados no mundo inteiro sem receber um parab�ns do governo", lamenta. "N�s, artistas, somos vil�es mesmo (...) Parece que nosso presidente tem medo dos artistas porque ele sabe nossa pot�ncia".

No entanto, Paz se mant�m positiva. "� muito triste, mas a gente sabe que vai ter um fim. O artista nunca parou, n�o � agora que vai parar".


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