O Senado dos EUA come�a hoje o segundo julgamento de Donald Trump, primeiro presidente a ter um processo de impeachment analisado mesmo ap�s deixar o cargo. Ontem, deputados democratas afirmaram que Trump foi respons�vel pelo "crime constitucional mais grave j� cometido por um presidente" ao incitar uma multid�o a atacar o Capit�lio, no dia 6 de janeiro, quando o Congresso certificava a vit�ria de Joe Biden.
"As evid�ncias da conduta do presidente Trump s�o avassaladoras. Ele n�o tem desculpa ou defesa v�lida para suas a��es. E seus esfor�os para escapar da responsabilidade s�o totalmente in�teis", dizem os democratas. "Ele violou seu juramento e traiu o povo americano. Seu incitamento � insurrei��o contra o governo dos EUA - que interrompeu a transfer�ncia pac�fica de poder - � o crime constitucional mais grave j� cometido por um presidente."
A manifesta��o foi uma resposta � defesa do republicano, apresentada ontem. Os advogados de Trump alegam que o impeachment de um presidente fora do cargo � inconstitucional e acusam os democratas de montarem um "teatro pol�tico". Ainda segundo a defesa de Trump, ele n�o orientou os extremistas que atacaram o Congresso e n�o tem culpa por ter falado que seus apoiadores deveriam "lutar como o inferno" contra o resultado da elei��o.
Desde a invas�o, o entorno do Capit�lio est� bloqueado por seguran�as e os corredores do Senado e da C�mara est�o cheios de homens da Guarda Nacional. Tapumes protegem parte das janelas. Em algumas, � poss�vel ver nos vidros quebrados as marcas da invas�o.
Se condenado, Trump pode ficar impossibilitado de concorrer novamente. Para isso, pelo menos 17 dos 50 senadores republicanos precisam condenar o ex-presidente. No entanto, n�o h�, at� agora, disposi��o pol�tica para conden�-lo - um sinal da influ�ncia que o ex-presidente ainda mant�m sobre a base eleitoral e sobre o seu partido.
"O Senado deve rejeitar sumariamente este ato pol�tico descarado", escreveram os advogados de Trump, Bruce Castor Jr., David Schoen e Michael van der Veen, chamando o �nico artigo de impeachment de "inconstitucional por uma s�rie de raz�es, qualquer uma das quais sozinha seria motivo para anular o processo.
Juntos, eles demonstram de forma conclusiva que ceder � "fome" dos democratas da C�mara por este "teatro pol�tico" � um perigo para os EUA, para a democracia e para os "direitos que consideramos caros", afirmam os advogados do ex-presidente americano.
O julgamento deve acabar s� no in�cio da semana que vem, com debates de ter�a-feira a sexta-feira, interrompidos no s�bado a pedido da defesa de Trump, e possivelmente retomados no domingo. A alega��o dos deputados que aprovaram o impeachment na C�mara, antes de o presidente encerrar seu mandato, � que Trump cometeu trai��o "de propor��es hist�ricas" ao afirmar que as elei��es foram fraudadas e que ele, e n�o Biden, havia vencido.
Os democratas afirmam que Trump incitou a multid�o � a��o, no dia 6 de janeiro, quando extremistas invadiram o Congresso e cinco pessoas foram mortas. Segundo os deputados democratas, respons�veis pela acusa��o na C�mara, a a��o do ex-presidente come�ou antes do discurso que ele fez, no mesmo dia, no qual afirma que seus apoiadores deveriam agir.
De acordo com a acusa��o dos democratas, Trump "ampliou as mentiras a cada momento, tentando convencer os seus apoiadores de que eles foram v�timas de uma conspira��o eleitoral massiva que amea�ava a continuidade da exist�ncia do pa�s".
Sem sa�da
Nem democratas nem republicanos t�m interesse em prolongar o julgamento. Para os republicanos, o caso exp�e fraturas dentro do partido, j� que muitos congressistas da legenda endossaram as acusa��es de fraude feitas por Trump. Al�m disso, o impeachment revive o ataque ao Capit�lio promovido por extremistas e seguidores de teorias da conspira��o que se identificam com o Partido Republicano, uma sombra para a ala moderada.
J� os democratas sabem que o impeachment dificilmente vai adiante e querem liberar a pauta para a agenda pol�tica de Biden, que vem trabalhando pela aprova��o de um pacote de socorro econ�mico para combater os efeitos da pandemia de covid-19.
A Casa Branca tem tentado manter dist�ncia da turbul�ncia pol�tica. Em coletiva ontem, a porta-voz da presid�ncia, Jen Psaki, afirmou que Biden "n�o gastar� muito tempo assistindo" a sess�o de impeachment de Trump.
"Biden concorreu contra ele (Trump) porque achou que ele era impr�prio para o cargo e o derrotou. E � por isso que Trump n�o � mais presidente. Portanto, acho que as opini�es dele sobre o ex-presidente s�o bastante claras. Mas ele deixar� a cargo do Senado este processo de impeachment", afirmou a porta-voz.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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