Desde dezembro, Israel aplicou a primeira dose da vacina da Pfizer em mais de 4,5 milh�es de seus habitantes (50%) - tr�s milh�es j� receberam as duas doses. A taxa supera 75% em algumas grandes cidades.
Nos vilarejos bedu�nos "ilegais" do Neguev, um grande deserto no sul de Israel, a taxa de vacina��o � de aproximadamente 2%, segundo os n�meros oficiais.
Em Tal Arad, uma aldeia atravessada por cabras em busca de folhas de erva para pastar, os habitantes parecem estar a anos-luz de dist�ncia da luta contra a covid.
"Aqui ningu�m est� vacinado. N�o vimos ningu�m do Minist�rio da Sa�de, apenas agentes da pol�cia e do Minist�rio do Interior que vieram destruir casas", contou Adnan Al Abari, funcion�rio da manuten��o da escola do vilarejo, que n�o tem energia el�trica, nem rede hidr�ulica.
Tal Arad integra uma s�rie de aldeias bedu�nas, n�o reconhecidas pelo Estado hebreu e, portanto, sem servi�os p�blicos. Mas a pandemia n�o impediu a pol�cia de destruir a casa vizinha de Adnan, reduzida a uma pilha de escombros.
Ele mostra outra casa com um aviso de demoli��o para o pr�ximo m�s.
"Aqui h� mais casas destru�das que pessoas vacinadas por Israel. N�o enviaram ningu�m para que nos expliquem a crise, ou nos ajudem", afirma o pai de cinco crian�as, incluindo Youssef, de 12 anos, que n�o tem aulas por falta de um computador e de uma boa conex�o com a Internet.
A instabilidade da Internet n�o impediu, por�m, a propaga��o de teorias da conspira��o no WhatsApp e nas conversas, o que desencoraja a vacina��o.
Em Tal Arad, alguns temem que a vacina mude sua gen�tica, com boatos de esterilidade, ou de que o f�rmaco teria um microchip para permitir a localiza��o por parte dos servi�os de seguran�a de Israel.
Quase 60% dos 290.000 bedu�nos israelenses moram em vilarejos reconhecidos por Israel. E, apesar da presen�a de cl�nicas, escolas e servi�os p�blicos nestas localidades, as taxas de aplica��o da primeira dose raramente superam 20%.
"As not�cias falsas viajam mais r�pido que a informa��o real", declarou � AFP o m�dico Mazem Abou Siyam.
"Somos uma comunidade tradicional, e � dif�cil convencer as pessoas a aceitarem a vacina��o, ou que adotem uma nova tecnologia", afirma o coordenador da campanha de vacina��o nos territ�rios bedu�nos do Neguev, onde algumas localidades permaneceram a salvo do coronav�rus, enquanto outras est�o na zona vermelha.
- "O profeta disse" -
Jameh Abou Odeh conseguiu uma pequena vit�ria. O advogado de 36 anos, que mora em Rahat, principal cidade bedu�na do Neguev, conversou sobre os benef�cios da vacina��o com a fam�lia e convenceu a m�e a aceitar a primeira dose.
"Todos t�m medo da vacina. � uma mistura de medo e confus�o sobre os efeitos colaterais", afirma.
"A ignor�ncia" � a principal causa da rejei��o � vacina��o, declarou o xeque bedu�no Ibrahim Leamor, de 70 anos, em Ksufah, vilarejo com taxa de vacina��o inferior a 10%.
O xeque n�o hesita em utilizar refer�ncias cor�nicas para convencer os mais relutantes. "O profeta disse que cada doen�a tem seu rem�dio. Este rem�dio hoje se chama 'al-Liqah' em �rabe", que significa vacina.
PFIZER
TAL ARAD