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Estado de Minas CARTUM

Descendentes dos judeus sudaneses querem preservar suas ra�zes


07/04/2021 12:03

No cemit�rio de um bairro popular de Cartum, as l�pides com inscri��es em hebraico ficaram cobertas por escombros durante d�cadas, como se fossem testemunhas silenciosas da longa e esquecida hist�ria dos judeus sudaneses.

"Tudo o que restou da comunidade judaica sudanesa � este cemit�rio em ru�nas, algumas fotos antigas e as mem�rias", explica o farmac�utico Mansur Israil, morador de Al Arda, antes conhecido como o "bairro judeu" de Omdurman, cidade g�mea de Cartum, na outra margem do Nilo.

Nas d�cadas de 1940 e 1950, viviam no Sud�o cerca de 250 fam�lias judias, segundo a historiadora brit�nica Daisy Abboudi, que tamb�m � descendente de judeus sudaneses.

Ap�s a cria��o do Estado de Israel (1948) e das tens�es que se seguiram com o mundo �rabe, por�m, a comunidade diminuiu enormemente.

- Mem�rias bonitas -

Israil, de 75 anos, cujo pai se converteu ao Isl�, conta com orgulho que seu av�, um judeu iraquiano, emigrou para o Sud�o.

O farmac�utico guarda lindas lembran�as da �poca em que Al Arda era um "bairro animado com muitos judeus, mas tamb�m gregos e arm�nios", em que "todo mundo participava das celebra��es e das festas".

Em 1956, a crise de Suez, na qual Reino Unido, Fran�a e Israel atacaram o Egito para tomar o controle do canal, precipitou a marcha dos judeus, diz Abboudi.

E, ainda que o Sud�o tenha obtido sua independ�ncia do condom�nio anglo-eg�pcio em 1956, a situa��o pol�tica de ambos os pa�ses permanece estreitamente vinculada.

O golpe fatal para os judeus sudaneses foi, no entanto, a Guerra dos Seis Dias (1967), quando Israel tomou territ�rios �rabes.

Algumas semanas depois, Cartum acolheu uma c�pula �rabe, onde foi anunciada a resolu��o dos "tr�s n�os": n�o � paz, n�o ao reconhecimento e n�o � negocia��o com o Estado de Israel.

Israil lembra que at� recebeu "amea�as por telefone por causa de [seu] sobrenome".

Segundo Abboudi, a maioria dos judeus deixou o Sud�o, porque se deu conta de que "n�o tinham qualquer futuro" no pa�s. Alguns cad�veres chegaram a ser exumados do cemit�rio, para serem transferidos para Israel.

Al�m de Israel, os judeus sudaneses emigraram, sobretudo, para a Inglaterra e para os Estados Unidos, explica a historiadora.

Durante os 30 anos de governo autorit�rio de Omar al-Bashir, o Sud�o manteve uma linha dura com Israel, mas, desde sua destitui��o em 2019, o Executivo tenta voltar � cena internacional.

No ano passado, Cartum calibrou posi��es com Washington e aceitou normalizar suas rela��es diplom�ticas com Israel, em troca de os Estados Unidos suspenderem as san��es contra o Sud�o.

- Obst�culos -

No entanto, os "Acordos de Abra�o", assinados em janeiro pelo Sud�o e por Israel, entrar�o em vigor apenas ap�s ratifica��o por parte do Parlamento sudan�s. Um Parlamento que ainda n�o foi formado.

Nesta ter�a-feira, o conselho de ministros aprovou um projeto de lei para abolir o boicote a Israel.

Para conseguir a "normaliza��o", por�m, � preciso superar v�rios "obst�culos", j� que "muita gente no Sud�o continua reagente", afirma uma sobrinha de Israel, Salma, que deseja "se reconectar com [suas] origens".

Em janeiro, dezenas de sudaneses queimaram bandeiras israelenses em frente � sede do governo de transi��o e, em fevereiro, uma confer�ncia sobre toler�ncia religiosa, da qual um rabino participou, gerou pol�mica.


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