Em alta, podcasts continuam em busca de um modelo de lucratividade

Apesar do alto �ndice de ouvintes, anunciantes e investidores, o universo do podcast continua em busca da rentabilidade, entre publicidade, assinatura opcional ou um modelo 100% pago.

A empresa eMarketer espera efetivamente que em 2021 o faturamento publicit�rio de podcasts nos Estados Unidos atinja 1,33 bilh�o de d�lares.

Mas enquanto a receita de an�ncios cresce mais de um ter�o por ano, o n�mero de podcasts aumenta a uma taxa ainda mais r�pida: dobrando em onze meses, de um total de um milh�o para dois milh�es na plataforma de Podcast da Apple, a l�der do mercado, de acordo com o site especializado Podcast Industry Insights.

O podcast sobre a hist�ria de Nova York, "The Bowery Boys", lan�ado em 2007, � um dos que conseguiram sobreviver, apesar de seus meios modestos, gra�as ao apoio inicial da Apple.

"Estou muito feliz por termos come�ado em 2007 e n�o em 2021", reconhece Tom Meyers, seu cofundador. "A probabilidade de algo assim acontecer hoje seria muito remota".

Podcasts como "The Joe Rogan Experience" (30 milh�es de d�lares em receita de 2019, de acordo com a Forbes), um programa de entrevistas recentemente adquirido pelo Spotify, ou "My Favorite Murder" (15 milh�es) est�o alcan�ando grandes lucros publicit�rios.

Mas, para a maioria dos podcasts, a publicidade n�o � suficiente para obter lucratividade. "The Bowery Boys" opta por assinaturas opcionais atrav�s do site Patreon, por meio do qual 1.316 pessoas contribuem com at� 6.548 d�lares por m�s.

O podcast "Chapo Trap House", um talk show de esquerda, arrecadou mais de US$ 170.000 por m�s, um recorde para o Patreon. Em troca, ele oferece epis�dios exclusivos a seus colaboradores.

O conte�do pago ainda � raro em um universo historicamente constru�do sobre a gratuidade.

Em fevereiro, o Spotify, outro grande player do mercado, anunciou que abriria sua plataforma para podcasts pagos. E, nesta ter�a-feira, lan�ou um primeiro teste de podcasts com conte�do pago sem dedu��o de comiss�o durante os primeiros dois anos, ap�s os quais ficar� com 5%.

A Apple anunciou na semana passada que ofereceria um servi�o semelhante em maio e receberia 30% dos valores desembolsados pelo podcasts pagos, parcela que cair� para 15% ap�s um ano de assinatura.

"Todo mundo quer ser o Netflix do podcast", observa Tom Meyers.

Todavia, de acordo com uma pesquisa YouGov publicada no final de mar�o pelo site Variety, 83% dos ouvintes de podcasts rejeitam a ideia de pagar para ouvir um programa.

A plataforma de podcasts paga Luminary, lan�ada com grande alarde em 2019, est� lutando para decolar.

Al�m de publicidade e patroc�nio, muitos podcasts profissionais complementam sua receita com a venda de mercadorias, livros, organiza��o de eventos p�blicos ou programas patrocinados.

Agnes Kozera, cofundadora da Podcorn - uma plataforma para conectar anunciantes e criadores de podcast que produz an�ncios personalizados - compara o ambiente com o que o YouTube era no in�cio de 2010.

Na �poca, "n�o havia muitos YouTubers monetizando seu conte�do" no site de v�deo online, lembra ele.

Para Kozera, a publicidade permanece "de longe" a "mais importante" fonte de receita para os criadores de podcast, com potencial para atrair "muito mais anunciantes" do que o YouTube, "porque nem todas as marcas s�o feitas para v�deo".

Muitos j� oferecem an�ncios inseridos de forma autom�tica e diferenciados de acordo com as caracter�sticas de cada ouvinte.

A queda hist�rica nas viagens de carro, devido aos confinamentos proporcionados pela pandemia, pesou sobre o r�dio e hoje uma gradual "transfer�ncia" da receita publicit�ria para podcasts pode ser vista, diz Agnes Kozera.