A exposi��o do Rijksmuseum conta a hist�ria de dez pessoas, entre escravos e fazendeiros, que lan�am luz sobre o papel da Holanda na escravid�o no Caribe, Brasil, �sia e �frica do Sul.
O museu quer reabrir o debate no pa�s, que nunca se desculpou formalmente por seu papel no tr�fico de escravos, apesar das repercuss�es do movimento Black Lives Matter.
"� uma p�gina da hist�ria nacional, n�o apenas para um pequeno grupo, mas para todos n�s", disse � AFP Valika Smeulders, que chefia o departamento de hist�ria do Rijksmuseum.
"O passado colonial � um elemento importante da nossa hist�ria nacional. Por isso, era oportuno, uma vez que n�o foi feito antes, apresentar uma exposi��o sobre a escravid�o", explicou.
Os objetos e os documentos sonoros apresentados "falam de pessoas que tiveram que deixar seus filhos para tr�s", pessoas que se sentiram "tratadas como ferramentas, e n�o como seres humanos", descreve Eveline Sint Nicolaas, curadora do Rijksmuseum.
S�mbolo de que os tempos mudam, a exposi��o ser� inaugurada nesta ter�a pelo rei Guilherme Alexandre. Por enquanto, poder� ser vista on-line, � espera da reabertura dos museus, fechados devido � pandemia.
- Queimado vivo -
Uma das hist�rias narra a vida de Wally, um escravo da fazenda Palmeneribo, no Suriname, queimado vivo por ter participado de uma revolta em 1707.
Um manuscrito, que acompanha pinturas de escravos da fazenda, detalha o interrogat�rio a que foi submetido pelos propriet�rios.
Todas as hist�rias s�o acompanhadas por um audioguia com a voz de uma pessoa com algum tipo de rela��o com a hist�ria.
A hist�ria de Wally, por exemplo, � contada pelo ex-campe�o mundial de kickboxing Remy Bonjasky, um holand�s de origem no Suriname, cujos ancestrais teriam escapado da fazenda em quest�o durante aquela revolta.
A exposi��o tamb�m mostra o retrato de um casal de Amsterd� pintado em 1634 pelo g�nio holand�s Rembrandt. As telas ilustram a crueldade da �poca: Marten Soolmans e Oopjen Coppit se enriqueceram com a escravid�o.
A fam�lia de Soolmans fez fortuna em um engenho de a��car no Brasil. Ap�s sua morte, Oopjen se casou com um homem que mantinha escravos no Brasil.
"Isso realmente afetou a sociedade holandesa de muitas maneiras, n�o � apenas uma hist�ria que aconteceu longe, nas col�nias. As pessoas ganharam dinheiro com a escravid�o", afirma Sint Nicolaas.
- Arte e atrocidades -
A exposi��o revela contrastes desconcertantes entre arte e atrocidades, as pinceladas e os ferros para marcar as pessoas.
O que foi, por muito tempo, considerado uma coleira dourada para c�es na cole��o do museu pode ter sido, na verdade, uma coleira de escravos.
Se olhada com aten��o, algumas pinturas mostram escravos em casas, escondidos nas sombras por tr�s de personagens ricos.
No auge de seu imp�rio colonial, as Prov�ncias Unidas dos Pa�ses Baixos, agora Holanda, tinham sete col�nias no Caribe, incluindo Suriname e Cura�ao, na �frica do Sul e na atual Indon�sia, um reduto do s�culo XVII da Companhia Holandesa das �ndias Orientais.
A popula��o holandesa conhece bem essa parte da hist�ria, mas desconhece seus la�os com a escravid�o.
"A hist�ria da escravid�o � algo que n�o se aprende muito na escola e, ao mesmo tempo, no debate p�blico � um tema muito importante", observa Smeulders.
"Ent�o, como museu, quer�amos responder e passar para a pr�xima fase", acrescentou.
O Rijksmuseum decidiu acrescentar informa��es adicionais a 80 objetos em sua cole��o permanente para "destacar e explorar os la�os ocultos com a escravid�o".
Chegou a hora de o museu contribuir para o debate, estima Smeulders. "Dev�amos ter feito isso antes", completa.
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AMSTERD�
Exposi��o sobre a escravid�o confronta Holanda com seu terr�vel passado colonial
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