Movimentos sociais, centrais sindicais e partidos de oposi��o est�o nas ruas neste s�bado, 29, em manifesta��es contra o presidente Jair Bolsonaro e a gest�o federal. Os atos criticam a condu��o federal na pandemia, pedem a retomada do aux�lio emergencial de R$ 600 e a vacina��o em massa da popula��o, al�m de defenderem o impeachment do presidente.
No Recife, a manifesta��o com centenas de pessoas terminou com forte repress�o da Pol�cia Militar de Pernambuco, que disparou com balas de borracha e usou spray de pimenta e bombas de efeito moral em manifestantes. H� registros de feridos, mas ainda n�o foram contabilizados. A a��o da PM foi realizada j� no final do ato pol�tico, entre a avenida Conde da Boa Vista, no bairro da Boa Vista, e a ponte Duarte Coelho, no centro da cidade, por volta do meio-dia.
Os manifestantes afirmam que a PM atacou de forma inesperada e sem nenhum motivo aparente. "A gente n�o estava fazendo nada. N�o estava acontecendo nada. A gente s� estava atravessando a ponte, em fila, batendo palma, algo muito tranquilo, e eles (a PM) responderam dessa forma, do nada", relatou a professora Eva Marinho. Ela participava do ato desde o in�cio, �s 10h, e n�o ficou ferida. A PM chegou a usar spray de pimenta contra a vereadora do PT Liana Cirne, tamb�m de forma inesperada, e dentro de uma viatura, enquanto ela conversava com agentes.
Na sa�da da concentra��o do ato, a pol�cia, que acompanhou todo o protesto, impediu a sa�da de carros de som, que eram utilizados pelas lideran�as da manifesta��o para fazer falas pol�ticas e recomenda��es de seguran�a da pandemia, como manter a dist�ncia de pelo menos um metro entre as pessoas durante o ato. Desde a �ltima segunda-feira, 24, Pernambuco est� sob um novo decreto estadual com medidas de restri��o para atividades sociais e econ�micas. Especialmente neste final de semana e no seguinte est� permitido apenas o funcionamento de servi�os essenciais, mas as pessoas n�o est�o proibidas de circular na cidade.
Na �ltima sexta-feira, 28, a 34� Promotora de Justi�a de Defesa da Cidadania da Capital (PJDCC), Helena Capela, com atribui��o na Promo��o e Defesa da Sa�de do Minist�rio P�blico de Pernambuco (MPPE), emitiu um documento recomendando a "n�o realiza��o de eventos que possam ocasionar aglomera��o neste final de semana (...) a exemplo do ato agendado para a data de 29 de maio na Pra�a do Derby".
A recomenda��o utilizou o decreto assinado pelo governador Paulo C�mara (PSB) como base. O documento refor�a que "o C�digo Penal brasileiro, nos artigos 267 e 268, tipifica como crime casos em que cidad�os ou organiza��es apoiem a dissemina��o de uma epidemia ou mesmo a infra��o � determina��o do poder p�blico que venha impedir a dissemina��o de doen�a contagiosa".
A vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PCdoB), em v�deo publicado em rede social, afirmou que a a��o da PM n�o foi autorizada pelo governo do Estado. "N�s estamos ao lado da democracia. Os atos de viol�ncia, que repudiamos desde j�, est�o sendo apurados e ter�o consequ�ncias". diz a publica��o, que termina com a hashtag #ForaBolsonaro.
Belo Horizonte
Em Belo Horizonte, uma multid�o se reuniu na pra�a da Liberdade, regi�o centro-sul, e saiu em dire��o ao centro da capital, ora cantando a m�sica que marcou a luta contra a ditadura, "Para n�o dizer que n�o falei das flores", de Geraldo Vandr�, ora gritando "Fora Bolsonaro". Das janelas dos pr�dios, houve panela�o.
O protesto foi organizado por cerca de 80 entidades, entre elas a Associa��o Brasileira de M�dicos pela Democracia, que distribuiu m�scaras e �lcool em gel para as pessoas. Os manifestantes portavam cartazes com os dizeres "Genocida", "Vacina no bra�o, comida no prato" e "Eu apoio a CPI", entre outros.
Houve um princ�pio de tumulto quando um motorista, irritado com a manifesta��o, tentou passar pelas pessoas e chegou a entrar com o carro em uma ciclovia, quase atingindo um ciclista, na avenida Augusto de Lima. "Veio um Sandero prata na contram�o e avan�ou sobre os manifestantes, virou a rua Rio de Janeiro para fugir, quase derrubou um ciclista, desceu do carro fingindo ter algo na m�o. N�s nos afastamos com medo e ele se foi", disse a servidora da UFMG Clarissa Vieira, ainda ofegante. O professor Danilo Marques, que estava junto, acionou a pol�cia, mas o homem j� tinha ido embora. Ao chegar � pra�a da Esta��o, por volta das 13h30, o protesto se dispersou.
Salvador
O ato #29MForaBolsonaro tamb�m reuniu centenas no centro de Salvador. Al�m do impeachment contra o presidente Bolsonaro, os manifestantes cobraram, sob gritos de "vacina, trabalho e p�o", a responsabiliza��o pela neglig�ncia do governo federal frente � pandemia.
A milit�ncia de esquerda, incluindo lideran�as de movimentos sindicais e estudantis, se reuniu no Largo do Campo Grande, centro da capital baiana, por volta das 10h, e seguiram at� a Pra�a Castro Alves. Houve alerta para o distanciamento a ser mantido e, em alguns pontos, chegaram a distribuir m�scaras do tipo PFF2 na tentativa de garantir de seguran�a durante a caminhada, que ocorre de maneira pac�fica e � acompanhada pela Pol�cia Militar.
Interior de S�o Paulo
Algumas das principais cidades do interior de S�o Paulo tamb�m registraram atos contra o governo. Na maioria das manifesta��es, houve uso de m�scara e cuidados para evitar aglomera��es. At� o in�cio da tarde n�o tinham sido registrados incidentes.
Em Campinas, os manifestantes se reuniram no Largo do Ros�rio, tradicional ponto de concentra��es pol�ticas, no centro da cidade. O ato tinha representantes de centrais sindicais, como a CUT, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de S�o Paulo (Apeoesp), al�m de movimentos sociais, como o Movimento dos Sem-Terra (MST).
O grupo saiu em marcha pelas ruas centrais, deixando o tr�nsito tumultuado, e retornou para a pra�a. Durante a passeata, os manifestantes gritavam em coro bord�es, como "fora Bolsonaro" e "genocida". Em alguns pontos houve aglomera��o. A Pol�cia Militar acompanhou o ato, mas n�o calculou o n�mero de participantes. A Guarda Civil Municipal estimou em 1,5 mil pessoas, mas os organizadores falaram em 3 mil.
Em Sorocaba, os manifestantes se reuniram na Pra�a Fernando Prestes, a principal da cidade, e caminharam pelas ruas do centro, levando faixas e bandeiras. Com todos usando m�scara, o grupo pedia vacina para todos, o fim dos cortes na educa��o e a sa�da do presidente Bolsonaro. Houve participa��o de partidos pol�ticos e coletivos de esquerda.
Em Bauru, a concentra��o aconteceu em frente � C�mara Municipal. Al�m de "Fora Bolsonaro", os manifestantes pediam "emprego, vacina no bra�o e comida no prato". Muitos protestavam tamb�m contra o aumento na tarifa de �nibus na cidade. Integrantes da comiss�o de sa�de formada pelos organizadores fiscalizavam o uso de m�scara. Para evitar aglomera��o, o grupo estendeu duas faixas largas para manter o distanciamento entre os manifestantes.
Em Mar�lia, os manifestantes se reuniram na "ilha" da Avenida Nove de Julho, com faixas e cartazes. O mote principal foi vacina para todos e aux�lio emergencial digno. Houve protestos tamb�m em Ara�atuba, na Pra�a Rui Barbosa - a mesma em que Bolsonaro fez com�cio durante a campanha eleitoral. Em S�o Carlos, o protesto aconteceu na regi�o do Mercad�o, no centro, e reuniu 300 pessoas, segundo a Pol�cia Militar. Os manifestantes arrecadaram alimentos para fam�lias carentes.
Em Piracicaba, os organizadores fizeram marcas na Pra�a Jos� Bonif�cio, no centro, para evitar aglomera��o. Os manifestantes fizeram uma "roda de ciranda" no local, gritando palavras de ordem contra o governo Bolsonaro. O sindicato dos servidores municipais e a Uni�o Estadual de Estudantes (UEE) estiveram � frente da manifesta��o.
Outras capitais
Em S�o Paulo, a manifesta��o est� marcada para acontecer a partir das 16h. A concentra��o ser� em frente ao Masp, na Avenida Paulista.
Pelas redes sociais, as entidades organizadoras dos atos compartilham registros dos atos e fazem transmiss�es ao vivo das passeatas. Segundo publica��o da Ubes (Uni�o Brasileira de Estudantes Secundaristas), foram distribu�das m�scaras PFF2 para os manifestantes do ato em Bel�m.
Tamb�m pelas redes sociais, entidades organizadoras registraram manifesta��es em Teresina, Porto Velho, Jo�o Pessoa e Aracaju.
Redes sociais
Pol�ticos da oposi��o tamb�m registraram seus apoios aos atos pelo Pa�s. Guilherme Boulos (PSOL), que disputou a Prefeitura de S�o Paulo nas elei��es de 2020, compartilhou v�deo que mostra outros pa�ses que organizaram manifesta��es pol�ticas em meio � pandemia.
O senador Humberto Costa (PT-PE), membro da CPI da Covid, compartilhou v�deo da manifesta��o em Recife e defendeu a mobiliza��o digital. "Estou recebendo fotos e v�deos do ato do Recife. Todos usando m�scara e formando filas para respeitar o distanciamento. Esse � o melhor caminho. Nas redes sociais, sua milit�ncia tamb�m � muito importante!", escreveu ele.
O empres�rio Marcelo de Carvalho, s�cio-fundador da RedeTV, afirmou que os protestos contra Bolsonaro est�o vazios ao contr�rio das manifesta��es a favor do presidente. "Comparem com as manifesta��es pr� e me respondam: "QUEM ACREDITA NO DATAFOLHA ???"", diz a publica��o.
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