Participa��o baixa em elei��o no Ir� indica perigo para teocracia do pa�s

Apenas 23% dos iranianos aptos haviam votado nas elei��es desta sexta-feira, 18, at� �s 17h (hor�rio local, 8h30 no Brasil), em um processo que tem o ultraconservador Ebrahim Raisi como grande favorito. A hist�rica baixa participa��o, motivada por fatores que v�o desde a exclus�o pr�via de candidatos at� a pandemia, acontece mesmo ap�s apelos de autoridades para que os eleitores comparecessem �s urnas. Para especialistas, o cen�rio preocupa o governo e pode significar uma derrota para o regime teocr�tico que comanda o pa�s.

Para o professor de pol�tica da Universidade de Teer� Sadegh Zibakalam, a baixa vota��o � um ponto de inflex�o para o regime. "A maioria n�o participa das elei��es, e isso significa que a maioria n�o apoia mais a Rep�blica Isl�mica", afirmou em um semin�rio do King's College London, de acordo com o jornal The Guardian.

A baixa participa��o j� era esperada. Mais de 600 candidatos foram descartados pelo Conselho dos Guardi�es - que decide quem pode concorrer - em uma sele��o duramente criticada por desqualificar v�rias figuras importantes associadas a fac��es centristas ou reformistas, incluindo Ali Larijani, ex-presidente do Parlamento e negociador nuclear, e candidatos proeminentes, como o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, que defendeu o boicote � elei��o.

A apatia dos eleitores, no entanto, vem de antes da decis�o do Conselho dos Guardi�es, em parte devido � economia devastada e � campanha contida em meio a um aumento nos casos de coronav�rus. A Ag�ncia de Pesquisa de Estudantes Iranianos, vinculada ao Estado, projetou mais recentemente uma participa��o de 42% dos 59 milh�es de eleitores qualificados do pa�s.

O governo manifestou preocupa��o com o cen�rio. Na quarta-feira, o aiatol� Ali Khamenei fez um extenso discurso televisionado que alertava sobre uma conspira��o estrangeira para minar a vota��o e tentou persuadir as pessoas a votarem, alertando sobre o "aumento da press�o" dos "inimigos" do Ir� se os cidad�os ficassem longe das urnas nesta sexta-feira.

Khamenei atacou os "inimigos" do Ir� por desencorajarem as pessoas a votar. Ele acusou a "m�dia americana e brit�nica e seus mercen�rios" de "se matarem para questionar as elei��es e enfraquecer a participa��o popular".

Ele tamb�m reconheceu que muitos iranianos comuns, empobrecidos e castigados por anos de pesadas san��es americanas, podem n�o ver os benef�cios da participa��o pol�tica. "Mas n�o votar por causa de reclama��es (econ�micas) n�o � correto", afirmou.

As autoridades iranianas promovem a participa��o eleitoral como valida��o de seu estilo de governo depois que a Revolu��o Isl�mica de 1979 instalou o sistema clericamente supervisionado que perdura at� hoje.

Ao Guardian, a professora de pol�tica do Oriente M�dio na Universidade de Cambridge Roxane Farmanfarmaian afirmou que o regime enfrenta uma crise de legitimidade. "Sempre soubemos que n�o s�o elei��es livres por causa da sele��o de candidatos, mas que a sele��o sempre refletiu os diferentes grupos do governo. Desta vez, n�o, e reflete o desejo de controlar a situa��o. "

Para tentar contornar a situa��o, autoridades decidiram estender o hor�rio de vota��o at� a meia-noite (hor�rio local, 16h no Brasil), per�odo que pode ser estendido por at� mais duas horas.

Os resultados ser�o conhecidos no final da manh� de s�bado e, caso nenhum candidato atinja 50% dos votos, ser� organizado um segundo turno no dia 25 de junho entre os dois mais votados.

Reeleito no primeiro turno em 2017 com 73% de participa��o, o presidente Hassan Rohani reconheceu nesta sexta-feira que gostaria de ver "mais gente" participando. "As elei��es s�o importantes aconte�a o que acontecer e apesar dos problemas, temos de ir votar", disse, referindo-se aos candidatos desqualificados. (COM AG�NCIAS INTERNACIONAIS)