Na tarde de segunda-feira (21), os mil funcion�rios do tabloide cr�tico souberam da temida not�cia: o Apple Daily est� com os dias contados.
Quatro dias depois de uma grande batida policial na reda��o, da pris�o de cinco de seus respons�veis e do congelamento de bens, a diretoria do jornal se reuniu.
Criado em 1995, o ve�culo decidir� na sexta-feira se fechar� suas portas.
Os funcion�rios foram reunidos e poder�o decidir pela demiss�o, ou por ficar at� o �ltimo dia, qualquer que seja ele, relataram tr�s trabalhadoras � AFP.
"Decidi apresentar minha carta de demiss�o", disse Joanne, uma jornalista que preferiu n�o revelar seu sobrenome. "O risco de ser presa � real", completou.
O Apple Daily mostrou seu forte apoio ao movimento pr�-democracia ao longo dos anos e nunca parou de criticar abertamente os l�deres chineses.
Pequim, por sua vez, sempre quis ver o jornal desaparecer.
A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, defendeu nesta ter�a as medidas tomadas contra o jornal e rejeitou as cr�ticas dos Estados Unidos sobre os ataques � liberdade de imprensa no territ�rio.
"Criticar o governo de Hong Kong n�o representa problemas, mas se h� inten��o de organizar a��es que incitam a subvers�o (...) � algo diferente", disse Lam em entrevista coletiva.
- Sem poder pagar os sal�rios -
O propriet�rio do Apple Daily � o empres�rio Jimmy Lai, de 73 anos, atualmente na pris�o e condenado a v�rias penas por seu envolvimento nas manifesta��es pr�-democracia de 2019.
Em 17 de junho, as autoridades congelaram os ativos do jornal no �mbito da pol�mica Lei de Seguran�a Nacional em vigor h� quase um ano. Como resultado, o ve�culo afirma que n�o pode pagar seus trabalhadores ou fornecedores.
Anunciantes e indiv�duos desejam fornecer apoio financeiro ao jornal, mas n�o podem transferir dinheiro para as contas banc�rias da publica��o.
Dois funcion�rios do jornal, o editor-chefe, Ryan Law, e seu diretor-geral, Cheung Kim-hung, foram acusados de "conluio com um pa�s estrangeiro" por artigos que, segundo a pol�cia, pediam san��es internacionais contra os l�deres da China e Hong Kong.
As autoridades rejeitam as acusa��es segundo as quais agem contra a liberdade de imprensa, mas n�o quiseram especificar quais os artigos que v�o contra a lei de seguran�a nacional.
Nesta ter�a-feira, o n�mero de funcion�rios do Apple Daily que pediram demiss�o n�o aumentou, mas muitos foram filmados no dia anterior com caixas de papel�o do lado de fora dos escrit�rios.
O servi�o de informa��es financeiras do jornal e sua edi��o em ingl�s tamb�m anunciaram que deixar�o de publicar.
Uma jornalista, Peggy, explicou que seus colegas passaram na reda��o na segunda-feira para se despedir de quem decidiu ir embora.
"Foi como uma cerim�nia de entrega de diploma, com algu�m sempre chorando", contou Peggy, que pediu demiss�o e quer mudar de profiss�o.
"Vou ficar at� a �ltima" edi��o, disse Kitty, de 40 anos. Embora tenha garantido que, se tiver a sorte de encontrar trabalho em outro jornal, ter� que ser "muito mais cautelosa".
Essas tr�s jornalistas expressaram seu orgulho por terem trabalhado no Apple Daily.
Pensando no futuro do territ�rio, Joanne se pergunta se ter� permiss�o para "dizer algo em que realmente acredita".
APPLE INC.
HONG KONG