Nos �ltimos quatro anos, a avia��o militar do Afeganist�o vinha lan�ando bombas e foguetes contra instala��es do Taleban utilizando avi�es brasileiros Super Tucano, de ataque leve. Com a volta ao poder dos extremistas, parte da frota de 26 turbo�lices A-29 - 24 em opera��o - passa em princ�pio ao controle dos radicais isl�micos.
As aeronaves ficavam estacionadas em duas bases afeg�s, em Cabul e Mazar-i-Sharif, a principal do pa�s, onde tamb�m estavam os helic�pteros americanos Blackhawks, os russos MI-17, um n�mero desconhecido de drones. Mazar-i-Sharif foi invadida e controlada pelo Taleban na quinta-feira passada. No fim de semana, a mil�cia tamb�m passou a dominar a base de Cabul.
O plano inicial era que pilotos afeg�os e americanos levassem toda a frota para o Paquist�o, na ter�a-feira passada, o que aparentemente n�o deu certo. Pelo menos um esquadr�o de 12 Super Tucanos foi transferido para um pa�s da regi�o. No entanto, uma foto que circulou pelas redes sociais mostrou militantes do Taleban � frente de um Super Tucano. Portanto, n�o est� totalmente claro para onde ou o que foi removido antes de Mazar-i-Shair cair sob o poder dos radicais.
Do ponto de vista t�tico, a primeira atitude seria destruir as aeronaves. Havia uma expectativa do envio de dois bombardeiros americanos B-52 para que destru�ssem o esp�lio militar, evitando que ele ca�sse nas m�os dos radicais, mas o plano tamb�m n�o foi adiante.
Em seu poder de fogo, os Super Tucanos podem levar mais de 150 combina��es de armamentos - por exemplo, foguete e combust�vel ou m�sseis e foguetes - com uma capacidade de at� 1,5 tonelada. Todas as aeronaves s�o equipadas com 2 metralhadoras .50 mm. As aeronaves, tamb�m usadas para treinamento de pilotos e miss�es de intelig�ncia, foram adquiridas por meio de linhas de cr�dito do governo dos EUA, no �mbito do programa de reconstru��o das For�as Armadas afeg�s.
O contrato da compra de 26 aeronaves, estimado em US$ 560 milh�es, � resultado de um acordo trinacional - partes de cada unidade s�o produzidas pela Embraer, no Brasil, e depois enviadas para a f�brica do cons�rcio Embraer Defesa e Seguran�a (EDS) e grupo americano Sierra Nevada Corporation (SNC), parceiro local da empresa brasileira em Jacksonville, na Fl�rida, para a integra��o e instala��o de componentes. S� depois elas foram entregues ao Afeganist�o.
Por serem configuradas nos EUA, incorporam equipamento americano de �ltima gera��o, esses Super Tucanos possuem a mais sofisticada configura��o do sistema de armas de todos os usados entre 15 pa�ses.
A expectativa agora � sobre como o Taleban far� uso dessas aeronaves. Se quando esteve no poder o Taleban era mais conhecido como uma horda de radicais isl�micos desorganizados, hoje o cen�rio � diferente. Nos �ltimos 20 anos, a mil�cia foi adquirindo organiza��o, muitas vezes influenciada pelo grupo Estado Isl�mico, muito mais estruturado desde seu in�cio.
Dominando os conceitos de brigadas, batalh�es, centros de treinamento, a mil�cia radical hoje possui uma arquitetura de for�a muito parecida com os ex�rcitos do Ocidente. Com conceito de disciplina e hierarquia, n�o abriram m�o de comandos aut�nomos e tornaram extremamente efetiva e segura a comunica��o entre eles.
O grupo tamb�m desenvolveu um esquema de coleta de dados de intelig�ncia e conta hoje com volunt�rios estrangeiros, assim como o Estado Isl�mico. O Taleban tem ainda como vantagem estrat�gica membros das for�as afeg�s, simpatizantes do grupo, com conhecimento para operar equipamento militar, que passaram a integrar a mil�cia diante de uma iminente derrota.
O Taleban, com seus 60 mil combatentes, vem varrendo o pa�s diante de uma for�a afeg� muito mais numerosa - 186 mil militares que comp�em Ex�rcito e Aeron�utica (o pa�s n�o tem Marinha) e seus equipamentos. As for�as militares afeg�s vinham sendo reequipadas por um programa financiado por EUA, Reino Unido e alguns pa�ses da Uni�o Europeia.
Em seu arsenal, a mil�cia radical disp�e principalmente de canh�es russos de 23 mm, metralhadoras de 762 mm e .50 mm, fuzis AK-47, al�m de material apreendido em batalha. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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