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Estado de Minas

Como os EUA perderam a 'guerra ao �pio' no Afeganist�o

Apesar da estrat�gia voltada para impedir a produ��o de �pio e hero�na, cultivo da papoula no Afeganist�o cresceu 37% e � a principal fonte de renda do Taleb�


22/08/2021 07:18 - atualizado 22/08/2021 09:19


Afegão em campo de papoula, em foto de 2016; dados de 2019 apontam que a produção do ópio respondia por quase um terço do PIB do país(foto: Reuters)
Afeg�o em campo de papoula, em foto de 2016; dados de 2019 apontam que a produ��o do �pio respondia por quase um ter�o do PIB do pa�s (foto: Reuters)

� novembro de 2017. A c�mera de vis�o noturna mostra um conjunto de ruas em uma cidade da prov�ncia de Helmand, polo de cultivo de papoula no Afeganist�o.

A c�mera tenta centrar no alvo antes de os m�sseis serem disparados.

S�o nove disparos no total, cada um deles alvejando uma edifica��o, em uma s�rie de explos�es quase simult�neas.


� um exemplo marcante de bombardeios de precis�o, que usam algumas das mais caras e avan�adas tecnologias militares j� produzidas, incluindo um bombardeiro estrat�gico B-52, um ca�a F-22 Raptor e um disparador de foguetes M142.


O v�deo desse ataque, no qual oito civis afeg�os foram mortos, foi parte de uma s�rie postada online naquele ano pelos militares americanos (aqui, em ingl�s) como evid�ncia do avan�o da campanha de bombardeios chamada de "Tempestade de Ferro".


O objetivo era destruir laborat�rios de hero�na no �mago do com�rcio de �pio promovido pelo grupo extremista Taleb� - que agora retomou o controle do pa�s - e que j� lhe rendia, na �poca, cerca de US$ 200 milh�es por ano. Os bombardeios americanos atingiriam cerca de 200 alvos semelhantes.


No entanto, de acordo com um relat�rio publicado em abril de 2019 pela unidade de pol�ticas sobre drogas da universidade brit�nica London School of Economics, a Opera��o Tempestade de Ferro n�o teve exatamente o impacto desejado.


O estudo identificou que, apesar de contar com excelentes informa��es de intelig�ncia, a campanha multimilion�ria de bombardeios vinha tendo um efeito m�nimo sobre o Taleb� e sobre as redes de tr�fico dentro do Afeganist�o.


Campo de papoula no Afeganistão, que é o maior produtor de ópio do mundo(foto: BBC)
Campo de papoula no Afeganist�o, que � o maior produtor de �pio do mundo (foto: BBC)

Dados mais recentes apontam para o crescimento do cultivo de papoula, a mat�ria-prima do �pio e, por consequ�ncia, da hero�na, que � uma das principais fontes de renda do Taleb�.


Em maio de 2021, uma investiga��o da Ag�ncia da ONU contra Crimes e Drogas (Unodc) junto � Ag�ncia Nacional de Estat�sticas do Afeganist�o estimou que a �rea de cultivo da papoula para �pio cresceu 37% em 2020 em rela��o ao ano anterior - com 224 mil hectares, essa �rea de cultivo � uma das maiores j� registradas no pa�s e tinha potencial de produzir 6,3 mil toneladas de �pio e gerar lucros il�citos de US$ 350 milh�es.


Reportagem da ag�ncia Reuters publicada na segunda-feira (16/8) calcula que os EUA tenham gastado mais de US$ 8 bilh�es ao longo de 15 anos tentando impedir, por meio de bombardeios e destrui��o de lavouras, que o com�rcio de �pio continuasse sendo uma fonte de renda ao Taleb�. Mas a estrat�gia n�o deu certo: o Afeganist�o continua sendo o maior fornecedor de �pio il�cito do mundo, status que deve ser refor�ado com a retomada do poder central pelo grupo fundamentalista, aponta a Reuters.


(foto: BBC)
(foto: BBC)

Os bombardeios

O que, ent�o, os americanos estavam atacando naquele bombardeio em 2017?

O pesquisador David Mansfield, especialista no tema, fez essa pergunta a si mesmo enquanto assistia ao v�deo do ataque.


"Foi bizarro", ele disse � BBC News em 2019. "Eu estava sentado (na minha casa) no Reino Unido, a milhares de quil�metros de dist�ncia, assistindo �queles ataques inacredit�veis. A tecnologia usada pelos americanos era surpreendente. Esses bombardeios pareciam ter uma �tima precis�o, mas eu pensava: qual � o alvo?"


Mansfield estuda a ind�stria afeg� do �pio h� mais de duas d�cadas. Ele explicou que a produ��o da hero�na deixa certos rastros, e ele n�o estava vendo nenhum deles.

No entanto, os americanos afirmaram que aquele ataque foi um sucesso.


Foram necess�rios meses de trabalho de detetive usando an�lises geoespaciais de imagens de sat�lite e investiga��o em campo at� Mansfield ter a sensa��o de ter entendido o desenrolar dos fatos.


E a conclus�o dele causou surpresa. Apesar da grande inje��o de recursos por parte dos EUA, Mansfield e sua equipe se convenceram, em 2019, de que a For�a A�rea americana estava usando tecnologias caras e de �ltima gera��o para bombardear meras choupanas de barro.


(foto: BBC)
(foto: BBC)

O avan�o da ind�stria da hero�na

O �pio est� profundamente intrincado na hist�ria de conflitos do Afeganist�o, palco da maior guerra da hist�ria americana.


Os lucros do com�rcio da hero�na s�o usados para financiar tanto o Taleb� quanto grupos considerados terroristas, como o Estado Isl�mico e a Al-Qaeda.

A hero�na tamb�m movimenta a corrup��o t�o corrosiva � sociedade civil no Afeganist�o.


Em 2016, a BBC viu uma amostra de qu�o institucionalizado o cultivo de papoula era no pa�s, ao visitar uma fazenda dentro de uma �rea que, ao menos em teoria, era controlada pelo (agora erradicado) governo afeg�o.


Os agricultores do local n�o viam qualquer necessidade de esconder que ali era cultivada papoula em um espa�o a meia hora de dist�ncia do aeroporto Mazar-e-Shafir, ao lado da rodovia principal da regi�o.


Afeganistão tem aumentado também sua capacidade de processamento de heroína e outros opioides(foto: BBC)
Afeganist�o tem aumentado tamb�m sua capacidade de processamento de hero�na e outros opioides (foto: BBC)

Um agricultor, Taza Meer, parecia tranquilo sob a prote��o de um homem que carregava um AK47 em seus ombros.


"N�o se preocupe com ele", disse Meer � reportagem. "Ele � um policial local".


A produ��o de �pio era, em teoria, um crime grave no Afeganist�o, punido com a pena de morte sob o governo apoiado pelo Ocidente. Mesmo assim, aquele policial assistiu � visita da BBC a uma planta��o de papoula no auge da colheita.


Quando os EUA e o Reino Unido invadiram o Afeganist�o, em outubro de 2001, havia cerca de 74 mil hectares afeg�os dedicados � papoula. Hoje, � tr�s vezes maior, segundo o mais recente relat�rio da ONU.


E houve outra mudan�a adicional: no passado, o l�tex feito de �pio era secado e traficado para fora do Afeganist�o como uma pasta grudenta, que seria refinada em outras partes do mundo. Nos �ltimos anos, por�m, autoridades afeg�s e ocidentais estimam que ao menos a metade do �pio afeg�o j� sa�a do pa�s processado na forma de morfina ou hero�na.


Isso torna seu tr�fico muito mais f�cil, al�m de aumentar consideravelmente os lucros dos traficantes e do Taleb� - que recolhia, segundo estimativas de 2019, um "imposto" de 20% sobre esses lucros.


(foto: BBC)
(foto: BBC)

Nas ruas dos EUA

Esse pico na produ��o de hero�na ocorreu simultaneamente a uma epidemia de opioides nos EUA.


A Casa Branca declarou o problema como emerg�ncia de sa�de p�blica em outubro de 2017, ante a estimativa de que mais de 2 milh�es de americanos eram viciados em opioides - e em um momento em que overdoses haviam se tornado a principal causa de mortes nos EUA, superando acidentes de carro e viol�ncia armada.


Essa epidemia de opioides come�ou com a prescri��o indiscriminada de analg�sicos, mas, � medida que o controle sobre esses rem�dios aumentou, pessoas viciadas passaram a recorrer � hero�na ou a opioides sint�ticos, como Fentanyl.


E, � claro, o Afeganist�o �, de longe, o maior produtor de �pio do mundo - as estimativas do Unodc s�o de que o pa�s seja a origem de mais de 80% do �pio e da hero�na globais (nos EUA, curiosamente, a maior parte do suprimento de hero�na n�o vem do Afeganist�o, e sim do M�xico e da Am�rica do Sul, segundo dados de 2019 da Ag�ncia de Combate �s Drogas americana).


Mas, assim como em qualquer commodity, quando aumenta a oferta, os pre�os caem.

Diante da expectativa de que a produ��o aumente sob o mando do Taleb�, "mais produ��o faz com que as drogas fiquem mais baratas e acess�veis", disse � ag�ncia Reuters, nesta semana, Cesar Gudes, chefe do escrit�rio de Cabul da Unodc. "Estes s�o os melhores momentos em que grupos il�citos tendem a se posicionar (para expandir seus neg�cios)".


(foto: BBC)
(foto: BBC)

A��o militar

A l�gica da opera��o Tempestade de Ferro era simples.

"Vamos atingir o Taleb� onde d�i, que � nas suas finan�as", disse o comandante general John Nicholson, em uma coletiva de imprensa no dia seguinte � primeira onda de bombardeios.

Cerca de 60% dos lucros do Taleb� v�m do com�rcio de narc�ticos, ent�o atacar essa fonte reduziria o financiamento do grupo e a oferta de hero�na pelo mundo, conclu�ram os estrategistas americanos.

A inspira��o veio da S�ria, onde bombardeios a�reos americanos contra a ind�stria petroleira ilegal do Estado Isl�mico destruiu plataformas, caminh�es-tanque e outros equipamentos. A campanha foi considerada um sucesso, reduzindo dramaticamente as receitas do autoproclamado califado e dificultando a coopta��o de combatentes.

Mas, como n�o � incomum na longa hist�ria de conflitos no Afeganist�o, n�o foi t�o simples adaptar a ideia.


(foto: BBC)
(foto: BBC)

Processo improvisado

A produ��o de hero�na no Afeganist�o n�o � um processo industrial, explicou David Mansfield � BBC. E os espa�os improvisados onde os afeg�os refinam o �pio sequer podem ser chamados de laborat�rios, segundo ele.

N�o h� jalecos brancos, locais esterilizados ou equipamentos adequados. A hero�na costuma ser feita em habita��es comuns afeg�s - uma parede de argila com cerca de seis choupanas constru�das ali dentro.

E, como o processo expele gases nocivos, ele geralmente ocorre em lugares mais abertos.

Ele � dif�cil de ser escondido, afirmou Mansfield, porque deixa vest�gios bem espec�ficos de restos de fogueira, geralmente em fileiras.

Um espa�o ativo de refinamento tamb�m ter� pilhas de tambores de combust�vel, prensas de extra��o de morfina, recipientes de g�s, carv�o ou madeira (para o fogo) e barris qu�micos, al�m de movimento de pessoas.

Quando o Ex�rcito dos EUA divulgou 23 v�deos mostrando ataques em supostos laborat�rios de hero�na, Mansfield afirmou que apenas olhando para as imagens j� conseguiu perceber que na maioria daqueles locais n�o havia nenhuma produ��o significativa de hero�na, porque "n�o havia os rastros dessa atividade".


O repórter da BBC Justin Rowlatt em um campo de papoula no Afeganistão, em foto de arquivo; produção de heroína no país é improvisada, e não em laboratórios bem equipados(foto: BBC)
O rep�rter da BBC Justin Rowlatt em um campo de papoula no Afeganist�o, em foto de arquivo; produ��o de hero�na no pa�s � improvisada, e n�o em laborat�rios bem equipados (foto: BBC)


(foto: BBC)
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Busca por evid�ncias

Mas Mansfield sabia que, para explicar seu ponto, precisaria de mais provas.

Ele acionou a Alcis, uma start-up brit�nica especializada em an�lise geoespacial de fatos ocorridos em locais remotos.

Embora as coordenadas tivessem sido apagadas dos v�deos divulgados pelos EUA, foi poss�vel identificar os locais dos ataques por meio de imagens de sat�lites do Afeganist�o e, assim, identificar o que havia acontecido naqueles locais antes dos disparos de m�sseis.

A Alcis conseguiu identificar 31 edif�cios. De todos os locais examinados, apenas um deles estava, com certeza, produzindo �pio quando foi atingido pelo m�ssil americano - era uma edifica��o contendo cerca de 200 barris (e imagens termais mostravam esses barris com a cor branca, indicando que eles estavam quentes e ativamente envolvidos no processo de refinamento de hero�na).


(foto: BBC)
(foto: BBC)

Pesquisa de campo

Em seguida, Mansfield reuniu uma equipe de pesquisadores afeg�os para entrevistar as pessoas nas comunidades afetadas pelos m�sseis americanos. Eles conversaram com donos de laborat�rios, operadores e trabalhadores, e tamb�m com 450 agricultores em Helmand e outras �reas produtoras de �pio.

As entrevistas indicaram que a intelig�ncia obtida pela For�a A�rea americana era, de fato, boa. A maioria dos locais examinados pelos pesquisadores havia sido usado como laborat�rio de hero�na no passado mas - e este � o ponto-chave -, em sua grande maioria, j� n�o estavam mais ativos no momento dos ataques de m�sseis.

Os entrevistados disseram que os laborat�rios operavam de modo intermitente e que todo o material usado na produ��o de hero�na era removido quando o local ficava fechado. Al�m disso, era poss�vel montar um novo laborat�rio com facilidade, em quest�o de dias.

Ou seja, na aus�ncia de significativos estoques de hero�na, qu�micos e equipamentos dentro das edifica��es, seu valor pr�tico, como alvo, era m�nimo: Mansfield e sua equipe estimam esse valor entre US$ 10 mil a US$ 20 mil por edifica��o, no m�ximo.

"Qual � a perda, para uma organiza��o narcotraficante, quando voc� essencialmente derruba um local, uma edifica��o de barro?", questionou.

Ent�o, por que se dar ao trabalho de atac�-los?

"� uma pergunta dif�cil", afirmou Mansfield em 2019 � BBC. "Acho que os comandantes recebiam ordens de seus chefes em Washington dizendo que era preciso agir, e acho que eles estavam sendo cautelosos, tentando evitar mortes de civis".


(foto: BBC)
(foto: BBC)

Mudan�a de comando

Mansfield n�o foi o �nico a questionar o valor estrat�gico dessa opera��o americana: tamb�m houve questionamentos por parte de algumas autoridades de alto escal�o.

A ent�o secret�ria de For�a A�rea, Heather Wilson, demonstrou preocupa��o com os custos: em entrevista coletiva de fevereiro de 2018, afirmou que "n�s (EUA) n�o dever�amos estar usando um F-22 para destruir f�bricas de narc�ticos no Afeganist�o".

O F-22 � o ca�a mais avan�ado do mundo. Cada aeronave custa US$ 140 milh�es, e a hora de voo custa ao menos US$ 35 mil.

Em agosto de 2018, o general Jeffrey Harrigian, ent�o chefe do Comando Central da For�a A�rea americana em Doha, afirmou que a estrat�gia de atacar fontes de renda escusas no Afeganist�o "n�o estava funcionando t�o bem quanto na S�ria".


David Mansfield, especialista na cadeia de produção da heroína no Afeganistão, analisou atentamente as operações americanas no país(foto: arquivo pessoal)
David Mansfield, especialista na cadeia de produ��o da hero�na no Afeganist�o, analisou atentamente as opera��es americanas no pa�s (foto: arquivo pessoal)

At� que, em 2 de setembro de 2018, o general John Nicholson foi substitu�do no comando das for�as da Otan (alian�a militar ocidental) e dos EUA no Afeganist�o pelo general Austin "Scott" Millar.

Isso, na pr�tica, selou o fim da campanha Tempestade de Ferro, havendo depois disso houve apenas dois disparos de m�sseis contra supostos laborat�rios de hero�na.

Millar passou na �poca a focar em uma estrat�gia mais agressiva, de alvejar o Taleb� diretamente, com ataques a�reos e incurs�es.

Em 2019, quando a BBC questionou as tropas americanas a respeito das descobertas de Mansfield, a resposta foi: "todos os nossos esfor�os buscam criar as condi��es para um acordo pol�tico e resguardo dos interesses nacionais", disse uma porta-voz. "A grande maioria de nossos disparos s�o letais contra o Taleb� ou o Estado Isl�mico."

A porta-voz n�o quis comentar, na �poca, a respeito de se a For�a A�rea estava deliberadamente atingindo alvos inativos de forma a evitar mortes de civis.


(foto: BBC)
(foto: BBC)

Que efeito, ent�o, a opera��o Tempestade de Ferro teve na produ��o de narc�ticos? A resposta �: muito pouco.

Quando a iniciativa acabou, o Ex�rcito americano reportou que "a produ��o de narc�ticos no Afeganist�o continuava em n�veis elevados".

Relat�rio de novembro de 2020 do grupo Lessons for Peace, que contou com a colabora��o de David Mansfield, diz que "acredita-se que o �pio seja o produto mais lucrativo traficado pelas fronteiras afeg�s, em termos de renda bruta. A ONU estima (com base em dados de 2019) que a receita do com�rcio de �pio afeg�o tenha variado em anos recentes, entre US$ 1,2 bilh�o e US$ 6,6 bilh�es anuais, em uma ind�stria que emprega centenas de milhares de pessoas".

"Deten��es e interdi��es continuam tendo um impacto m�nimo no cultivo de papoula do pa�s", apontou outro relat�rio, esse entregue oficialmente ao Congresso americano, em julho deste ano, pelo Inspetor General da Reconstru��o Afeg� (Sigar, na sigla em ingl�s). "� um fracasso total", afirmou a jornalistas, em 29 de julho, John Sopko, chefe do Sigar, a respeito da pol�tica antidrogas no Afeganist�o.

"Os EUA e seus parceiros internacionais continuamente deixaram de lidar com a quest�o do cultivo da papoula", disse nos �ltimos dias � ag�ncia Reuters uma fonte do Ex�rcito americano, sob condi��o de anonimato. "O que vamos descobrir � que isso (o cultivo) explodiu."

Com reportagem de Justin Rowlatt, da BBC News

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