
Mais de uma semana depois que o Taleb� assumiu o poder, a ONU (Organiza��o das Na��es Unidas) segue recebendo relatos de eventos preocupantes acontecendo no Afeganist�o.
"Recebemos relatos confi�veis %u200B%u200Bde graves viola��es do direito internacional humanit�rio e abusos dos direitos humanos ocorrendo em muitas �reas sob o controle efetivo do Taleb�", disse na ter�a-feira (24/8) a Alta Comiss�ria das Na��es Unidas para os Direitos Humanos, a chilena Michelle Bachelet.
Em um relat�rio lido perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, Bachelet indicou que seu escrit�rio est� ciente de eventos que incluem desde "execu��es sum�rias" a "restri��es aos direitos das mulheres", "recrutamento de crian�as-soldado" e "repress�o de protestos pac�ficos e da express�o de dissid�ncia".
Embora n�o tenha entrado em detalhes, a comiss�ria observou que as execu��es visaram civis e membros fora de combate das for�as de seguran�a afeg�s.
As mulheres, por sua vez, tiveram restri��o ao direito de se locomover livremente. As meninas foram restringidas em seu direito de frequentarem a escola.
Bachelet disse considerar que o tratamento dado pelo Taleb� �s mulheres e meninas representa "uma linha vermelha fundamental".
A ex-presidente do Chile tamb�m observou que h� "s�rios temores" para jornalistas, minorias e para "a nova gera��o de l�deres da sociedade civil surgida nos �ltimos anos".
"As v�rias minorias �tnicas e religiosas do Afeganist�o tamb�m correm o risco de viol�ncia e repress�o, levando em considera��o os padr�es anteriores de viola��es graves sob o governo do Taleb� e relatos de assassinatos e ataques direcionados nos �ltimos meses", disse ela.No entanto, o Conselho de Direitos Humanos da ONU rejeitou o pedido de ativistas do Afeganist�o e de outros pa�ses para criar uma comiss�o internacional para monitorar e preservar as evid�ncias das a��es do Taleb�.
O grupo se limitou a aprovar por consenso uma resolu��o para coletar informa��es sobre a situa��o no Afeganist�o.
"Com os direitos humanos fundamentais em jogo, meu escrit�rio trabalhar� com urg�ncia para restabelecer mecanismos de monitoramento de viola��es dos direitos humanos", disse Bachelet.

Em uma entrevista coletiva subsequente, o porta-voz do Taleb�, Zabihullah Mujahid, negou que suas for�as estejam retaliando.
"Esquecemos tudo no passado", disse ele, repetindo a mensagem de uma chamada para "anistia" que anunciou ap�s sua primeira entrevista coletiva na semana passada.
Direitos limitados
No entanto, Mujahid indicou que as mulheres trabalhadoras no Afeganist�o n�o devem sair �s ruas at� que "sistemas adequados" sejam estabelecidos para "garantir sua seguran�a", embora tenha especificado que seria um "procedimento muito tempor�rio".
"At� termos seguran�a total, pedimos �s mulheres que fiquem em casa", disse ele.
O Taleb�, que imp�s uma vers�o estrita da lei isl�mica em que os direitos das mulheres foram massivamente reprimidos quando governaram o Afeganist�o antes de 2001, recuperou o controle total do pa�s em 15 de agosto.
Desde seu retorno ao poder ap�s uma ofensiva rel�mpago durante a retirada de tropas americanas e estrangeiras, os militantes t�m tentado transmitir uma imagem mais moderada, prometendo direitos para mulheres e meninas e liberdade de express�o "de acordo com a lei isl�mica".
Grupos de direitos humanos, no entanto, questionam essas afirma��es e garantem que se trata apenas de uma campanha de propaganda para obter aceita��o internacional.
Nove dias depois, milhares de pessoas ainda se reuniam no aeroporto de Cabul na esperan�a de fugir do pa�s antes de 31 de agosto.
Esse � o prazo estabelecido pelo presidente dos EUA, Joe Biden, para que as tropas americanas deixem o Afeganist�o.

Embora Reino Unido, Fran�a e Alemanha tenham solicitado uma prorroga��o, Biden disse na ter�a (24/8) que o prazo foi mantido.
Outros relat�rios
O relat�rio apresentado por Bachelet na ter�a-feira n�o � o primeiro da ONU que indica potenciais viola��es dos direitos humanos pelas for�as do Taleb� no Afeganist�o.
Na semana passada, outro relat�rio a que BBC teve acesso indicou que as for�as isl�micas estavam conduzindo uma "ca�ada de porta em porta" �s pessoas em sua lista de mais procurados, principalmente aqueles que colaboraram com os EUA e com as for�as da Otan, a alian�a militar ocidental.
O documento confidencial foi produzido pelo Centro Noruegu�s de An�lise Global, que fornece informa��es de intelig�ncia para as Na��es Unidas.
"O Taleb� est� prendendo e/ou amea�ando matar ou prender familiares das pessoas visadas, a menos que eles se rendam", diz o documento.
De acordo com o texto, os que correm maior risco s�o os que ocupam cargos em unidades militares, policiais e de investiga��o.
"O Taleb� tem feito um mapeamento avan�ado de indiv�duos antes de assumir o controle de todas as grandes cidades", dizia o texto.
Acrescentou que os militantes estavam cumprindo estas tarefas no momento em que acontecia a evacua��o do pessoal estrangeiro do aeroporto de Cabul, mas que a situa��o continua "ca�tica".
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