Poucos meses ap�s os ataques, os Estados Unidos prenderam centenas de pessoas com supostas liga��es com a rede Al-Qaeda. Estas foram transferidas para a base naval que Washington controla na ilha do Caribe.
Eles foram rotulados de "combatentes inimigos" e presos por tempo indeterminado at� que, de acordo com o ent�o vice-presidente Dick Cheney, "a guerra contra o terrorismo acabar" - mas oficialmente o conflito ainda est� em andamento.
A maioria dos 780 suspeitos que foram encarcerados em celas semelhantes a jaulas foi libertada, muitas vezes depois de passar mais de uma d�cada na base sem nunca terem sido formalmente acusados de um crime.
Atualmente, 39 detentos permanecem em Guant�namo. A alguns deles foi prometida uma liberdade que nunca veio. Ao menos 12 s�o considerados por Washington como l�deres perigosos da Al-Qaeda, incluindo Khalid Sheikh Mohammed, o alegado mentor dos ataques de 11 de setembro.
- Justi�a "ad hoc" -
Sob a presid�ncia de Joe Biden, os procedimentos legais foram retomados ap�s um atraso causado principalmente pela pandemia de covid-19.
Em 7 de setembro, ap�s um hiato de 17 meses, as audi�ncias pr�-julgamento para Mohammed e outros quatro ser�o retomadas, quatro dias antes do 20� anivers�rio dos ataques.
Mas n�o h� certeza de que um veredicto ser� alcan�ado para os cinco antes do 21� anivers�rio dos ataques, em 2022, ou no 21�, em 2023.
O sistema de comiss�es militares que supervisiona os 12 r�us da Al-Qaeda provou ser ca�tico, pesado e muitas vezes contr�rio � lei dos Estados Unidos, a ponto de em 20 anos apenas duas pessoas terem sido condenadas.
Benjamin Farley, um advogado do Departamento de Defesa que representa um dos cinco r�us no julgamento de 11 de setembro, chamou as comiss�es de "um experimento caro e fracassado da justi�a ad hoc".
Marcado por acusa��es de que o governo reteve e falsificou provas e de que o contato dos advogados com os seus clientes aconteceu apenas por telefone, o processo foi marcado sobretudo pelas den�ncias de torturas brutais feitas pelos detidos.
"Acho que todos sabem que as comiss�es s�o um fracasso", disse Shayana Kadidal, do Centro de Direitos Constitucionais.
Os problemas s�o tantos que os outros 10 poderiam passar o resto de suas vidas em Guant�namo, comentou � AFP.
- Vergonha -
Guant�namo provou ser uma dor de cabe�a e um constrangimento para o governo dos Estados Unidos, que foi acusado de abusos generalizados dos direitos humanos.
Isolada em uma costa rochosa a v�rios quil�metros da principal base naval de Guant�namo, a instala��o ganhou notoriedade como resultado da opera��o da CIA para capturar membros suspeitos da Al-Qaeda e transferi-los secretamente para seus centros de deten��o clandestinos espalhados ao redor do mundo.
Nestes locais, os detentos foram submetidos - por dias, semanas e at� anos - a intensos interrogat�rios e torturas, incluindo a simula��o de afogamento conhecido como "submarino".
Foram ent�o levados para Guant�namo e o governo do republicano George W. Bush determinou que eles n�o poderiam se valer da prote��o das conven��es de Genebra ou da lei dos Estados Unidos.
Em janeiro de 2002, a base naval tinha 20 detentos, mas o n�mero disparou rapidamente para 780.
Contra a grande maioria deles, o governo carecia de evid�ncias de que tinham liga��es com a Al-Qaeda ou com os ataques de 11 de setembro.
Foram libertados em sil�ncio, embora alguns tenham esperado 10 anos.
Uma noite, em 2006, tr�s prisioneiros foram encontrados enforcados em suas celas. Seus carcereiros alegaram "suic�dios coordenados", mas surgiram evid�ncias de que haviam sido mortos por aqueles que os interrogavam.
- Ferramenta de propaganda -
Quando o democrata Barack Obama assumiu a presid�ncia em janeiro de 2009, ainda havia cerca de 240 detidos.
Um alto funcion�rio de seu governo disse na �poca que a pris�o n�o era apenas uma vergonha para a reputa��o dos Estados Unidos, mas tamb�m uma "ferramenta de propaganda" para os jihadistas.
Uma das primeiras a��es de Obama foi ordenar o fechamento de Guant�namo dentro de um ano. Mas legisladores republicanos bloquearam o fechamento no Congresso, o que deixou os detentos em um limbo jur�dico.
Obama, no entanto, pressionou para liberar a maioria e apenas 41 detentos permaneciam no local quando Donald Trump assumiu o cargo em janeiro de 2017.
Em vez de continuar com as liberta��es, Trump as congelou e amea�ou encher mais celas de Guant�namo com combatentes do grupo Estado Isl�mico capturados no Iraque e na S�ria.
Biden, que era vice-presidente de Obama, foi a favor do fechamento da pris�o. No entanto, segundo analistas, ele n�o seguir� o mesmo caminho de Obama, visto que fracassaria novamente na tentativa.
Em maio, as comiss�es militares retomaram as audi�ncias e, desde ent�o, Biden tem tentado pressionar pela liberta��o silenciosa daqueles que n�o ser�o julgados.
Publicidade
WASHINGTON
Guant�namo, onde os EUA ainda travam a guerra contra o terrorismo
Publicidade
